Trinta e três jornalistas da Guiné-Bissau, Gâmbia e do Senegal participam, em Ziguinchor, entre os dias 13, 14 e 15 de dezembro, numa ação de formação subordinada ao tema “Papel dos mídias na segurança transfronteiriça e a estabilidade da Senegambia Meridional”.
O encontro, organizado pela Fundação Konrad Adenauer Stiftung, da Alemanha, em parceria com o Centro de Estudos da Ciência e Técnicas de Informação (CESTI) e a Confederação Nacional das Organizações da Imprensa da Guiné-Bissau (CNOI), tem como objetivo criar um espaço de partilha de experiências e informações entre os profissionais calejados e professores da Universidade Cheikh Anta Diop.
Durante a formação, os jornalistas debatem temas, nomeadamente: mídias, conflito e segurança humana; papel dos mídias na segurança transfronteiriça; tratamento de informação relacionada à segurança transfronteiriça; perigo da Fake News na comunicação; relação entre os mídias e as forças da defesa; segurança para a paz fronteiriça e a experiência de um jornalista de um país em conflito.
Finalmente, criam três de trabalho entre jornalistas da imprensa escrita, da rádio e da televisão para simular uma reportagem sobre a segurança numa das zonas de insegurança, que no final é apresentada à plenária em Power Point.
Em declaração ao Jornal Nô Pintcha, à margem da abertura, Mamadou Ndiaye, diretor do Centro de Estudos da Ciência e Técnicas de Informação (CESTI) afirmou que a primeira virtude de um jornalista é a responsabilidade, acrescentando que jornalistas são elementos importantes para a manutenção da paz e segurança esteja onde estiver.
Mamadou Ndiaye defendeu que os profissionais dos mídias devem trabalhar para a perenização da paz.
“A população tem o direito de ser bem informada, sobretudo através de informação correta e credível para melhor organizar a sua agenda e decidir o que fazer”, concluiu o diretor do CESTI.
Por sua vez, Caroline Houptmann, representante residente da Fundação Konrad Adenauer Stiftung, disse que a referida formação enquadra-se no âmbito da política de manutenção da paz e segurança transfronteiriça nos espaços comuns dos três países, tendo em conta a importância dos mídias são no processo.
Hauptmann acrescentou que o seminário permite os participantes interagirem-se e partilhar as experiências na abordagem de informações, sobretudo quando se trata da reportagem jornalística e do jornalismo de investigação no contexto da segurança transfronteiriça.
A responsável alemã admitiu que seria muito bom mobilizar meios económicos e financiar diferentes iniciativas de reportagens e investigação jornalística para melhor abordagem e contribuir na manutenção da paz e segurança nas respetivas fronteiras, mas devido à atual conjuntura é difícil mobilizar fundos para o efeito.
Caroline Hauptmann lembrou que atualmente a imprensa transformou-se em empresas de negócios, pelo que não se pode esperar grandes serviços ou específicos sem uma contrapartida, salvo órgãos públicos que são suportados e financiados pelos respetivos Estados.
“Os mídias privados, municipais e comunitários são novos modelos de negócios, portanto são difícil para um órgão ou jornalista consiga fazer uma reportagem sem apoios financeiros. Aliás, informou que a sua fundação assinou um acordo de parceria de logo termo com alguns órgãos de comunicação social senegalesa”, confessou Hauptmann.
Questionada sobre essa experiência, a responsável explicou que a nível da região meridional esta é a primeira experiência, mas já organizaram programas similares no Sudoeste do Senegal, na Região de Kedigou, uma zona importante que faz fronteiras com o Mali e a Guiné Conacri.
“A realidade naquela zona é um pouco diferente dessa região, porque a preocupação naquela zona centra-se na questão do tráfico e migração, tendo em conta que é uma zona potencialmente comercial.
Em relação aos resultados da formação, Hauptmann disse esperar que os jornalistas saiam desse seminário mais profissionais na abordagem dos assuntos e que estejam à altura de contribuir ainda mais com informações corretas e transparentes. Acima de tudo que sejam elementos fundamentais para a prevenção dos conflitos e a segurança nas respetivas zonas, assim como contribuir para a promoção da democracia.
Seco Baldé Vieira, enviado especial