As mulheres horticultoras queixam-se de furto frequente de legumes produzidos no perímetro hortícola da Granja de Pessubé, em Bissau, tendo exortado o Ministério do Interior, no sentido de assumir a sua responsabilidade em garantir a segurança noturna dos seus bens.
Igualmente, apelam à Câmara Municipal de Bissau (CMB) a cumprir com a promessa de fazer funcionar o Mercado de Granja completamente vazio.
Para o responsável dos assuntos do referido mercado, António Carlos Sanca, a não ocupação do espaço é da responsabilidade da CMB, por ser esta a gestora direta dos mercados e entidade responsável pela aplicação das leis municipais.
Em detrimento de mercado construído, precisamente para descongestionar o tráfico de piões na Avenida João Bernardo Vieira, concretamente na zona de Chapa de Bissau, continua a verificar-se um enchente que coloca vidas humanas em perigo, tendo em conta a grande movimentação de veículos ao longo do trajeto.
Condições do mercado
O mercado da Granja de Pessubé apresenta, neste momento, mínimas condições necessárias exigidas para um funcionamento normal. Tem água canalizada, energia elétrica e quatro casas de banho e um gerador para assegurar a luz em caso da queda da fase da iluminação da EAGB.
O mercado localiza-se num sítio de fácil acesso para o transporte de mercadoria, ou seja, na beira da estrada que liga Chapa de Bissau a QG. Tem dois portões, e está situado a escassos metros da esquadra de polícia.
Além dos balcões de venda de legumes, estão dezenas de cacifos em perfeitas condições, dos quais apenas quatro estão ocupados, dois como alfaiataria, um para a venda de comida e outro como loja de materiais de costura.
Furto de legumes
As mulheres horticultoras dizem que, várias vezes, solicitaram às autoridades policiais, no sentido de erradicar roubos que têm acontecido no perímetro hortícola, mas sem efeito.
“Para sustentar os seus vícios de consumo de cigarro e de drogas, os ladrões chegam à noite e cortam quantidade de legumes como se fossem os donos, e vendem para outras mulheres a preço muito baixo. Chegamos de manhã e encontramos, desesperadamente, as nossas hortas não só roubadas, também vandalizadas, isso dói”, explicou, vertendo lágrimas.
Disse que muitas mulheres não têm força física para aquentar o sacrifício consentido no trabalho de hortaliça. “Assim sendo, pagamos jovens para a preparação dos terrenos, levantamento dos diques, a rega, atividades que exigem grande esforço físico”, explicou Nené Caetano.
Uma outra inquietação das horticultoras é o facto de boa parte do perímetro ainda se encontra sem vedação, estando exposta aos animais.
Uma parte do perímetro beneficiou de apoio de um projeto, tendo sido instalado um sistema de irrigação para poupar esforços das mulheres. Também, ajudou na proteção dos legumes contra os animais.
“As mulheres esforçam-se muito na produção de legumes, mas também sofrem enormes prejuízos, causados pelos gatunos, que arrincam cerca de 50 pés de couve numa só noite”, lamentou.
O responsável do mercado diz que houve várias solicitações feitas ao Ministério do Interior, o que motivou o ministro Botche Candé a ir visitar o perímetro, tendo deixado promessas de segurança, mas que ainda não foram concretizadas.
Para Nené Caetano, a maior preocupação das mulheres produtoras são os ladrões durante o período noturno. Para pôr cobro à situação, as horticultoras exortam o governo a garantir segurança do local, mesmo pagando mensalmente um valor simbólico.
“É através dessa atividade que resolvemos muitas necessidades básicas, incluindo o pagamento de escola dos nossos filhos”, disse.
De referir que o Mercado da Granja de Pessubé foi construído em 2011, co-financiado pela União Europeia, Reino de Espanha e Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), com o objetivo de torná-lo um centro de abastecimento de mercados de Bissau, reduzindo assim a importação de produtos hortícolas a partir da vizinha República do Senegal.
Aliu Baldé