Operadores turísticos atribuem estrelas sem critérios

O presidente da Associação dos Operadores Turísticos e Similares da Guiné-Bissau afirmou que o país enquanto membro da UEMOA, deve basear a classificação hoteleira em critério comunitário, mas infelizmente a distinção de estrelas é feita pelos próprios investidores.

“Acho que este problema será resolvido brevemente, porque o Ministério do Turismo está a trabalhar nesse sentido, com o envio de técnicos para treinamento no estrangeiro, nas áreas de classificação hoteleira”, anunciou Jorge Paulo Cabral.

Jorge Paulo Cabral acrescentou, igualmente, que a UEMOA está a trabalhar num programa, tal como a Associação de Operadores Turísticos e Similares que serão uniformizados e implementado a nível regional.

O presidente da Associação dos Operadores Turísticos e Similares defendeu, em entrevista ao Nô Pintcha, a necessidade do Governo a adotar uma política de acompanhamento e incentivo aos investidores turísticos.

Jorge Paulo Cabral disse que o executivo deve beneficiar os investidores com pequenas isenções fiscais, independentemente de alguns não serem profissionais do setor. Por isso, felicitou os operadores nacionais pela coragem de assumir o desafio e riscos para investir no país. Aliás, sublinhou que esse tipo de investimento deve merecer uma atenção especial do Estado.

Paulo Cabral explicou que o turismo é um setor transversal fundamental para a promoção da imagem do país, atuando no setor social capaz de resolver problemas de cariz sociais e entusiasma o investimento estrangeiro.

Para que o país possa tirar proveito desse setor é preciso que o executivo coloque o turismo na lista de prioridade da sua ação.

“O turismo é uma coisa muito abrangente, tendo a Guiné-Bissau a destacar com frequência o registo do turismo de negócio e de saúde. Este último praticado pelos cidadãos da sub-região que veem procurar serviços sanitários, em duas unidades de saúde de referências em África, para o tratamento de lepra e tuberculose” explicou.

Bijagós continuam a ser melhor destino

Questionado sobre o fluxo turístico e sua orientação, Paulo Cabral sorridente respondeu que tradicionalmente muita gente acha que turista é pessoa que viaja de Europa para África ou para Guiné-Bissau e que tem poder económico. Mas, na realidade turista é uma pessoa que se desloca de um lugar para outro, para um determinado período.

“A nível nacional regista-se mais o turismo de negócio, através das deslocações e organização de feiras populares (Lumo), mas a reflexão recai apenas no turismo clássico”, explicou Cabral.

Em relação às zonas mais procuradas do país, Paulo Cabral apontou perentoriamente a Região de Bolama Bijagós sendo zona mais procurada no país, sobretudo pelos turistas estrangeiros.

Covid-19

O presidente da Associação de Operadores afirmou que a maior dificuldade que a sua instituição enfrenta, neste momento, refere-se ao relançamento pós Covid – 19, defendendo que o coronavírus atingiu negativamenter o setor turístico. A seu ver, os operadores do setor não beneficiaram de nenhum financiamento do Estado como aconteceu em muitos países do mundo, mas mesmo assim estão a retomar paulatinamente as suas atividades.

“Com isso, estou a dizer que muitos trabalhadores continuam ainda em casa, porque os serviços continuam a funcionar ao mínimo”, lamentou, reafirmando que o mês de Ramadão veio complicar ainda mais a situação que se esperava retomar gradualmente. No final do mês de fevereiro, houve movimentações turísticas e havia sinais positivos, mas infelizmente a coincidência do mês de Ramadão com este período não facilitou o setor na sua recuperação.

Identificação de empreendimentos 

“A nossa prioridade, neste momento, é atualizar a lista dos estabelecimentos hoteleiros e restauração para poder ter a noção exata dos empreendimentos que operam no setor, pelo que estão a mobilizar fundos junto dos parceiros para poder concretizar o plano”, apresentou.

Caso isso se concretize, Paulo Cabral afirmou que vão estar em condição de apresentar ao Governo uma proposta de reestruturação do setor turístico nacional, porque na verdade alguns empreendimentos retomaram o serviço com um número reduzido de trabalhadores, devido à falta de clientela.

Acrescentou que muitas das vezes a realidade do setor mostra que as coisas não estão bem, porque o investimento turístico não se recupera em curto espaço do tempo, por isso, é que o Governo deve criar uma política para beneficiar aos investidores com algum período de graça.

Outra questão interessante que levantou é o salário mínimo nacional praticado que não ajuda em nada, pelo que os consumidores acabam por colocar a restauração no segundo plano.

Nesta ordem de ideia, disse que é preciso reorganizar e promover o setor turístico para que seja conhecido como um destino, assim poderá evoluir à semelhança de outros países.

Aliás, há toda uma necessidade do Estado reduzir as taxas, pensando na sua potencialidade que a curto prazo, se for bem organizado, poderá ser a alavanca da economia nacional, através da criação de emprego direto e indireto.

Prato nacional na ementa

Quanto ao prato nacional na ementa, Jorge Paulo Cabral explicou que a decisão do Governo de introduzir o prato tradicional nos menus dos hotéis está a ser respeitada, mas defendeu que a solicitação deste prato é muito reduzida. Aliás, a preparação de um prato nacional é mais caro que um prato europeu, facto que leva os consumidores a preferir preparar comidas tradicionais em casa ou fazer encomenda ao conhecido, ao invés de ir buscá-los nos hotéis ou nos restaurantes.

Seco Baldé Vieira

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