A insuficiência de bolanhas em condições propícias para o cultivo do arroz e de tractores são algumas das grandes preocupações dos agricultores da Região de Cacheu, manifestadas pelos próprios durante a visita que o ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural efetuou à zona, entre os dias 13 e 15 deste mês.
Esta é apenas uma das etapas que Abel da Silva Gomes fez para constatar de perto e conhecer a realidade agrícola do país, com vista a propor ao governo uma política e ações concretas para “desencravar a agricultura”.
Nessa região nortenha, o ministro esteve, pelo menos, em mais de 10 bolanhas, onde recebeu explicações detalhadas sobre diferentes problemas que os camponeses enfrentam, sobretudo no que se refere à degradação dos diques de cintura, que leva ao abandono de alguns locais, uma vez que isso permite a penetração de água salgada.
No entanto, os agricultores da área pediram a intervenção das autoridades competentes a fim de ultrapassar a situação da falta de materiais para a prática agrícola, tendo em conta também que a Região de Cacheu conta apenas com sete tratores, incapazes de satisfazer as suas necessidades.
Em declarações aos jornalistas no final da visita, o ministro afirmou que a mesma permitiu constatar que há falta de tratores no terreno (havendo mesmo conflito de quem deve alugar). Abel da Silva constatou que a tendência está a inverter-se, ou seja, as pessoas já estão a sair do planalto para as bolanhas, porque estão sentindo que o caju não está a ser uma solução imediata. “A inversão desta tendência deve merecer a atenção do governo”, alertou.
Ele prometeu estar sempre no terreno para constatar de perto a situação agrícola, evitando “ficar simplesmente nos gabinetes”, onde corre riscos de receber informações falsas.
“É preciso que o Estado intervenha em profundidade no setor agrícola e preste uma eficaz assistência necessária. Não podemos deixar os agricultores ao seu bel-prazer, praticar a agricultura tradicional num mundo moderno. É preciso a intervenção das autoridades para que se possa fazer uma agricultura modernizada. Só o trabalho manual não é suficiente para alimentar a nossa população”, avisou.
O governante fez saber que os técnicos aconselham para se aproveitar a recuperação e o ordenamento das bolanhas correspondendo, assim, à procura que as mesmas estão a ter por parte dos camponeses.
Na qualidade de ministro da área, Abel da Silva disse que, neste momento, está a sensibilizar a população no sentido de abraçar a lavoura, aproveitando os campos onde a prática agrícola ainda é possível. Por isso, o Ministério colocou à disposição dos camponeses 60 tratores a nível nacional (embora seja um número insuficiente) e distribuiu sementes de mancara, arroz, feijão, milho e outras para a diversificação das culturas.
O titular da pasta da Agricultura e Desenvolvimmento Rural garantiu que vai seguir a par e passo as atividades dos agricultores no campo. Ele aproveitou para apelar à ONG e os projetos detentores de máquinas, doadas pelo Ministério, a colocá-las à disposição dos lavradores, porque se descobrir equipamentos do género deixados em sedes das organizações, vai tomar medidas duras contra os mesmos.
O governante anunciou que, nos próximos tempos, o ministério irá convocar empresas privadas e ONG que atuam na área da agricultura para concertar posições e harmonizar as suas ações.
Relativamente às organizações que alegadamente contratam empresas para a execução de obras que, muitas vezes, são mal executadas, levando o país a perder milhões de francos CFA, o ministro determinou que antes de qualquer trabalho do género deve-se contactar a estrutura governamental competente, através da Direção-Geral de Engenharia Rural, para verificar a componente técnica das obras.
Neste sentido, ele disse que há necessidade de reorganizar a situação, porque existem tentativas de recuperação de bolanhas sem estudo pedológico.
O conselheiro técnico principal do ministro deixou algumas indicações à população de Gã Jandi, aconselhando que não se pode fechar bolanhas sem a devida orientação do Ministério. Rui Nené Djata referiu que os agricultores precisam de acompanhamento de técnicos para evitar o corte de mangais, que têm múltiplas vantagens. Criticou a forma como foram construídas as três pequenas barragens naquela localidade e deixou orientações de como reparar a obra.
Acompanhou o ministro nesta sua digressão ao norte do país uma vasta equipa do seu gabinete constituída do seu conselheiro técnico principal, dos diretores-gerais da Agricultura, da Engenharia Rural, da Pecuária e do Gabinete de Planificação Agrária (Gapla), bem como do inspetor-geral do Ministério.
Por: Ibraima Sori Baldé