Como avalia os 46 anos do Jornal Nô Pintcha?

No quadro das comemorações do 46º Aniversário do semanário Jornal Nô Pintcha, no passado dia 27 de março, registamos opiniões de alguns citadinos sobre o desempenho desse semanário estatal ao longo de quatro décadas e meio. 

António Nhaga,  Bastonário de Ordem dos Jornalistas

Sim, valeu a pena e continua a valer, porque de facto de o Jornal Nô Pintcha foi uma arma de combate a todo o mal que havia na Guiné. O nome não é estranho, porque é o jornal que contribui para a promoção sociocultural da  Guiné-Bissau.

Os 46 anos significam muita coisa, sobretudo força e resiliência no combate ao subdesenvolvimento. O jornal passou por três etapas, a saber, luta contra a dominação colonial portuguesa, tempo do partido único até o período de democracia que o país vive atualmente. Funcionou, como se sabe, como  escola de jornalismo na Guiné-Bissau.

Porém, lamento o facto de o Nô Pintcha deixasse de ser o trissemanário como alguma vez o foi.

Performance é um desafio não só do jornal, mas de todo jornalismo do mundo. O Jornal deveria entrar também na linha de modernização e de novas tecnologias fazer, porque senão corresponder essa exigência da modernidade pode correr risco de parar no tempo. E isso deve ser também aposta do Estado.

Além de ser uma escola de jornalismo, o Nô Pintcha é o maior instrumento de política e um dos maiores centros de documentação do país. Por isso, o Estado deve contribuir para que o jornal possa fazer face aos desafios das novas tecnologias.

Braima Nhamadjo- WEB Master No Pintcha

Os 46 anos do Jornal Nô Pintcha foram de muita luta e sacrifício, tanto  para as pessoas que ali estão atualmente como para aquelas que ali  passaram. Como sabem, a criação do Jornal deve-se à luta de libertação que tinha como missão informar e divulgar as ações dos combatentes, isto tem mantido até hoje, veiculando conteúdos de índole político, social e cultural.

É um jornal mais virada para elite do que a sociedade, porque se verifica no modelo e no método de distribuição do jornal, que é destinada mais a classe média. O jornal deve atingir mais pessoas e virada à comunidade. Para isso, é preciso que os leitores sejam mais diversificados possíveis do ponto de vista social e político. 

O Jornal Nô Pintcha pode atingir performance desejado, reunindo sinergias com os profissionais da casa e a experiencia dos quadros que ali passaram, acompanhando o desenvolvimento tecnológico e científico que o mundo e as indústrias estão a oferecer. 

Amadu Djamanca

Hoje afirmo que o Jornal Nô Pintcha é uma escola e a universidade para todas por aqui passaram, porque tudo o que aprendi na comunicação social foi graças a esse jornal. Os 46 anos significam muita coisa, porque há pessoas que cá passaram, que trilharam no mundo profissional até chegando ao mais alto cargo da magistratura do país. É um património nacional da Guiné-Bissau, porque tem histórias aqui guardadas desde a independência. 

Infelizmente, as pessoas não têm muita cultura de ler ao contrário o que acontece nos outros países. É difícil manipular a informação no jornal, o que o dá mais credibilidade em relação às rádios. E tem um papel muito fundamental na construção de uma sociedade.

O Jornal tem que investir mais no acompanhamento do quotidiano, não deve limitar-se apenas nas publicações semanais, tem que estar ativo, e ser um diário utilizando as novas tecnologias. O site está lá vamos atualizar diariamente, tem que se criar essas condições, aliás, graças a Deus, daqui a mais três semanas ou até o final da Abril, os órgãos da comunicação públicos vão passar a ter um bolo, proveniente da taxa audiovisual.

O No Pintcha pode atingir todos de uma só vez, evitar concentrar-se nas publicações semanais, que envolvam mais e que faça chegar as suas informações junto das rádios, para estimular as pessoas a procurarem o jornal que tenham mais em conta as reportagens sociais. Enquanto não nos desvincularmos progressivamente com as questões políticas, a sociedade estará ainda refém dum verdadeiro jornalismo. Vamos investir num jornalismo investigativo, há casos no sector da justiça, a corrupção, etc.

Emerson Gomes Correia – Jurista

Emerson Gomes Correia – Jurista

O Jornal tem um papel importantíssimo não só na informação sobre os assuntos da vida pública e social, mas os cidadãos têm direito que lhes assistem de serem informados sobre várias atividades quotidianos da administração pública, de modo que ele, enquanto veículo de informação, ajuda a nossa população a ser informada à primeira mão.

Eu penso que os 46 anos do Jornal No Pintcha é de sacrifícios, êxito, ambição e de desafios que estão pela frente. Hoje fala-se tanto na modernização da era digital, que não é o caso do jornal porque até então a produção que faz nos termos analógicos, penso que com as novas exigências tecnológicas que o mundo vive, o jornal tem pela frente, pôr mão a obra para sair da era analógica para digital. E só assim pode o jornal estar a altura da exigência do mercado.

A direção deve pautar pela isenção, imparcialidade e objetividade que sempre marcou o normal funcionamento do Nô Pintcha, porque sem esses princípios não se pode fazer um jornalismo a altura das exigências do mercado.

Adelina Pereira de Barros

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