O Centro de Pesquisa e Ensaio Agrícola de Cóli, em Quebo, criado em 1986, com uma superfície de 100 hectares está em total abandono e as máquinas quase obsoletas, situação idêntica no Departamento Hidráulico e Solo de Catio.
O centro de Cóli foi construído na altura com o objetivo de fazer ensaios de diferentes produtos agrícolas, para verificar se de facto esses iriam conseguir adaptar-se ao solo do país para depois serem lançados para cultivo.
Devido à situação em que se encontra esses dois centros, o ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, acompanhado de técnicos do seu pelouro, efetuou uma visita no dia 29 de Julho findo, para constatar in loco o estado de abandono dessas unidades agrícolas.
Centro Agrário de Cóli tem neste momento cinco funcionários para cobrir uma área de 100 hectares e provavelmente será por isso que todos os anos o fogo consome grande parte da plantação, além desse perímetro não ter sido legalizado.
De acordo com as constatações do repórter do jornal “Nô Pintcha”, aquela zona está a transformar-se numa floresta densa, por falta de uma política virada ao desenvolvimento de agricultura por parte de sucessivos governos.
Entretanto, foi essa situação que motivou o ministro Sandji Fati a deslocar-se para essas localidade, para se inteirar do real estado desses dois centros. Após a constatação, o governante ficou muito triste com o que viu no terreno.
Em declarações à imprensa, Sandji Fati disse ter ficado chocado e preocupado com o estado em que se encontra o centro de ensaio de fruticultura e vegetação.
Nesse sentido, Fati disse que há necessidade de se redobrar esforços para permitir o cumprimento da missão que norteou a sua criação – gerar melhores plantas em termos de qualidade e quantidade.
“Vi a zona de ensaio de viveiros numa degradação progressiva com algumas frutas transformadas em silvestre. De facto a escolha daquela localidade foi muito acertada, porque está perto do Rio Corubal, uma bacia de água doce favorável a prática de agricultura”, lamentou.
Sandji Fati assegurou que aquele centro vai ser recuperado para poder responder aos desafios do setor agrário, tal como foi pensado na altura da sua criação, isto para ajudar os agricultores tradicionais nas suas atividades de lavoura.
Disse que a sua luta à frente do Ministério da Agricultura é de garantir a segurança alimentar, reduzindo a pressão de importação de arroz de mais de 100 mil toneladas por ano.
Por sua vez, o diretor do Centro de Pesquisa e Ensaio Agrícola, Paulo Nacui, afirmou que o centro foi criado depois da luta armada de libertação nacional. “Aliás, chegou-se a conclusão que o país não podia continuar com a prática rudimentar de agricultura, e foi a partir desse momento que se pensou na possibilidade de criação desse centro, para fazer ensaios de diferentes plantações”, explicou.
Na sua explanação, o centro de Cóli funciona com três unidades da fruticultura, de materiais vegetais e horticultura.
“As crises cíclicas que o país viveu ao longo desses últimos anos acabaram por afetar bastante o funcionamento do centro. Há uns anos atrás, conseguimos contratar cerca de trintas pessoas para ajudar nos trabalhos, mas agora não dispomos de meios nem para contratar três. Imagine, cinco pessoas para trabalhar um campo de 100 hectares é impossível”, sublinhou.
Pediu o ministro, no sentido de usar a sua influência na recuperação e na contratação do pessoal técnico para que o centro volte a atender às demandas.
Centro agrícola transforma-se em residência
O Departamento Hidráulico e Solo de Catio transformou-se na casa de acolhimento de estudantes vindo de algumas tabancas arredores e, também, arrendam-se uma outra parte para as pessoas, divorciando assim com o objetivo para o qual foi criado.
O diretor-regional da Agricultura de Tombali, Florindo Fonseca da Silva, assegurou que a ideia era de trabalhar na orizicultura (arroz de água salgada ou de mangal), mas, infelizmente, tudo veio dar mal e o projeto em si acabou por afundar.
Segundo aquele responsável regional, o fim do projeto originou a fuga de funcionários a procura de melhores condições de vida noutras paragens. E nesse memento cedeu o centro para estudantes, Guarda Nacional e pessoal da guarda floresta.
Reconheceu que o projeto de orizicultura não conseguiu metade do objetivo preconizado, devido à falta de definição de uma estratégia clara sobre a continuidade do mesmo.
Para Florindo Fonseca aquele espaço pode ser recuperado para uma escola agrícola, com a finalidade de preparar os outros desafios agrários.
Em jeito de balanço da visita, o ministro Sandji Fati informou que a sua digressão à zona sul do país para constatar no terreno o estado em que se encontra alguns centros, foi na sequência de uma reunião do conselho técnico, com diferentes departamentos sob sua alçada.
O governante disse que ficou triste com aquilo que viu, o que de certa forma mostra que há uma contradição entre a filosofia que orientou a criação desses centros pelo governo de então com a visão dos sucessivos executivos.
“Devido a situação em que se encontra essas infraestruturas, é preciso repensar noutros projetos que possam ser rentáveis para o desenvolvimento económico do país. Essas obras não podem ser abandonadas, mesmo que a sua recuperação venha a custar muito dinheiro ao governo”, assegurou.
Alfredo Saminanco