No quadro da pandemia do novo coronavírus, a Associação dos Funcionários de Sistema das Nações Unidas ofereceu, na sexta-feira, no dia 17 de julho, géneros alimentícios e produtos de higiene, nomeadamente 15 sacos de arroz, 60 litros de óleo alimentar, 15 pacotes de papas; 45 barras de sabão e máscaras ao Lar de Crianças Surdo-Mudas da Guiné-Bissau, em solidariedade com as famílias mais vulneráveis.
Por seu turno, o presidente da Associação de Surdo-Mudos, José Augusto Lopes, agradeceu o gesto solidário dos funcionários das Nações Unidas, uma vez que necessitam de apoios e que espera não ficarem por aqui.
Este responsável acrescentou que a solidariedade é um motivo de grande orgulho para com a sua associação, pois este ato demonstra que as crianças do lar não estão abandonadas.
Outrossim, o regime de internamento constitui uma prioridade para crianças do interior do país, a fim de que possam ter acesso a escola e muitas outras necessidades básicas.
Neste momento, com a situação de pandemia que se vive, selecionaram algumas crianças que pretendem levar de volta aos seus pais no interior, até estar ultrapassada esta situação, pois é muito complicado continuar com o mesmo número.
Questionado pelo repórter se enfrentam dificuldades para a realização de consultas especializadas para as crianças que se encontram no lar, Lopes avançou que no início, com ajuda de Deus, contaram com a solidariedade de uma equipa de médicos portugueses no momento em que estavam a proceder à admissão de crianças para o regime de internamento, daí que tenham convidado aquele grupo para efetuarem consultas normais durante três semanas. Posteriormente, assinaram uma parceria com aquela equipa que ofereceu os seus préstimos para que uma ou duas educadoras fossem com eles receber formação em termos de assistência médica necessária, assim como disponibilizaram-se a ajudar em algo necessário para o funcionamento da casa.
À pergunta da repórter sobre a maior dificuldade que a escola enfrenta, Lopes frisou que o grande problema prende-se com o modo de lidar com as crianças, pois embora recebam apoio da Aldeia SOS e a Casa Emanuel, cujos instrutores dão formação às mães do lar, considera que essa formação deve ser melhorada.
Neste momento, o lar tem 20 crianças internadas, nomeadamente 10 meninas e 10 rapazes podendo, no futuro, tendo melhores condições, vir a acolher mais crianças.
Interrogado pela imprensa qual tem sido o impacto da covid-19 nesta escola, José Augusto disse que no início do funcionamento da escola contaram com parceiros que tinham conhecimento dos efeitos dessa doença, daí que, de duas em duas semanas eles eram informadas da real situação da pandemia. Assim que fossem detetados sintomas ou alterações no estado de saúde dos que viviam na escola, eram os mesmos conduzidos ao centro de saúde para a realização de respetivos exames, tendo todos os testes realizados até à data dado negativo, o que já é um bom sinal, rematou.
Na ocasião, apresentou um pedido ao Governo no sentido de os professores de língua gestual acompanharem o telejornal na TGB, a fim de traduzirem os noticiários para as pessoas portadoras dessa deficiência.
Marcos Miguel José de Barros, em representação dos surdo-mudos, considerou de maravilhoso esse gesto de solidariedade, aproveitando a ocasião para pedir aos funcionários do Sistema das Nações Unidas um financiamento para a formação neste domínio, porque muitos não têm noção o que significa covid-19 e como pode ser evitada.
Por sua vez, Maria da Costa Alfama explicou que os funcionários das Nações Unidas acharam por bem fazer algo para ajudar na prevenção da pandemia da covid-19, desenvolvendo campanhas de sensibilização nos diferentes bairros.
Num gesto de agradecimento, a Associação de Surdo-Mudos ofereceu um Dicionário de Língua Gestual, 2.ª edição, produzido em 2018, aos funcionários das Nações Unidas.
Por: Adelina Pereira de Barros