Os passageiros das companhias aéreas TAP, EuroAtlantic e Royal Air Maroc encontram-se retidos em Bissau há mais de três meses, tendo em conta a pandemia da Covid-19 que abalou o mundo em geral e, em particular, a Guiné-Bissau, desde meados de março do corrente ano.
O alastramento da doença obrigou o Presidente da República a mandar fechar as fronteiras aéreas, marítimas e terrestres, como medidas de índole humanitária, nomeadamente evacuações médicas, abastecimento de medicamentos e importação de bens alimentares de primeira necessidade. Três dias depois do fecho das fronteiras, mais exatamente no dia 27 de março, Umaro Sissoco Embaló decretou o primeiro estado de emergência, que já vai na sua quinta fase, alegando aumento significativo de casos, cujo total se cifra em mais de 1.500 infetados.
Perante a situação, o “Nô Pintcha” falou com os passageiros das três companhias em questão, para apurar a veracidade dos factos, uma vez que o jornal teve conhecimento de que o grupo de passageiros criou uma comissão para reivindicar e defender a sua posição, tendo marcado presença em frente à Presidência da República e à Procuradoria-Geral da República, bem como junto das agências das companhias acima mencionadas, a fim de manifestar o seu desagrado face à situação que os afeta. Na Presidência da República, o grupo foi recebido pelo chefe de gabinete, que lhes recomendou a redigir uma carta a enviar ao Presidente da República, enquanto nas instituições atrás mencionadas não foram recebidos.
Relato dos passageiros
António Tavares, passageiro da EuroAtlantic, disse à nossa reportagem que chegou a Bissau no dia 13 de março com regresso previsto para o dia 13 de abril, estando até à data presente retido em Bissau. O nosso interlocutor disse que falou para Portugal com a agência EuroAtlantic, tendo-lhe sido informado que os voos comerciais entre Lisboa-Bissau-Lisboa só serão retomados após a abertura das fronteiras pelas autoridades da Guiné-Bissau. Neste momento, a ligação Lisboa-Bissau-Lisboa está limitada a voos humanitários. “Chegou-se a planificar o início dos voos mas sem sucesso, uma vez que o país ainda não abriu a sua fronteira aérea”, disse.
Conforme Tavares, a companhia prometeu vir a Bissau no dia 3 de julho, caso venha a fronteira a ser aberto, pois já foram traçadas as escalas, ficando tudo a depender das autoridades guineenses.
Aquibo Baldé, também passageiro da EuroAtlantic e residente em Portugal, encontra-se entre os vários passageiros retidos em Bissau. Pretende marcar a viagem de regresso para o dia 4 de julho, mas a agência em Bissau diz não poder confirmar o voo em questão, não obstante estar a vender bilhetes ao preço de 400 mil francos CFA.
Desapontado, o jovem apelou à resolução deste problema por parte das autoridades, uma vez que muitos deles já estão a enfrentar problemas nos seus locais de trabalho em Portugal.
Consequências da retenção dos passageiros
Muitos desses passageiros estão a enfrentar problemas financeiros, perda de emprego, problemas de saúde, entre outros. No caso de Aquibo Baldé, mensalmente retiram da sua conta um determinado montante para pagamento da prestação do seu apartamento, em Lisboa. Se continuar retido em Bissau, vai ter problemas financeiros nos próximos tempos. Ouvimos relato de uma senhora que tinha comprado bilhetes para ela e os dois filhos. Os meninos continuam a perder aulas, uma vez que em Portugal as aulas estão a ser administradas através da televisão.
Reação das agências
Perante esta situação, a nossa reportagem dirigiu-se às três agências de viagens a fim de tentar saber da veracidade dos factos, mas sem sucesso, uma vez que na EuroAtlantic falámos com uma senhora que nos disse que não têm autorização para nos prestar qualquer declaração. Prometeu telefonar-nos quando estivesse na posse de informação. Já na TAP encontrámos tudo fechado, apenas tivemos acesso a um comunicado fixado à porta a informar a todos os passageiros que só após o fim do estado de emergência haveria informações sobre os voos.
Na Royal Air Maroc fomos informados pelo agente de segurança da agência que a abertura daquelas instalações depende das autoridades da Guiné-Bissau.
Por: Elci Pereira Dias