Nasce nova organização para empoderamento da mulher guineense

New Faces New Voices – Guiné-Bissau (sigla em inglês que significa nova face novas vozes) é uma nova plataforma para emancipação da mulher guineense, visando contribuir para o fortalecimento do seu papel na sociedade, mediante a sua capacitação e inclusão no tecido empresarial. A organização é hoje apresentada publicamente em Bissau.

Tem também como propósito a criação de oportunidades que possam servir de alavanca para a autonomização económica da mulher.

Em entrevista ao Nô Pintcha, Fernanda Ribeiro, uma das fundadoras da NFNV-GB, avançou com os três principais focos da organização, nomeadamente inclusão financeira, educação financeira e fortalecimento do empreendorismo feminino.

Em relação à inclusão financeira disse que sendo esta uma poderosa alavanca para o desenvolvimento económico e social, trabalharão arduamente para contribuir para a expansão e participação das mulheres no setor das finanças, através de acesso ao financiamento e uma variedade de produtos financeiros.

Nesse sentido, lembrou que nos últimos anos, alguns progressos foram registados, em boa medida, decorrente do crescente papel desempenhado pelas inovações tecnológicas no fortalecimento da inclusão financeira, mormente a rápida penetração do telemóvel e da digitalização. Todavia, reconhece que na Guiné-Bissau, o acesso ao crédito por parte das mulheres é ainda problemático porquanto a maioria delas não tem conta bancária nem utiliza as instituições de crédito, estimando em menos de 20 por cento a proporção das senhoras nesta matéria.

No que respeita à educação financeira, a NFNV promete trabalhar por intermédio da promoção de acções de informação e formação que visem melhorar a literacia e qualificação financeiras das mulheres, bem como o reforço das suas competências para tomar decisões e efetuar escolhas informadas no setor financeiro. “A edução ou literacia financeiras afiguram-se como necessárias face à complexidade e riscos inerentes a esses serviços e produtos e ao fraco nível de escolarização das mulheres”.

Referente ao fortalecimento do empreendorismo feminino, Fernanda Ribeiro garante que a sua organização vai contribuir para a promoção de ecossistemas onde sejam criadas condições para desenvolver a capacidade e habilidade das mulheres empreendedoras, empresárias e dirigentes de empresas.

Também neste campo, segundo a nossa entrevistada, os dados estatísticos mostram que as mulheres representam uma força de trabalho, sendo responsáveis por mais de um quarto das empresas. Com efeito, citando o relatório de atividades do Centro de Formalização de Empresas, referente ao ano 2021, indica que das 636 novas empresas no país, 23,7 por cento foram criadas por mulheres contra 76,3 por cento dos homens, o que demonstra que o perfil do empreendedor é esmagadoramente masculino.

Por isso, a nova organização promete trabalhar para aumentar o número de mulheres de liderança no setor económico, tendo em conta que o seu empoderamento e a melhoria nessa área passam pela sua representação nos cargos e órgãos de decisão.

No quadro da apresentação da New Faces New Voices, realizou-se de 4 a 7 de maio, ações de formação sobre a gestão de pequenos negócios, nas quais vários temas foram abordados.

Importa referir que a NFNV é portadora de uma visão de Graça Machel (antiga primeira-dama de Moçambique) sobre o papel da mulher como um agente dinâmico e de enorme capacidade criativa, num mundo que “apenas atingirá a plenitude quando a mulher for reconhecida igual ao homem” em todas a dimensões reclamadas pelas políticas de igualdade de género.

Essa visão radica-se no pressuposto de que as mulheres são um recurso subutilizado e que investir nelas pode ter um impacto significativo no desenvolvimento e acelerar o crescimento económico no continente africano.

Ibraima Sori Baldé

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