O diretor-geral da Promoção de Investimento Turístico perspetiva promover uma participação do país jamais vista na história das feiras internacionais, isto porque a Guiné-Bissau ocupa, este ano, um espaço de 54 metros quadrados na Feira Internacional de Turismo de Lisboa, a realizar de 16 a 20 de março corrente.
Ben Kassimo Cunha, que falava em exclusivo ao Jornal “Nô Pintcha”, sobre os preparativos da participação do país naquele evento, disse que o objetivo é dar mais visibilidade ao turismo guineense, inserindo-lhe paulatinamente no mapa turístico mundial.
Segue a entrevista na integra
Como estão os preparativos para a participação da Guiné-Bissau na Feira Internacional de Turismo de Lisboa?
Esse evento, que se chama Bolsa de Turismo de Lisboa, reúne diferentes profissionais de área, operadores turísticos e a imprensa especializada. Portanto, o encontro serve de uma oportunidade para angariar mais investimentos e tentar incrementar número de visitantes ao país.
Nessa ordem de ideia, o Ministério do Turismo está a preparar a ida da delegação guineenses à Portugal, razão pela qual a Direção-Geral de Promoção de Investimento Turístico está em constante contato com os operadores turísticos, na qualidade de participantes, no sentido de diversificar e até maximizar suas ofertas e tentar mobilizar mais parceiros.
A Direção-Geral de Promoção de Investimento Turístico perspectiva promover uma participação do país, jamais vista na história das feiras internacionais, isto porque a Guiné-Bissau ocupará neste ano, um espaço de cerca de 54 metros quadrados na ilha da feira.
No concernente à decoração, o país vai explorar quatro frentes, nomeadamente posicionamento dos operadores turísticos em diferentes bancas, animação musical permanente, realização de uma cimeira sobre investimento turístico, que contará com a presença do Primeiro-ministro guineense e divulgação, pela imprensa portuguesa, dos valores turísticos e culturais do país.
O que é que a Guiné-Bissau espera obter com essa participação na Bolsa de Turismo portuguesa?
Primeiramente, dar mais visibilidade ao turismo guineense, porque o objetivo do Ministério do Turismo visa inserir paulatinamente o país no mapa turístico mundial.
A título de exemplo, recentemente foi divulgado uma notícia na CNN (Televisão americana) que considerou Guiné-Bissau como segunda opção a nível mundial, mobilizando turistas a visitar o país. Pois, isso constitui um passo muito importante para a promoção da boa imagem da nossa terra.
Aliás, esse facto é o resultado de um conjunto de trabalhos empreendidos por toda a equipa do ministério, através da Direção de Promoção de Investimento Turístico. Portanto, continuaremos a zelar pela limpeza da imagem negativa e projetar o bom nome do país e do turismo.
Quais são as dificuldades preparatórias da delegação da Guiné-Bissau?
As dificuldades estão mais ligadas às questões burocráticas, isto porque os procedimentos para a participação exigem o cumprimento de um timing relativo ao pagamento do espaço, do designer, do standard e da empresa que vai decorar. Por isso, muitas vezes, recorremos à solicitação do alargamento de prazos fixados enquanto aguardamos o desbloqueamento do fundo pelo Ministério das Finanças.
Portanto, a demora no desbloqueamento de verba acaba dificultando muito nos trabalhos.
O que é que significa Feira Internacional de Turismo?
A Feira Internacional de Turismo é um espaço onde diversos países se juntam para projetar os seus potenciais turísticos, convencer turistas a visitarem seus países, quiçá, tentar mobilizar mais investimentos para o setor.
Aliás, esse espaço é tipo montra internacional do turismo, organizado com intuito de elevar imagem positiva do respectivo potencial.
Nessa ordem de ideia, o Ministério do Turismo, através da Direção-Geral da Promoção de Investimento Turístico, leva a imagem do ecoturismo, uma vez que constitui o principal foco para o desenvolvimento do setor.
Quais são os mecanismos de atração do investimento turístico para o país?
Os mecanismos de atração do investimento turístico para o país que podemos destacar são, de um lado, os nossos incentivos fiscais, contudo, sabe-se que a Guiné-Bissau dispõe de um código de investimento muito atrativo, que permite ao investidor estrangeiro transferir 100 por cento dos lucros da empresa.
Por outro lado, o nosso país faz parte dos fundos de investimentos, entre os quais, agências internacionais de investimentos – FAGAS e MIGAS, onde podemos recorrer, a fim de permitir com que o investidor tenha uma garantia do investimento. Por fim, o próprio Estado garante a proteção da propriedade privada, factos constatados com a presença dos polícias a manterem segurança nos bancos e empresas privadas, o que é raro noutros países.
Quais são os estrangulamentos do setor?
Os estrangulamentos do setor estão mais ligados às carências de infraestruturas básicas, pois o turismo tem a ver, também, com energia, transportes, telecomunicações e saúde.
Por exemplo, o nosso principal produto turístico é o arquipélago dos Bijagós, mas que até então não dispõe de um centro hospitalar de referência, salvo em Bubaque, que não consegue cobrir as necessidades de mais de 80 ilhas.
Aliás, um outro constrangimento que temos chama-se à incapacidade de puder colocar turistas nas ilhas nos dias de semana, tendo em conta que um único barco que faz ligação regular entre ilhas só opera nos finais da semana.
Todavia, para minimizar ou ultrapassar esses entraves, a Direção-Geral da Promoção de Investimento Turístico está a encetar contatos com o propósito de encontrar parceiros interessados em investir nesse setor, tendo em conta a limitação orçamental.
Quais as consequências da não realização de carnaval para turismo guineense?
O Governo decretou estado de alerta (de 05 de fevereiro à 05 de março) que proibiu a concentração de pessoas e, consequente organização de carnaval, mas mesmo assim, a Direção da Promoção de Investimento Turístico teve informações da superlotação dos hotéis e apartamentos a nível do país, dada a presença dos turistas e cidadãos nacionais, esperando pela realização do desfile nacional com o termino das restrições sanitárias.
Apesar dos ganhos obtidos com vinda dos turistas, reconhece-se, porém, que houve cancelamentos de muitas agendas.
Aproveito esta ocasião para convidar todos os guineenses, no sentido de serem embaixadores do turismo onde quer que estejam, na medida em que o país tem potencial e pode desenvolver através do setor turístico.
Julciano Baldé