Uma missão do Banco Mundial de apoio ao Projeto de Urgênncia de Segurança Alimentar (PUSA) esteve no país, na semana passada, para avaliar o estado de implementação das atividades prioritárias, assim como realizar visitas aos campos dos beneficiários para tentar compreender das realizações feitas.
Foi nessa ótica que, no dia 8, a delegação chefiada por Aifa Fatimata Ndoye Niane se deslocou aos campos agíicolas de Saré Dabel e Bricama, setor de Contuboel, Região de Bafatá, para constatar in loco a realidade.
Em Saré Dabel está o campo experimental da nova técnica de produção de arroz (Sistema Intensivo Rizicola), que acarreta menos custos, poupa o tempo e traz mais rendimentos.
Comparativamente à cultura tradicional, num hectare onde se coloca 60 a 80 quilos de semente, precisa-se apenas de 6 a 7 quilos e, ainda, 8 a 10 dias contra 25 a 30 dias para o transplante. Também há a possibilidade de a filiação atingir mais de 60 espigas (perfiliação) contra os 14 habituais.
Em Bricama apostou-se mais nas hortaliças, pelo que neste ano, receberam o apoio do PUSA para melhorar as suas culturas e, por isso, as 71 mulheres beneficiárias perspetivam quadriplicar os rendimentos.
Em declarações à imprensa, a chefe da Missão do BM disse ter constatado que o impacto do projeto piloto é enorme em termos de crescimento e da extensão de produção.
Aifa Fatimata Niane adiantou que nos lugares visitados, havia produções de subsistência, com pequenas parcelas de terra e hoje graças ao apoio do PUSA, conseguiu-se aumentar a superfície de produção e estima-se que cada mulher (no caso de Bricama) possa fazer a colheita de cinco sacos de produto, vendendo num valor que varia entre 10 mil e 12.500 francos cfa. “Tendo em conta as 71 mulheres que trabalharam no espaço, isso é bom sinal. Essa multiplicação de rendimento pode contribuir também para a educação das crianças e outras necessidades sociais. Portanto, é um belo exemplo de melhoramento das condições de vida e de subsistência das populações, particularmente das mulheres”, considera.
Referiu que a técnica é largamente difundida na África Ocidental e manifesou-se contente em ver que a Guiné-Bissau começou “com uma bela etapa” e a população está a assimilar a tecnologia.
O coordenador do PUSA afirmou que este veio para apoiar comunidades mais vulneráveis e, em colaboração com as direções regionais da Agricultura, identificaram locais para a intervenção do projeto. Começou com a formação de 30 formadores, vindos de todas as regiões, com a intenção de multiplicar os ensinamentos que permitem aumentar a produção até quatro ou oito vezes.
Apa Patrão da Costa informou que o propósito é diminuir a importação de arroz, principal dieta alimentar na Guiné-Bissau, evitando levar a riqueza para financiar mão de obra noutros países.
Leonildo Cardoso, agrónomo especialista do PUSA, garantiu que, criadas todas as condições, poderá-se produzir até três vezes por ano. Mas para isso é preciso que o Estado intervenha, apoiando no ordenamento das bolanhas, o que permitiria que dentro de 30 anos os lavradores só tenham de se esforçar um pouco para ter muito arroz.
Satisfeitos com a visita, os camponeses mostraram-se esperançados em fazer melhor colheita de sempre. Aproveitaram para pedir mais apoios do Estado, nomeadamente de tratores e ordenamento dos espaços agrícolas.
O PUSA, que funciona desde 2021, deveria terminar em junho deste ano, mas foi prorrogado até março de 2024, para permitir a sua execução alcançar os indicadores dos resultados esperados.
Ibraima Sori Baldé