A seleção nacional de futebol foi obrigada ontem, dia 6, a entrar em campo com jogadores intoxicados no jantar do dia anterior, o que provocou diarreia e vómito a todo o grupo, incluindo a equipa técnica. Porém, a CAF decidiu realizar o jogo na hora marcada frente a turma marroquina, na partida a contar para a terceira jornada da eliminatória para o Mundial de 2022.
É insólito mas foi um facto. A notícia de um jogo de futebol o que primeiro interessa saber é o resultado, mas nesta, o fato noticioso reside nos antecedentes graves da partida.
Apesar de toda a situação polémica em que esteve em causa a vida humana, o jogo realizou-se e os marroquinos venceram facilmente por 5-0.
Esteve em causa a saúde de 25 jogadores da seleção de futebol e a sua equipa técnica. Foi um susto enorme para os guineenses, alguns até qualificaram o sucedido como um “atentado terrorista”.
A lei universal da FIFA determina que o intervalo mínimo de tempo de descanso de um jogador entre duas partidas é de 72 horas, visando essencialmente a recuperação de energia perdida no jogo anterior. Faria sentido obrigar os atletas que passaram noite inteira em situação de diarreia e vómito a entrar em campo ainda que muitos deles tiveram que ser hospitalizados para ahidratação.
Pela decisão superior da FIFA e CAF, o comissário do jogo, de nacionalidade serra-leonès obrigou a realização da partida e, psicologicamente, “derrotou” a seleção nacional.
Segundo a informação publicada nas redes sociais da Federação de Futebol da Guiné-Bissau (FFGB), alguns atletas estiveram em situação grave, vomitando até sangue.
A FFGB relatou na sua página de facebook que, durante a noite dos acontecimentos que abalaram a caravana guineense, tentou sem sucesso comunicar o comissário do jogo.
Perante este facto, o presidente da Federação de Futebol da Guiné-Bissau, Carlos Alberto Mendes Teixeira, defendeu o adiamento do jogo, dizendo na altura que não ia mandar os jogadores para o campo, pois na sua opinião isto seria “um ato criminoso”.
O defesa lateral, Jefferson Encada, foi um dos primeiros a reagir a situação, apesar do susto, tranquilizava os guineenses com a seguinte frase: “estamos estáveis, mas não em condições de ir a jogo de hoje”
Encada sublinhou que, “existem coisas na vida muito mais importante que o futebol ou dinheiro, dizendo que a saúde é base tudo. Não sabemos o que passou, sem querer acusar ninguém, mas alguém tem de ser responsabilizado”.
Recorda-se que este jogo deveria ter acontecido no Estádio Nacional 24 de Setembro, em Bissau, mas devido ao impedimento para utilização deste campo nos jogos internacionais, a Guiné-Bissau teve que solicitar o Marrocos a receber os Djurtus.
Para a quarta jornada, a seleção nacional voltará a disputar com seu congénere de Marrocos no próximo sábado, dia 10, em Rabat.
Aliu Balçdé