O Centro de Saúde de Quinhamel é o estabelecimento sanitário mais importante da Região de Biombo. É localizado na cidade de Quinhamel, sede administrativa da Região. Ali, se faz consultas e tratamentos da doença do paludismo também conhecida com o nome de malária, uma das mais frequentes da zona e que muito pouco tem poupado a saúde dos habitantes da costa Atlântica.
O centro, em referência, foi aberto em 2008 e de início ele sempre funcionou 12 horas por dia, isto é, das 7 às 19 horas. Graças a intervenção das ONG`s, em 2010, o centro beneficiou-se de iluminação solar, passando a partir daí a funcionar 24 horas por dia. Também, no quadro da cooperação, o Governo, conseguiu, em 2019, um apoio do Banco Árabe para o Desenvolvimento Económico da África (BADEA) através do qual reforçou a produção de energia elétrica, facto que permitiu fazer funcionar a maquinaria ali instalada e iluminar todo o estabelecimento hospitalar, dentro e fora.
Beatriz Cá Malú é enfermeira chefe do centro e responsável da área sanitária de Quinhamel, há cerca de 10 anos. Ela orgulha-se com o facto de ter servida a população da área nos últimos 15 anos.
A responsável que acompanha de perto a situação da saúde no setor de Quinhamel enumerou ao Nô Pintcha as doenças mais frequentes da zona, que enfermam a população: paludismo, diarreia, catarro e pneumonia.
Segundo a Beatriz, nessa área sanitária estão em funcionamento duas estruturas de saúde: o Centro de Saúde de Quinhamel (público) e o Centro Materno-Infantil de Quinhamel pertencente à Igreja Católica (privado).
No que se refere, em concreto, a luta contra o paludismo, Beatriz Cá Malú, explicou ao jornal estatal que o seu combate continua forte, embora nota-se, provavelmente, o aumento de alguns casos graves, mas que estes são tratados localmente. Ela acrescentou que a atuação do centro na luta contra o paludismo é feita na base da indicação que consta no programa nacional, nomeadamente a distribuição de tendas às diferentes famílias, numa missão conjunta com os Agentes da Saúde Comunitária nas Tabancas (AST).
A enfermeira chefe frisou que os doentes de paludismo internados no centro de saúde local são tratados com o soro, mais o artesanato injetável, um novo medicamento antipalúdico muito eficaz.
Faculdade de Medicina
“Dantes evacuávamos os casos graves de paludismo para Bissau, mas agora não. Temos médicos (três nacionais e três cubanos) que se ocupam do tratamento da doença. Os médicos cubanos estão em Quinhamel no âmbito da Faculdade de Medicina, dando também apoio ao centro de saúde local”.
A responsável da área sanitária disse que em termos de beneficiários, as crianças menores de cinco anos e as mulheres grávidas que aparecem na consulta pré-natal são os primeiros a receber as tendas. Além das tendas, faz-se também a distribuição de medicamentos grátis, nomeadamente artesanato e coartem.
Na conversa que mantivemos, Beatriz realçou o apoio que o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) dá em medicamentos para o Centro de Saúde de Quinhamel, estrutura essa que também coordena os trabalhos dos centros de saúde de Ilonde, Dorce, Bigimita e Ondame. “Temos um grupo WhatsApp através do qual mandamos sempre a nossa ficha de stock e daí os parceiros nos mandam uma certa quantidade de medicamentos. Embora as vezes as instituições demoram em enviar os medicamentos, mas não temos tido falta deles”, rematou.
Apoio do UNICEF
E por intermédio do Unicef, a organização das Nações Unidas que se ocupa do bem-estar das crianças, foi criado um programa que envolve três organizações não-governamentais, a saber: Vida, Instituto Marquês Vale-Flor e EMI. A ONG Vida subvenciona os Agentes de Saúde Comunitária nas Tabancas (AST). São 37 agentes que colaboram ativamente com o Centro de Saúde de Quinhamel. Estes são agentes treinados pelo centro e podem fazer o tratamento do paludismo em fase ligeira. Também sensibilizam as populações no que respeita ao uso das tendas. Mensalmente, eles recebem o treinamento básico no Centro de Saúde de Quinhamel e de regresso à procedência, eles levam consigo os medicamentos necessários para cuidar, nas tabancas, da saúde das populações.
A enfermeira chefe disse que desde finais de março último estes agentes recusaram colaborar com o centro, em sinal de protesto contra o não pagamento, durante dois anos, dos seus subsídios. Já que existem casos graves de paludismo, significa que esta paralisação reflete na saúde das populações do setor de Quinhamel. Por seu lado a ONG EMI, até ali, sempre subvencionou a aquisição de combustível, as evacuações de doentes, entre outros. Ao que apurou o Nô Pintcha esta organização já não existe.
Conforme a nossa interlocutora, alguns casos de doenças mais graves que chegam ao Centro de Saúde de Quinhamel são enviados para o Centro Materno-Infantil local, junto das irmãs, ou para outros estabelecimentos de saúde, designadamente para o hospital de Amizade Sino-Guineense e o Centro de Saúde “Casa Emanuel”, ambos localizados em Bissau.
Centro de Saúde tipo “B”
O Centro de Saúde de Quinhamel está capacitado com 20 camas, na medicina geral, e cinco camas no serviço da maternidade. É o chamado Centro de Saúde Tipo “B”.
Nesse estabelecimento de saúde pública realizam-se vários serviços à bem da população: parto, consulta pré-natal, planeamento familiar, consulta de crianças e adultos, tratamento de casos de tuberculose, de VIH/SIDA, vacinação (PAV – Programa Alargado de Vacinação), serviço de nutrição, internamento de doentes e análises laboratoriais (diagnósticos de paludismo, parasitas intestinais, VIH, HBS, widal, etc.).
Em termos de pessoal, o Centro de Saúde de Quinhamel conta atualmente com 13 enfermeiras, três parteiras, cinco médicos (3 nacionais e 3 cubanos), 3 técnicos de laboratório, um exator, um administrador, um diretor clínico, um condutor de ambulância, uma cozinheira, três serventes e um guarda-noturno.
Segundo as informações da Beatriz Malú, ultimamente, o Ministério da Saúde Pública entendeu por bem reforçar o centro com cinco enfermeiros, um assistente social, um pessoal de saneamento, um técnico de saúde bucal e um médico.
Para o seu melhor funcionamento, no futuro, a direção anseia-se que um dia o Centro de Saúde de Quinhamel possa ser equipado com um laboratório clínico mais eficiente, ter banco de sangue, bloco operatório para minimizar as evacuações, sobretudo de grávidas.
Hoje, na ausência de um obstetra e em caso de cesariana, manda-se a parturiente para Bissau. Aliás, muitos doentes são evacuados para o hospital militar, em Bissau, oriundos de Quinhamel. “O nosso obrigado por terem facilitado o atendimento dos nossos pacientes”, sintetizou a enfermeira chefe, Beatriz Malú.
Texto e fotos: Bacar Baldé