O Presidente da República ameaçou hoje dissolver o parlamento, dizendo que os deputados o dão cada vez mais razão de alegar a existência de uma crise política no país para concretizar a decisão.
Umaro Sissoco Embaló falava à imprensa no princípio desta tarde no aeroporto de Bissau, oriundo de Conacri, onde se tinha deslocado para tratar do reforço de relações amistosas entre os dois países e a libertação do ex-Presidente Alpha Condé.
Respondendo às questões dos jornalistas sobre a existência de duas comissões de revisão constitucional, criadas respetivamente pelo próprio e pela ANP, Sissoco Embaló disse que não vai permitir que haja mais teatro e desordem na Guiné-Bissau e, a qualquer momento, pode decidir deitar por terra o parlamento guineense.
Entretanto, o Chefe de Estado foi recebido em Conacri pelo Coronel Mamadi Doumbouya, Presidente de Transição daquele país vizinho.
Relações amistosas entre os dois países e a libertação do ex-Presidente Alpha Condé foram o menu da conversa, no palácio da República, vulgarmente conhecido por Sekoutoureya.
Depois de um breve tête-à-tête no Salão de Honra, os dois chefes de Estado foram para o centro de Kaloum, baixa da cidade.
Ao sair do aeroporto, Umaro Sissoco Embaló foi saudado efusivamente por uma multidão que o espera ao largo do aeroporto com dizeres como “Embaló, Doumbouya”.
Jovens de Conacri recebem Sissoco Embaló
Por ocasião da chegada do Presidente da República, jovens de diferentes bairros da capital Conacri mobilizaram-se no aeroporto para o saudar.
Estes jovens, com a bandeira da Guiné-Bissau em punho e com a fotografia do General Sissoco Embaló, não deixaram de recordar a oposição cristalina do Presidente ao terceiro mandato de Alpha Condé.
Entre esses jovens estava Boun Mamoudou Diakité, que afirmou que o sucessor de José Mário Vaz foi um dos poucos presidentes africanos que ousou dizer a verdade a Alpha Condé, aquando da “sua teimosia” em concorrer a um terceiro mandato.
Diakité lembrou ainda que Umaro Sissoco Embaló havia alertado à CEDEAO a não permitir a aprovação de terceiros mandatos na África Ocidental, o que poderia incentivar golpes de Estado. “Sissoco é um homem digno e todos devem apoiá-lo nessa abordagem para a sub-região”, frisou.
Alpha Djaló, outro ativista político, também ressaltou que Embaló havia tomado uma posição contra o terceiro mandato do presidente deposto. Hoje, diz o jovem: “A história provou que ele estava certo porque Alpha Condé forçou a situação a legitimar um terceiro mandato nas condições que todos conhecem. Nós realmente saudamos a sua presença na Guiné-Conacri. Ele está lá para defender que haja alternância política ao nível da sub-região. A alternância é o oxigénio da democracia. Estamos muito felizes com sua visita à República da Guiné”, sublinhou Alpha Djaló”
Abduramane Djaló e Ibraima Sori Baldé