A Região de Gabu, situada no leste da Guiné-Bissau, concretamente cerca de 200 quilómetros da cidade Bissau, apresenta uma situação dos direitos humanos preocupantes, tendo em conta as variedades de violações cometidas aos jovens e às mulheres, assim como o sistemático roubo de gado e de motorizadas.
Conforme Odete Aua Si, membro do gabinete jurídico de Mulher e Criança da Liga Guineense dos Direitos Humanos da região e do grupo de mães acolhedoras, as meninas são dadas em casamento em idade muito precoce e quando ficam grávidas, acabam por morrer no parto, devido a não amadurecimento dos órgãos.
Referente ao roubo de gado, disse que agora virou moda de os ladrões irem de carro e atacam um coral, levando tudo que lá encontrarem. Os proprietários, muita das vezes, recorrerem à justiça mas sem sucesso, o que os levam a fazer justiça com as próprias mãos.
Por outro lado, contou a reportagem do Jornal Nô Pintcha que, também nesta região, o roubo de motorizadas acontece com frequência, o que neste particular teve envolvimento das autoridades. “ Os ladrões andam com chaves por todo o lado. Quando uma pessoa estaciona a sua motorizada, ao voltar já não a encontra e logo fica com a chave na mão”, revelou.
Aquela responsável explicou ainda que o caso é de conhecimento das autoridades da região, mas até este momento nada foi feito, porque, segundo disse, alguns elementos da autoridade estão envolvidas no assunto.
Mães acolhedoras
As mulheres também violam os direitos humanos, pois regularmente o grupo de mães acolhedoras da Região de Gabu recebe queixas dos maridos e consequente receção dos filhos abandonados pelas mães por motivos vários, com destaque para a falta de condições financeiras, divórcio e desânimo.
Aua Si lembrou que faz parte de grupo de três mulheres que constituem mães acolhedoras, criada pela ONG Manitese, tendo em conta vários casos de abandono de crianças que têm acontecido na região.
Mais adiante, disse que, infelizmente, o financiamento durou apenas um ano. Porém, continuam a trabalhar empenhamento, colhendo menores vítimas de casamento precoce e forçado, crianças abandonadas pelos países, entre outros.
“O último caso que recebemos é de uma mãe originária de Guiné Conacri que decidiu abandonar o seu filho de 11 meses, por querer terminar o relacionamento com marido da mesma nacionalidade. Tentou de várias formas tirar a vida à criança, levando-a para o porto, para estrada, assim como deixando-a sozinha fechada num quarto”, denunciou.
Por último, acrescentou, o pai decidiu levar a menina para o tribunal, logo fui chamada para a receber e agora se encontra bem.
Também, falou de uma mulher ainda não identificada, que colocou um feto numa mala térmica e deixou no cemitério. Passaram dias, um grupo de mulheres que iam para a bolanha, depararam-se com a situação, que viria chocar toda a comunidade regional, tendo em conta que há mulheres a procura de filhos.
Agressões físicas
No que se refere às agressões físicas, Odete Aua Si afirmou que diminuiu e muito, tendo em conta as sucessivas sensibilizações feitas nas bancadas, facto que lhes permitiram associar-se às diferentes organizações da sociedade civil da região.
Falando da inclusão, explicou que a instituição que dirige está a trabalhar nesta matéria. Neste momento, contabiliza-se uma quantia significativa de pais que mandam os filhos deficientes para a escola, ao contrário dos tempos passados em que havia muita discriminação.
Esse projeto, conforme a ativista Si, conta com o financiamento do PLAN Internacional, com o qual construíram algumas escolas com rampas, facilitando o acesso desses estudantes.
Texto e foto: Elci Pereira Dias