Foi a 27 de fevereiro de 2020 que tomou posse o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, fez ontem exatamente dois anos. Tão efetivamente o Presidente tomou posse que, de imediato e muito assertivamente, começou a exercer interna e externamente suas funções constitucionais, pulverizando, pelo caminho, uma errada semântica da expressão ”simbolicamente”. Que, na altura, se traduziu, muito mal, como se se tratasse de um evento provisório ou menos autêntico, acontecimento a aguardar ainda por uma legitimação ex post. Mas não foi nada disso que o Presidente quis significar, como facilmente se compreendia, aliás, sem necessitar de nenhuma hermenêutica mais sofisticada.
Se não fosse a eclosão de uma grave crise geopolítica na Europa – com a guerra na Ucrânia -, era a visita do Presidente da Turquia Recep Tayyip de Erdogan, ao nosso País, que quase coincidiria com o fim destes primeiros dois anos de mandato do Presidente da República Umaro Sissoco Embaló. Teria sido uma bonita coincidência receber, neste mês de Fevereiro, o Presidente Erdogan, estadista de um país geopoliticamente relevante a todos os títulos – económico, tecnológico, comercial, militar. Adiou-se a visita, porém, a mensagem ficou. E nem é despropositado sublinhar o seguinte: Turquia é um país que tem tudo para se tornar um parceiro de referência da Guiné-Bissau. Capaz, por conseguinte, de contribuir muito para a concretização das aspirações do povo guineense ao desenvolvimento económico e progresso social.
Voltemos à evocação de dois primeiros anos de mandato, uma efeméride. Não dá para esquecer um certo passivo…, nem a brincar se pode esquecer dele. Entramos, de facto, mais cedo e muito mal para o século XXI. Claramente com uma maldição: o golpe militar de 7 de junho de 1998. Que foi quase inteiramente preparado por políticos “democratas” que tomaram a própria Assembleia Nacional Popular como sua plataforma golpista. Que, a seguir, se desdobrou em guerra civil. Que deixou o Estado praticamente à deriva, com ainda mais golpes militares, com mais conspiração político-militar, com assassinatos e mais assassinatos de adversários políticos. Com uma rotação de quase vinte governos em duas décadas, até 2019. Enfim, um Estado desconsiderado, deprimido interna e externamente, de facto, não faltou muito para se atingir o ‘grau zero’ de uma unidade política, de “Estado pária”.
Eis que se apresentou às eleições presidenciais de 2019 um jovem-adulto, na faixa dos quarenta anos, longe dos favoritismos estabelecidos a priori. Primeiro, ele conseguiu conquistar o direito ao segundo sufrágio (vulgo, segunda volta). E depois, ganhou ‘definitivamente’ essa partida. E em dois anos (2020 e 2021) conseguiu transformar completamente – no bom sentido – o contexto externo da Guiné-Bissau. Não é demais frisar que uma tal transformação da nossa envolvente externa ficou a dever-se quase inteiramente ao coeficiente presidencial, ao seu próprio protagonismo, à empatia que ele soube suscitar junto de muitos estadistas…em prol da Guiné-Bissau. Parabéns, Presidente.
Bissau, 28 de fevereiro de 2022
Fernando Delfim da Silva