O Hospital Regional “Arafan Mané”de Buba funciona há mais de uma semana sem diretor-geral, devido ao despacho do ministro de Saúde que suspendeu todos os técnicos nomeados em 2021, em cumprimento da deliberação saída de uma reunião do Conselho de Ministros, a qual suspendeu admissão nos setores de saúde e educação.
Além dessa situação, esse centro não dispõe de uma ambulância para evacuação de doentes.
A informação foi confirmada pelo delegado Regional de Saúde, Patrício Digana Sanhá, que revelou ter dado conhecimento ao ministro da tutela sobre o assunto e, também, endereçaram uma carta, pedindo nomeação urgente de um novo diretor-geral.
O mesmo facto foi também confirmado pelo administrador do hospital, Micael Manuel Nanque, segundo informou o enfermeiro chefe e administrador que assume a função do diretor-geral, isto para permitir que o hospital funcione plenamente.
Micael Nanque confessou que mesmo com esse esforço que está ser feito ainda existe a necessidade de nomear um novo diretor-geral.
“Estamos a deparar com dificuldades enormes. Imagine só, uma pessoa para exercer duas funções num só dia é difícil. Lamento muito, o que aconteceu com o nosso diretor, mas como médico, isso não deve e nem pode afetar o nosso juramento de salvar vidas”, salientou.
Doentes trocam hospitais para cura tradicional
E sobre a greve decretada pelos dois sindicatos, do setor de saúde e educação, frente comum, deixou alguns serviços do Hospital Regional de Buba paralisados, facto que está a deixar uma certa inquietação aos utentes.
Micael disse que essa situação desmotiva a população e incentiva os pacientes a procurarem outro tipo de tratamento.
Disse que com a greve em curso, passaram atender somente casos de emergências, tendo afirmado que essa greve está a afetar o funcionamento do hospital.
O administrador disse que a greve aconteceu no momento em que enfrentam o aumento de caso de paludismo na zona, e se essa situação continuar para mais alguns dias pode ser fatal.
Na explicação de Micael Nanque, o Hospital Arafan Mané, além de atender a população da Região de Quinará, também é frequentada pela população de Bolama Bijagós.
Nesse sentido, apelou ao Governo, no sentido de tomar medidas urgentes para travar a paralisação nos setores de saúde e educação, porque vai ter um impacto negativo no quotidiano das populações.
Fenda Mané um dos acompanhantes de doente, disse que levou seu sobrinho para hospital a fim de ser tratado, mas com a situação de greve não tem outra alternativa a não ser de levá-lo para cura tradicional.
“Ouvimos nas rádios programas de sensibilização sobre a importância de procurarmos sempre centro de saúdes para tratamento, mas com esse tipo de comportamento não vale a pena. É melhor nos deixar naquilo que nos habituamos”, desabafou.
Fraca capacidade de internamento
O Hospital Regional funciona com serviços de ecografia, estomatologia, laboratório, bancos de urgência e de sangue, bloco operatório, entre outros.
Micael Manuel Nanque disse que dada a dimensão do centro estão a precisar de mais médicos para colmatar alguns vazios, tendo informado que até ao momento só funciona com um médico.
Um outro problema com que depara aquela unidade hospitalar tem a ver com a falta de salas para internamento de doentes de diferentes patologias. “Um Hospital Regional só tem 29 camas para hospitalizar os pacientes. Há casos em que os homens e mulheres são internados na mesma sala”, lamentou.
O administrador manifestou a intenção de aumentar mais pavilhões no hospital para satisfazer as necessidades da população, porque a procura é superior à oferta.
No bloco operatório caso mais atendidos são as cesarianas e, nesse momento, estão a diligenciar para alargar atendimento para os casos de noma e quisto, aliás, já fizeram experiencia com noma e deu certo.
Falta de luz elétrica e ambulância
O responsável explicou que o hospital funciona com uma certa dificuldade no que toca ao fornecimento de luz elétrica, porque a corrente não é suficiente para fazer funcionar alguns equipamentos, principalmente no bloco operatório.
De acordo com o administrado, o hospital trabalha com painéis solares e esses não têm capacidade de fornecer corrente suficiente.
Além desse problema de corrente elétrica, há um outro ligado à falta de ambulância. Segundo a sua explicação, trabalhavam com uma que veio na altura da Covid-19 e, depois dessa luta, essa viatura voltou para Bissau.
Assim, disse que não compreende por que razão aquela ambulância foi parar em Bissau, e o mais caricato de tudo, não está a fazer nada. Perante essa situação, são obrigados a recorrer ao carro do delegado Regional de Saúde em caso da necessidade evacuação de doente.
Micael informou que nesse momento o hospital funciona sem segurança devido a um problema interno no comando da polícia. “Essa situação nos deixa preocupados, porque a qualquer hora os malfeitores podem assaltar o centro. Por isso, apelamos que seja ultrapassado esse diferendo”, lastimou.
Alfredo Saminanco