O Presidente da República, o general Umaro Sissoco Embaló, iniciou ontem um périplo as regiões leste da Guiné-Bissau para agradecer o eleitorado pela confiança em si depositada.
Falando em comício popular organizado na cidade de Gabu, o Chefe de Estado, que também é o comandante supremo das Forças Armadas, o general Sissoco Embaló prometeu que depois dos arranjos que se estão a realizar a nível das estradas de Bissau, o Governo vai concentrar-se na melhoria das rodovias da cidade de Gabu.
Na mesma linha de ação, o Chefe de Estado, que se fazia acompanhar dos ministros do Interior, Botche Candé e da Administração do Território e Poder Local, Fernando Dias, bem como do secretário de Estado do Tesouro, do líder do Madem-G15, Braima Camara e outros conselheiros seus, exprimiu a sua inquietação relativamente a situação precária em que se encontra atualmente o hospital regional de Gabu, onde as mulheres parturientes acabam sempre por falecer durante o parto. Aliás, esta preocupação foi inicialmente expressa pelo régulo central da região, José Saico Embaló que, na cerimónia, usou da palavra em nome de treze régulos que constituem a autoridade tradicional da região.
O Chefe de Estado enalteceu no seu improviso que uma mulher grávida tem que dar à luz e não para morrer durante o parto. Mais em frente, ele sublinhou que hoje, pensa-se que nos hospitais do país estão assassinos (mocodomos – criminosos surgidos no Senegal nos anos 70) prontos para matar pessoas. “Temos que acabar com isso e vamos efetuar a colocação dos médicos recém-formados. Portanto, brevemente as mulheres deixarão de dar parto por risco”, precisou.
Durante a sua intervenção no comício organizado na pista de aviação de Gabu (agora invadida por habitações), o General Sissoco Embaló trouxe à tona de que há um Presidente eleito que vai dirigir o país daqui a cinco anos e como eleito do povo se ele não resolver as necessidades dos eleitores, que os guineenses lhe confrontem de que ele enganou o seu povo.
“Não serei um tal Presidente que ao chegar cinco anos de mandato, o povo questiona ainda o que é que ele fez. Vocês irão julgar o meu desempenho”, disse, tendo acrescentado que já orientou o Governo, de que pagar salários não é a sua única missão. “Na Guiné-Bissau temos que ter credibilidade, respeito, disciplina e ordem. Quem não sabe viver na base do respeito, terá que deixar a Guiné-Bissau, porque senão ele assumirá as consequências”.
Em relação a propagação do novo coronavírus, o Chefe de Estado confirmou que o Governo mandou muitas máscaras para a Região de Gabu, mas ele viu que as pessoas não estão a utilizá-las para efeitos de prevenção. “A máscara é para proteger-nos da contaminação da pandemia do novo coronavírus. Têm que ter a noção de responsabilidade de que esta doença mata, e só usando a máscara é que podemos salvar as nossas mulheres e nossos filhos”.
No que toca a economia do país, o Presidente Umaru Sissoco Embaló esclareceu que o novo poder político da Guiné-Bissau não herdou nada. “Não encontramos nada no cofre do Tesouro Público. Tudo o que estamos a fazer é nosso esforço. Connosco, vão ter luz e água, como querem”.
Perante uma moldura humana de milhares e milhares de pessoas, dentre homens e mulheres, jovens e crianças, vestidas de todas as cores, alegres ao som de tambores e da música moderna, ansiosas de ver o seu Presidente eleito, Umaro Sissoco Embaló indo ao encontro do eleitorado, reconheceu que o povo aposta na instalação da luz elétrica, no abastecimento da água potável e na construção de escolas e estradas.
De seguida, o Chefe de Estado solicitou aos pais e encarregados de educação para matricularem as suas crianças na escola, para deixarem de dar as meninas ao casamento precoce. “Não quero mais ouvir de que aqui vocês dão ao casamento raparigas de 14, 15, 16 anos de idade. A criança é para ir a escola. A rapariga tem de se casar por sentimento amoroso, e não pela simples vontade dos pais. Isto já acabou. Aos régulos, como autoridades tradicionais, quero-vos delegar a responsabilidade de combater atos do género nos vossos regulados. Têm que acabar com essa prática nas tabancas”, asseverou, tendo determinado que a rapariga só vai ao casamento quando completar no mínimo 20 anos de idade. “Os régulos terão que fazer essa sensibilização nas tabanças”.
Em relação a vaga que se está a registar até agora a nível das administrações regionais, o Presidente da República disse que brevemente, o Governo irá proceder a nomeação dos novos governadores regionais e que doravante, nesse cargo só será nomeados dirigentes de alto sentido de responsabilidade, podendo até ser, por exemplo, ex-ministros do país. “Ser governador não é função para brincadeira. Ele é o primeiro responsável de administração da região. Vou fiscalizar essa nomeação quando o Governo entender fazê-la”, sublinhou.
O Chefe de Estado confessou que decidiu efetuar essa digressão para dizer ao povo um muito obrigado pela confiança depositada em si para assumir a Presidência da República. “É ali que eu ganhei a eleição, por isso decidi vir cá primeiro”, realçou.
A terminar, o Chefe de Estado, o General Umaro Sissoco Embaló sintetizou de que o povo deve saber e entender muito bem de que ele não é o presidente de um partido. Ele é o Presidente da República da Guiné-Bissau, portanto de todos os guineenses e de todos os partidos políticos. “A propósito eu já disse ao senhor Braima Camará de que estou na bancada, a observar o Madem-G15. Portanto, eu sou de Madem-G15, do PAIGC, do PRS, de todos os partidos políticos. No dia em que terminar o mandato, vou voltar ao Madem-G15, caso me reconhecerem”, apontou.
Oxalá, que esse tipo de digressão se repita e várias vezes no segundo mandato.
Bacar Baldé
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