Agricultores de Bigene procuram alternativas ao caju

Devido à queda acentuado do preço da castanha de caju ao produtor registado nas últimas duas décadas, um grupo de agricultores do Setor de Bigene, composto por cinco elementos, decidiu criar, em 6 de abril de 2010, a Cooperativa Bouwondena (CB).

A iniciativa visa encontrar um mecanismo de resposta aos problemas ligados à comercialização da castanha de caju, procurando alternativas e o melhor mercado.

Depois de uma análise aturada sobre o assunto, o grupo entendeu que era necessário organizar os agricultores em cooperativas ou associações, para encontrar soluções a essa problemática.

Antes de surgimento da Cooperativa Bouwondena, havia outras organizações de camponeses, que viriam a fundir-se numa única cooperativa, tornando-a mais forte e com maior credibilidade.

Após a criação da CB, conseguiram estabelecer uma parceria com SNV, o que permitiu à organização ter personalidade jurídica, através de legalização no Cartório Notarial, Porém, no início enfrentou muitas dificuldades.

O passado seguinte consistiu na formação do pessoal dirigente e operadores em matéria de produção de sumo e licor de caju, néctar de mangas e no processamento da castanha.

Em relação a essa última atividade, a cooperativa deixou de o fazer, porque acarreta muitos custos. Além dessa situação, também enfrentam dificuldades relacionadas ao pagamento de salário, devido à improdutividade da fábrica. Uma outra situação tem a ver com a comercialização da amêndoa, “e se não houver mercado, a cooperativa terá que arcar com as consequências”.

Criação de oportunidades

O presidente do Conselho da Administração da CB, António Pereira Batista, disse que graças a um projeto do Banco Mundial (BM), através de Cooperativa Agropecuária de Jovens Quadros (COAJOQ), conseguiram um financiamento, que foi aplicado na reabilitação de alguns pomares.

Segundo aquele responsável, depois do trabalho feito, a cooperativa passou a ter uma parceria com a unidade de processamento da castanha “Ary África” de Bula.

Por outro lado, António Pereira destacou a qualidade dos produtos fabricados pela Cooperativa Bouwodena, pelo que não receia qualquer concorrência no mercado.

Informou igualmente que a cooperativa pode retomar, a qualquer momento, as atividades do processamento da castanha, graças ao apoio do Projeto Urgência da Segurança Alimentar (PUSA), que já manifestou o interesse em ajudar as cooperativas agrícolas do país com equipamentos, e que brevemente vai iniciar o processo de avaliação.

Suspiro de alívio

O presidente do Conselho da Administração da CB disse que com anúncio desse apoio, a sua cooperativa já começou a fazer diligências junto dos seus membros, solicitando no sentido de cada um participar com 80 quilogramas de castanha. De igual modo, a ONG Shelter For Life garantiu a disponibilização de três milhões de francos CFA para financiar algumas cooperativas.

Entretanto, disse que a ambição da Cooperativa Bouwondena é de melhorar a vida dos agricultores e criar oportunidade de emprego para jovens. “Há uns meses, 60 elementos da cooperativa, na sua maioria mulheres, beneficiaram de formação através do Fundação para o Desenvolvimento Empresarial e Industrial (Fundei), no quadro de um projeto do Banco Oeste Africano do Desenvolvimento (BOAD), no domínio de aproveitamento de pedúnculo e no processamento da castanha e derivados de caju.

“Dar empregos aos jovens, significa combater a delinquência e a pobreza na zona. Hoje já temos raparigas e rapazes que sustentam seus estudos, graças à oportunidades proporcionadas pela cooperativa”, enfatizou.

César Cumuca (colaborador)

About The Author