O diretor-geral do Instituto Nacional de Estatísticas (INE) anunciou estar em perspetiva a realização, ainda neste ano, do quarto recenseamento geral de população e habitação, que já se encontra em fase de preparação.
Em entrevista ao Nô Pintcha, Roberto Vieira revela que haverá inovação no que diz respeito à cartografia que, segundo ele, terá a duração de 10 meses e passa a ser digitalizada, deixando de se usar os métodos manuais, para acompanhar a nova tecnologia de informação e comunicação.
Segundo normais internacionais, o recenseamento geral de população e habitação ocorre de 10 em 10 anos, sendo que, no país, nunca se respeitou essa periodicidade. O processo realizou-se em três ocasiões, nomeadamente em 1978, 1991 e o último aconteceu em 2009.
Ora, questionado sobre o que falhou para que não tivesse havido recenseamento em 2019, como deveria ter acontecido, apontou a falta de meios, lembrando tratar-se de “uma operação vasta e que acarreta custos”. Neste sentido, explicou que tem que ser feita uma advocacia para a criação de fundos junto dos parceiros financeiros.
Entretanto, citando um estaticista, diz que “há pequenas mentiras, há grandes mentiras e há estatísticas”. O DG respondia assim a questão sobre o verdadeiro número da população guineense, a qual disse que estava em 1.747.193 habitantes até final do ano passado, dos quais 828.322 homens e 918.871 mulheres.
Mais de dois milhões em 2030
O Nô Pintcha tentou saber como é que se pode determinar o número dos habitantes sem que se tenha feito recenseamento, Roberto Vieira conta que recorre-se a um método de cálculo chamado de “projeção da população”, que tem três cenários: pessimista, otimista e tendencial ou médio. Neste caso, indicou que, em colaboração com os parceiros da sub-região, o INE tem já um trabalho feito para o período de 2014 a 2063.
Por exemplo, de acordo com a mesma projeção, a população guineense irá atingir 1.781.308 habitantes este ano (842 267 homens e 939 041 mulheres), ela será de 2.053.621 em 2030 (959 393 homens e 1.094.228 mulheres) – correspondente ao prazo dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, e chegará aos 4.410.199, em 2063 (2.112.557 homens e 2.297.642 mulheres), ano que corresponde ao prazo dos objetivos da União Africana.
Por outro lado, considerou o recenseamento da população e habitação como uma operação estatística mais importante e exaustiva, porque permite saber quanto e como somos.
Falando sobre o funcionamento da sua Dierção-Geral, fez saber que a Lei Base do Sistema Estatístico Nacional e o Regulamento Interno do INE já foram aprovados, pelo Conselho de Ministros, respetivamente em 2007 e finais de 2022, faltando apenas o Estatuto Orgânico para completar o quadro legal da sua instituição.
Disse que o Sistema Estatístico Nacional é composto pelo INE e os órgãos delegados, que são as estatísticas dos diferentes ministérios setoriais (anteriormente chamados de gabinetes de estudos).
O dirigente informou que, para os próximos tempos, está também prevista a abertura de delegacias regionais do Instituto Nacional de Estatísticas, cuja efetivação depende da aprovação do Estatuto Orgânico pelo coletivo governamental, após um parecer do Ministério das Finanças.
Dificuldades
Além da falta de meios financeiros, o diretor-geral aponta também a insuficiência de recursos humanos como outra das principais dificuldades com que se debate o INE. “Precisamos de recursos humanos no sentido de saber fazer, com quadros capacitados, porque a nossa missão é produzir estatísticas em diferentes setores. Aquilo a que chamamos de ramos de atividades do país, para permitir aos decisores (políticos, estudiosos, investigadores e outros) tomar decisões sólidas”.
Mais uma vez, parafraseando um estaticista, disse: “se puderes ilustrar aquilo que falas através dos números, é porque sabes alguma coisa do assunto. Caso contrário, o teu conhecimento é escasso e pouco satisfatório”. Por outras palavras, isto é dizer que o mandato da sua instituição é de facultar dados para que os dirigentes nacionais possam traçar políticas nos respetivos setores.
Mas, para que isso seja uma realidade, o instituto precisa de pessoas capazes. Por isso, perspetivam lançar um concurso público para o recrutamento de pessoal, com vista a dar ao INE e ao Sistema Estatístico Nacional um valor acrescentado para responderem cabalmente a sua incumbência. Lembrou que tudo isso e mais outras ações, dependerão da aprovação do Estatuto Orgânico pelo Governo.
Ibraima Sori Balde