“A Vinda de delegações estrangeiras transmite-nos uma mensagem forte de amizade e de solidariedade”

O Presidente da República, General Sissoco Embaló, começou o seu discurso, no quadro das comemorações dos 48 anos de independência nacional e do Dia das forças Armadas, a agradecer aos Chefes de Estado e de Governo de países irmãos que, com a sua presença entre nós, segundo ele, vieram transmitir-nos uma mensagem forte de amizade e de solidariedade, que o povo guineense agradece penhoradamente.

“Muito obrigado Senhor Presidente do Senegal, Macky Sall; Muito obrigado Senhor Presidente George Weah; muito obrigado Primeiro-Ministro Mohamed Béavogui, ministros da Defesa da Mauritânia, Gana e Gâmbia”, disse, 

O Chefe de Estado, Umaro Sissoco Embaló, sublinhou ainda, na sua mensagem á Nação, alusiva às festividades da independência, que coincidiram este ano com as celebrações dos 56 anos da criação das Forças Armadas, que o Estado guineense atravessou períodos de grandes turbulências políticas, de uma sucessão de golpes militares, de ocorrência de uma guerra civil, enfim, de crises político-institucionais recorrentes. Reconheceu que o país viveu mais de metade dos 48 anos em crises políticas de natureza diversa. 

Na íntegra, o conteúdo da mensagem.

Excelências, Ilustres Convidados, Minhas Senhoras e Meus Senhores

Distintos convidados

No primeiro evento comemorativo da nossa Independência – era, então, o seu primeiro aniversário, em setembro de 1974 –  o então Presidente Mohamed Siad Barre, Chefe de Estado da Somália e Presidente da então Organização da Unidade Africana (OUA), veio honrar-nos com a sua presença em Madina de Boé, sítio histórico onde, um ano antes, o Estado da Guiné-Bissau foi proclamado unilateralmente.

Na pessoa do Presidente Mohamed Siad Barre, era toda a comunidade internacional que, naquela altura, saudava o novo Estado independente, nascido de uma luta anticolonial exemplar, e portador das maiores esperanças de paz e de progresso para o povo guineense.  

Desta vez, como todos sabem, este evento comemorativo da nossa independência traz a particularidade de coincidir com as celebrações dos 56 anos de criação das nossas Forças Armadas. 

Soldados, oficiais e generais das Forças Armadas da Guiné-Bissau

Distintos Chefes Militares da Nação Guineense

Hoje, 16 de Novembro, é vosso Dia Nacional

Recebam do vosso Comandante Supremo e Presidente da Republica um forte abraço castrense, e os melhores votos de sucesso na Defesa da Pátria.

Durante a luta armada de libertação nacional, as Forças Armadas Revolucionárias do Povo (FARP) cobriram de glória a nação guineense. É esse legado histórico que têm de assumir.

Tal como em 1973, hoje, esta Guiné-Bissau de 2021, também é uma promessa de paz, de concórdia nacional e de progresso social. Aprendemos com as lições do passado. E contamos, hoje como ontem, com a solidariedade dos países irmãos e de toda a comunidade internacional para consolidarmos este ciclo político novo, de esperança renovada num futuro melhor. 

Quarenta e oito anos se passaram sobre a data de 24 de setembro de 1973. Foi nesta data histórica que a Assembleia Nacional Popular, “exprimindo a vontade soberana do Povo Guineense”, proclamou, pela voz do seu Presidente, o Comandante João Bernardo Vieira, Nino, o Estado da Guiné-Bissau.

Ontem, o nosso povo, ciente da sua diversidade étnica e cultural, encontrou, no seu passado, as raízes da sua unidade anticolonialista, e venceu. E, hoje, na imaginação partilhada do seu futuro comum, os guineenses de todas as origens étnicas e de todos os credos religiosos renovam todos os pressupostos da sua unidade nacional para enfrentar e vencer os desafios do futuro.

Distintos Convidados, Minhas Senhoras e Meus Senhores, 

Quero saudar, em particular, os Combatentes da Liberdade da Pátria. Aqueles que estão presentes nesta cerimónia, e todos os outros que não puderam vir acompanhar-nos neste dia da nossa Festa Nacional e também de celebração do Dia das Forças Armadas da Guiné-Bissau. 

Neste momento, inclino-me à memória dos Combatentes da Liberdade da Pátria que já não se encontram entre nós, que já faleceram, a quem reitero a minha solidariedade e respeito.

Aos nossos compatriotas na diáspora, estendo o meu abraço fraterno, de unidade nacional, de solidariedade e de esperança num futuro melhor. Residentes no país ou no estrangeiro, nós somos um só povo, unido, e de olhos postos nesse futuro comum que vai resultar do compromisso que, nós todos, temos de assumir e renovar sempre. 

Juntos vamos fortalecer o Estado de Direito Democrático, estabilizar as nossas instituições políticas e desenvolver economicamente o nosso país, base sobre a qual o progresso social se constrói e se sustenta.

Para a concretização desse verdadeiro desígnio nacional, todos os guineenses – os residentes e os que vivem e trabalham no estrangeiro -, todos eles, sem exceção, são chamados a participar. Como Presidente de todos os guineenses contem comigo, e eu conto com cada um de vós.

À Juventude Guineense, uma juventude sacrificada uma saudação especial e um abraço forte de solidariedade, de cumplicidade, de aposta num futuro que tem de ser melhor do que foram há quase cinco décadas da nossa Independência nacional.

Muitas das promessas da independência, que acompanharam a minha geração, ficaram por concretizar. Limitadas oportunidades de formação, desemprego persistente, a dura experiência de frustração, de pobreza marcaram muito a minha geração.

E não é nada por acaso que eu falo de “geração de concreto”, que é uma forma de exprimir um sentimento de grande insatisfação e, ao mesmo tempo, um sentimento de esperança renovada num futuro melhor. 

Distintos Convidados, Caros Concidadãos,

O Estado guineense atravessou períodos de grande turbulência política, de uma sucessão de golpes militares, de ocorrência de uma guerra civil, enfim, de crises político-institucionais recorrentes. 

Praticamente perdemos perto da metade dos 48 anos de independência, com a Guiné-Bissau mergulhada em crises políticas de natureza diversa. Todas essas crises provocavam impactos negativos nas instituições políticas e na vida económica do nosso país, com reflexos sociais graves. 

Foi um período longo e difícil que, só ficou encerrado pouco depois da realização das eleições presidenciais e da minha tomada de posse, no início de 2020. Desde então, a Guiné-Bissau soube recuperar plenamente as suas responsabilidades soberanas no concerto das nações.

Prova disso, é, por exemplo, a presença de tantas ilustres figuras, Chefes de Estado, que nos tem honrado, com a sua visita de amizade e de solidariedade. Prova disso, é o dinamismo da nossa política externa que tem, no Presidente da República o seu primeiro protagonista.

Toda essa diplomacia muito ativa e de alto nível contribuiu para elevar muito a nossa auto-estima nacional e abrir portas à cooperação internacional com a Guiné-Bissau. Os resultados nem sempre têm de ser imediatos, mas eles, de certeza, virão para o bem do nosso País. 

Excelências, Ilustres Convidados, Minhas Senhoras e Meus Senhores,

A exigência de uma agenda de reforma do Estado tornou-se consensual entre as forças políticas nacionais. É uma necessidade que também os nossos parceiros da comunidade internacional reconhecem e, até se disponibilizaram a cooperar connosco na conceção e implementação dessa agenda de reformas estruturantes.  

De crise política em crise política, a estrutura da nossa economia nacional cristalizou-se num modelo de crescimento assente numa quase monocultura de cajú. Com uma diversificação pouco significativa e transformação local quase nula, o modelo vigente parece claramente esgotado.

É um modelo económico que dificilmente poderá viabilizar a construção de um ‘estado social’ – de mais e melhor investimento na educação; de mais acesso aos serviços de saúde; de maior proteção das camadas mais desfavorecidas e que seja eficaz no combate à pobreza –, enfim, um ‘estado social’ que fosse capaz de satisfazer expectativas legítimas dos nossos concidadãos. Aqui reside – na estrutura económica do nosso país – as causas mais profundas, objetivas, da instabilidade que abala particularmente os setores do Estado socialmente mais significativos.

Ainda assim, no novo ciclo político, que se iniciou em 2020, foram alcançados progressos visíveis, por exemplo,

na regularização do pagamento dos salários aos servidores do Estado;

• Na área das infraestruturas essenciais para o incremento da atividade económica;

• Mobilidade dos cidadãos, redução das assimetrias regionais e coesão do território; 

• Na melhoria dos serviços de saúde, no fornecimento de energia e água, etc.

Mas temos plena consciência de que, face aos graves e persistentes problemas económicos e sociais acumulados, há ainda um longo caminho a percorrer. É um caminho que só pode resultar em benefício geral se formos capazes de preservar a paz social por via do diálogo e da concertação entre todas as partes interessadas.

Guineenses,

Não posso concluir sem fazer referência à pandemia da COVID 19 que atingiu todos os países, ainda não foi vencida. O seu impacto económico, em geral, agravou a pobreza e acentuou as desigualdades sociais. Neste contexto, a Guiné-Bissau não constitui exceção.  

A Guiné-Bissau beneficiou da solidariedade contra a pandemia, da cooperação e apoio de outras instituições internacionais bem como de países amigos.

A todos, vão os nossos agradecimentos.

Viva as Forças Armadas da Guiné-Bissau.

Viva a Guiné-Bissau.

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