O hospital “Amizade Sino-guineense”, vulgo “Hospital Militar”, não atende somente os problemas de saúde dos militares, mas também os civis e, neste momento, aquele hospital precisa de manutenção urgente, como tal como feito no “hospital Simão Mendes”, devido ao estado paulatino de degradação em que o edifício se encontra.
O alerta foi feito pelo chefe de Divisão de Saúde Militar, Capitão Mar e Guerra, Quinhin Nantote, numa entrevista exclusiva ao Nô Pintcha.
Aquele oficial militar apelou ao governo para prestar atenção também ao Hospital Militar a “semelhança do investimento feito noutras instituições hospitalares.
Nantote demonstrou que no período dos boicotes dos técnicos de saúde a situação foi assegurada pelos técnicos de saúde militar, que foram requisitados a assegurar o atendimento dos pacientes que recorriam a esse serviço no Hospital Nacional Simão Mendes.
Questionado sobre qual é o estado de saúde militar, este responsável confirmou que o estado da saúde militar “espelha o estado de saúde pública na sua totalidade”. No entender de Quinhin, se a saúde pública não está bem significa que saúde militar está nos piores.
A título de exemplo, Forças Armadas dispõe de um Centros de Saúde de Ramos e Postos de Saúde situados em zonas militares com condições deploráveis, ao contrário do hospital militar principal que teve muitos apoios da República Popular da China e Marrocos.
Aquele militar apelou ao governo à oferecer apoios aos referidos postos médicos de ramos em estruturas e materiais, de forma a puderem funcionar em autonomia total, evitando-se transferência frequentes dos doentes.
Certificou que no quadro dessa formação, Portugal ofereceu camas e uma ambulância disponível para evacuar pacientes, em caso da necessidade, dos três postos médicos de ramos.
“Portanto, cada um destes postos deveria ter uma ambulância própria para fazer face a sua necessidade e uns equipamentos que podiam servir para cirurgia e de pequeno laboratório”, acautelou.
Esclareceu que em alguns países lusófonos os aparelhos de raio x móveis são de fáceis de encontrar nos circuitos das estruturas militares, razão pela qual há toda uma necessidade de equipar os postos de saúde militares as mais distantes de capital Bissau.
Disse que o seu apelo enquadra-se na perspetiva de que há assuntos de segredo militar que não devem ser do domínio público.
De um lado, lamentou, igualmente, o facto da contínua deterioração da saúde militar comparativamente com o período da luta de libertação nacional.
Contudo disse verificar-se uma ligeira melhoria no apetrechamento do hospital Militar Principal em detrimento de outros centros de saúde militar e postos médicos, pelo que isso é positivo na perspetiva de que tratam todos os pacientes transferidos dessas pequenas unidades.
Soluções das dificuldades nas mãos do Governo
Em relação a resolução das dificuldades da saúde militar, o chefe da Divisão de Saúde Militar afiançou que essas ultrapassam seu departamento por ser uma estrutura sob dependência do Executivo.
Lembrou que no momento em que se registou sucessivas ondas de greves nos hospitais do país, a maioria da população recorria aos serviços de atendimento do hospital militar ao ponto de não escassear camas para internamento de pacientes, obrigando muitas famílias a preferirem colocar seus doentes no chão ao invés de levá-los para casa, porque não dispunham de um outro centro alternativo.
Evidenciou que se os centros de saúde funcionassem em pleno estariam em condição de albergar grande parte daqueles pacientes que foram colocados no chão à espera de um atendimento médico. Portanto, o mesmo podia acontecer com os populares de Mansoa, Bambadinca, Buba e de tantas outras regiões.
Assegurou que a saúde militar não trabalha só para os militares, mas sim, mais de 90 por cento para a população, provas disso, diariamente, são assistidos no hospital militar números elevados de pessoas.
Fornecedor de medicamentos
No que concerne ao estoque de medicamentos, aquele responsável disse que o hospital militar não dispõe de um fornecedor fixo de medicamentos, razão pela qual é difícil ter um estoque. Além disso, comprar medicamentos no país é muito perigoso na medida em que o grosso dos remédios que circulam são falsos.
“Uma única central de venda de medicamentos que o país tem, é o Centro de Compra dos Medicamentos (Cecome), contudo, de momento, depara com carência de remédios, facto que o leva, muitas vezes, a fornecer número menos do requisitado pelos hospitais e centro de saúde”, patenteou.
Ele assegurou ainda se recorrer as farmácias da sub-região corre risco de comprar medicamentos inadequados para uso humano.
Revelou que anualmente, a República Popular da China doa medicamentos para o Hospital Militar destinados a oferecer todos pacientes carenciados.
Quanto aos recursos humanos, o Chefe da Divisão da Saúde Militar assegurou que Forças Armadas não dispõem de escola de formação, por isso os quadros militares estudam nas universidades jean Piaget, lusófona, escola nacional de saúde e faculdade de medicina facto que ele considera preocupante.
Garantiu que a nível de assistência hospitalar a saúde militar, dentro de dois anos, terá 21 técnicos especialistas em várias áreas e serão colocados ao serviço do país não só a disposição das Forças Armadas.
Formação dos médicos militares
O Chefe da Divisão da Saúde Militar disse que a capacitação de 15 formadores médicos militares guineenses em saúde operacional enquadra-se no código da política de defesa existente entre Guiné-Bissau e Portugal relativo à ajuda militar solidária e que está a ser implementada em alguns países lusófonos.
Acrescentou que no quadro desse projeto, o setor da saúde militar está a ser privilegiado, mas com o tempo será alagado por outras áreas da Defesa Nacional.
Afirmou que a saúde operacional é uma área da medicina cujos estudantes normais de medicina não têm acesso, isto porque é uma matéria tão-só militar.
Explicou que o objetivo de formação desses quadros visa essencialmente, incutir de autonomia de multiplicar tais conhecimentos aos demais operativos nomeadamente soldados e sargentos no domínio de auto socorro na linha de frente e em eventuais sinistros.
Demonstrou que essa capacitação é extensiva também às chefias dos três ramos das Forças Armadas, tudo com o propósito de dar-lhes um bocado de noção da matéria saúde operacional.
Asseverou que dentro a saúde operacional essa emergência médica, socorro do combate e pediátrico.
A nível da extensão de cursos, o Chefe da Divisão da Saúde Militar verbalizou que houve uma formação intensiva dos técnicos de Hospital Militar, tendo em conta a pertinência de dar esses médicos e enfermeiros mais flexibilidades laborais de lidar com os pacientes.
Assegurou que uma Força Armada operacional é aquela que dispõe da capacidade de auto socorro, recuperando os feridos de guerra, razão pela qual cada militar tem de ter a aptidão pessoal de socorrer a si mesmo ou o companheiro.
Garantiu que a formação será contínua a outros setores das Forças Armadas, visto que estão a ser desenvolvido um acordo de cooperação entre um núcleo de formação guineense e português, pelo que estão em contacto permanente e até materiais didáticos partilham conforme a realidade de cada país.
Segundo ele, dentro de alguns meses serão destacados dois técnicos de núcleos para formação de dois meses em Lisboa.
De lembra que o Hospital Militar, foi inaugurado no dia 20 de agosto de 2010 e construído pela República Popular da China, graças à cooperação existente entre Bissau e Pequim. Orçado em cerca de 11.5 milhões de dólares americanos, o hospital tem capacidade para mais de 200 camas e a sua obra teve a duração de 15 meses. Tem um espaço total de 40 mil metros quadrados.
Fulgêncio M. Borges