O Diretor-geral de Agência de Notícias da Guiné (ANG) lamentou esta sexta-feira o estado prolongado de relançamento a que o órgão se submeteu devido a dificuldades financeiras.
Salvador Gomes que falava em entrevista exclusiva à ANG, por ocasião da celebração, em 20 de Agosto, de mais um aniversário deste órgão público de comunicação social, disse que os seus 46 anos ficaram marcados por bons e maus momentos, referindo que os maus momentos decorreram a partir de fins dos anos 90 até os dias de hoje.
Disse que, terminado o conflito político-militar de 1998, a então direção da ANG elaborou um plano de relançamento do órgão que, apesar de ter obtido, através do Instituto de Comunicação Social de Portugal, o que se julgou na altura ser o mínimo para a primeira fase de relançamento, não se chegou a fase de relançamento, conforme previsto.
Segundo Salvador Gomes, alguns materiais, tais como computadores e assessórios, equipamentos de escritório foram adquiridos em Lisboa e enviados para Bissau, mas o técnico incumbido de proceder a instalação desses equipamentos no quadro da parceria com a agência portuguesa, Lusa, não se dignou viajar para Bissau para o efeito.
Desde lá até presentemente a ANG, em termos de equipamentos, tem funcionado com apoios de terceiros, nomeadamente, UNIOGBIS, embaixadas dos Estados Unidos de América, da República Popular da China, entre outros.
O responsável máximo de ANG disse que, contudo, uma esperança para a mudança da situação da ANG se afigura com a disponibilização de fundos da Taxa Audiovisual, recentemente aprovado pelo Governo.
“Com a aplicação dessa taxa, creio que haverá possibilidades dessa situação de relançamento da ANG se avançar. Contamos retomar os serviços de correspondentes regionais, ter um sítio com maiores capacidades para divulgação das nossas produções, melhorar as condições de mobilidade dos repórteres e as condições técnicas dos profissionais”, disse.
Para o relançamento das actividades de correspondentes regionais que diz ser a força de qualquer agência de notícias, Salvador Gomes revelou que um plano para o efeito já está entregue ao ministro da Comunicação Social, Fernando Mendonça, orçado em 8.448.800 francos CFA, que serão aplicados no pagamento de subsídios e aquisição de equipamentos, computadores, motos, gravadores, pendrives de internet e outros materiais, para correspondentes nas oito regiões do país.
No que tem a ver com a situação de efetivação dos estagiário pelo governo, o diretor-geral lamenta a morosidade do processo e diz que a demora está a ter um efeito no funcionamento da ANG.
“A redação da ANG dispõe apenas de um jornalista efetivo. Os restantes oito aguardam a efetivação. E talvez por desmotivação não têm assegurado a assiduidade exigida por uma redação. Há dias em que apenas aparece um jornalista e mais o director de Informação, o que é muito mau.”, disse.
Questionado sobre o porquê de não contemplação da ANG nas viagens do actual e sucessivos presidentes da República e de primeiros-ministros que passaram no país, Salvador Gomes disse que também não sabe porquê que isso acontece.
“ Mas isso pouco importa, a ANG continuará sendo sempre aquele órgão de reconhecido interesse público, portanto útil para a sociedade e para outros órgãos de comunicação social, que nos tem animado com o aproveitamento das nossas peças, para enriquecimento dos seus blocos de notícias. Uma agência de notícias é sempre importante para o estado e a sociedade em geral pelo tratamento factual e com isenção das suas peças”, sustentou.
Salvador Gomes, licenciado em Comunicação Organizacional e Jornalismo, director-geral da ANG desde Fevereiro de 2002, deixa mensagem de esperança aos funcionários do órgão.
“Os dias melhores virão porque a agência vai continuar a funcionar. Se tudo correr como previsto as dificuldades enfrentadas durante todos esses anos vão acabar para dar lugar a uma agência de notícias mais presente no xadrez da comunicação social, mais interventivo em termos de capacidade de cobertura do pais. Quiça, no futuro vai se ter o problema de se decidir quem vai ficar na ANG porque as exigências de qualificação aumentaram”, disse, acrescentando “o caminho é aumentar a produção, começar a disponibilizar textos, som e vídeo para os interessados”.