O Presidente da República francesa efetuou, de 27 a 28 deste mês, uma visita de amizade e de trabalho a Guiné-Bissau, no decurso da qual analisou com o seu homólogo a situação da segurança na sub-região oeste africana e o estado da cooperação entre os dois países.
Durante a conferência de imprensa conjunta, Emmanuel Macron felicitou Umaro Sissoco Embaló pela sua eleição à presidência rotativa da CEDEAO, reconhecendo que o estadista guineense terá durante o novo desafio uma agenda difícil, devido à situação de (in)segurança nessa região africana.
O Chefe de Estado gaulês destacou a situação da ameaça e expansão de atos de terrorismo, a instabilidade política e multiplicação de golpes de Estado nos países membros da CEDEAO.
Por outro lado, Macron disse ter abordado com Umaro Sissoco Embaló o estado da cooperação bilateral entre os dois Estados, tendo debruçado também sobre a situação vigente no Mali, Burquina Faso e na Guiné Conacri, assim como o risco de desestabilização da África Ocidental.
O estadista francês reiterou ao Chefe de Estado guineense e Presidente em exercício da CEDEAO a determinação da França em ministrar cursos de formação, fornecimento de equipamento e acompanhamento das Forças Armadas da sub-região, com vista a fazer face à multiplicação do terrorismo na zona.
“Estados disponíveis em trabalhar nas agendas de segurança ao serviço dos Estados, política para a recuperação da liberdade retirada a certos países pela ameaça terroristas e na agenda do desenvolvimento, baseado em oportunidades educativas e económicas em benefícios das populações”, manifestou.
Disse ainda que é necessário reforçar a sinergia para melhor enfrentarem esse flagelo, razão pela qual aguarda com ansiedade que, na próxima cimeira da CEDEAO, o Presidente em exercício da organização possa discutir com os seus pares a disponibilidade e vontade da França em cooperar no combate aos grupos terroristas.
Igualmente, disse ter partilhado com Embaló a sua inquietação o nível de violência perpetrada pelos terroristas contra população civil no Sahel, assim como as ações mercenárias que ocorrem no Mali, citando o relatório das Nações Unidas.
Por outro lado, disse ter falado com o Presidente da Guiné-Bissau que tanto ele, assim como a França e demais parceiros estão ao lado da CEDEAO no que tange a operação contra o terrorismo e as violências sistemáticas direcionadas à população civil.
Cooperação bilateral
A nível da relação bilateral entre os dois países, Emmanuel Macron reiterou a sua firme condenação a tentativa de golpe de Estado ocorrida no dia 1 de fevereiro último tendo por outro lado, saudado os esforços em curso na estabilização do país e encorajou o Chefe de Estado e o Governo na luta contra o narcotráfico.
Falou da necessidade do reforço da cooperação bilateral no domínio da defesa, combate a pirataria marítima e formação militar.
O Presidente da França afirmou que os dois Estados estão a normalizar a sua cooperação que foi brutalmente interrompida com o conflito político militar de 1998.
“Estamos hoje presente na reabertura do país em direção aos parceiros internacionais para permitir a sua estabilização”, indicou, acrescentando que apesar da economia francesa ter sido atingida pela pandemia da Covid-19 e agravada ainda pela guerra na Ucrânia. Acrescentou que mesmo assim apoiou a estabilização do país em 2021 com oito milhões de euros e recentemente disponibilizou mais cinco milhões de euros para a formação de 15 jovens na escola da agronomia de Yamassoukro, Costa do Marfim.
Disse que a ideia desse apoio enquadra-se no âmbito do reforço da cooperação no domínio da produção de géneros alimentares.
Macron, visivelmente satisfeito, anunciou a abertura de uma escola francesa no país, a partir de 2023, devido à influência da língua na sub-região e da própria dinâmica de integração.
Por outro lado, disse ter sido acompanhado, nessa visita, por uma equipa de especialistas em desporto com uma ambiciosa agenda no domínio da formação, educação e reabilitação das infraestruturas desportivas.
Finalmente, reconheceu que a sua visita à Guiné-Bissau marca uma etapa histórica na relação entre os dois países, lembrando que ele é o primeiro Chefe de Estado francês a visitar o país.
Terrorismo é uma ameaça comum
Por sua vez, o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, reiterou que o Presidente Emmanuel Macron é um amigo da Guiné-Bissau, tendo sublinhado que a sua presença entre nós testemunha a ligação histórica que unem a França e a África, principalmente a África Ocidental e em especial à Guiné-Bissau.
Nesse quadro, Sissoco Embaló pediu ao Chefe de Estado gaulês para reforçar ainda mais a sua ajuda ao país em todos os domínios, com destaque ao setor da segurança porque, na sua opinião, o terrorismo hoje é uma ameaça mundial.
Para concluir, Embaló lembrou que a ameaça terrorista atinge toda a parte, acrescentando que esse flgelo não limita apenas a sua ação no Sahel, mas sim em toda África.
Recorde-se que os dois Chefes de Estado responderam algumas questões colocadas pelos jornalistas presentes, destacando-se a televisão África 24, da France Presse e alguns jornalistas franceses.
Após a conferência de imprensa conjunta, os dois diganatários passearam a pé, com banho de multidão, pela baixa de Bissau até ao Centro cultural Franco Guineense.
Na chegada como na ida ao Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira, os dois Presidentes embarcaram num descapotável acenando a moldura humana que os acompanharam com vivas aplausos..
Texto: Seco Baldé Vieira – Fotos: José Dju