Nhaulém, que significa no dialecto mandinga “olho vermelho”, é uma tabanca situada no setor de Sonaco, Região de Gabú, habitada maioritariamente por fulas, seguido de mandingas, com uma população total de 688 habitantes, dos quais 387 mulheres e 301 homens, sendo que as crianças e jovens constituem a maioria da população.
Destas 387 mulheres, 120 delas dedicam-se também à produção hortícola, mas com enormes dificuldades, devido a falta da água para irrigação, associada as problemáticas de falta de vedação dos campos hortícolas que ficam expostos aos animais daninhos.
Os homens dedicam-se mais a agricultura, a criação do gado e a pesca, contando a comunidade com 20 pescadores que deslocam a enorme distância para asceder ao rio onde praticam a pesca artesanal.
Em termos de infra-estruturas, a comunidade conta com cinco poços de água tradicionais, uma bomba manual (água potável), uma escola de duas salas de aula que funcionam em dois turnos, construído em 2014 pela PLAN-GB, um Jardim comunitário e dois campos hortícolas.
Esta comunidade, apesar das potencialidades naturais existentes, vive numa situação difícil em todos os níveis e sem capacidade de resposta aos problemas que lhe afeta, pois atualmente não está presente nenhum projeto de desenvolvimento capaz de a ajudar na superação de tais problemas.
A informação foi avançada ao Nô Pintcha, à margem de uma sessão do diagnóstico participativo realizado pela DIVUTEC e ACPP de Espanha para identificação dos reais problemas da comunidade e elaboração de uma proposta da ação de apoio ao desenvolvimento local com base nas aspirações e soluções sugeridas pela comunidade.
Pela voz do chefe da tabanca, Mamadu Baldé a comunidade de Nhaulém, apesar das suas potencialidades naturais (recursos florestais, terra arável, entre outros) vive em extrema pobreza com dificuldades de vária ordem.
De acordo com Mamadu Baldé, a agricultura diversa, cria de animais, horticultura, pesca e pequeno comércio são as principais atividades económicas da população. Destacou a falta de meios de produção e de infra-estruturas de apoio como maiores dificuldades que estrangulam o desenvolvimento da atividade agrícola da população.
Disse que os camponeses praticam a agricultura nos planaltos e bolanhas, mas de forma rudumentar, o que reduz a capacidade produtiva da população e lança grito de socorro ao Governo e parceiros de desenvolvimento no sentido de ajudar a população local para superar as susas dificuldades.
Importante salientar aqui a capacidade produtiva das horticultoras da comunidade cujo solo é muito aproriado para a produção hortícola, mas o rendimento desta atividade está fortemente afetado devido a falta de infra-estruturas de irrigação dos campos de produção.
As horticultoras deparam com enormes sacrifícios na recolha de água para irrigar os perímetros. Pois, os poços tradicionais construídos por elas mesmas no interior dos campos, além de destruir o solo, secam-se rapidamente, deixando as hortaliças à merecê do sol e sendo que a zona é muito quente, prejudicando assim a produção. Este fato é ainda associado a falta de vedação adequada dos campos, o que facilita a penetração dos animais que por suas vezes destroem as plantas.
Saúde comunitária
As doenças mais frequentes na comunidade são paludismo, diarreia, vómito e infeções respiratórias, em que os maiores afectados são as mulheres e crianças. A comunidade, em caso de efermidades faz recurso ao centro de saúde de Mafanco que dista 2 quilómetros, mas também com fraca capcidade de atendimento, sendo que os casos mais graves são encaminhados para o hospital regional de Gabú que dista qualquer coisa como 30 quilómetros. Por vezes recorre ao centro de saúde setotrial de Sonaco ou hospital regional de Bafatá.
Importante destacar aqui que a insuficiência da água potável para o consumo humano está afetar a saúde da população, pois, a única bomba manual sita no recinto da escola não consegue satisfazer totalmente a necessidade da comunidade, obrigando algumas pessoas consumirem água de poços tradicionais pouco apropriada.
Além da admnistração oficial, a comunidade de Nhaulém é dirigida por um chefe tradicional, denominado “djarga”, na pessoa de Mamadu Baldé que resolve os conflitos internos da comunidade e quando a dimensão do conflito ultrapassa sua competência é encaminhado para autoridades administrativas. E, na hierarquia tradicional, ele responde diretamente ao Régulo de Cutame, a tabanca central do regulado da zona.
Disvicnulação com projetos de desenvolvimento
De acordo com o chefe da tabanca e testemunhada pela população local, a comunidade de Nhaulém está disvinculado com os projetos de desenvolvimento há vários anos, o que em certa medida cria dificuldades à comunidade.
Hoje em pleno século XXI, o desenvolvimento está ser pilotado pelos projeto de desenvolvimento que contribuem na luta contra a pobreza no seio das comunidades rurais e peri-urbanas em todo o mundo, particularmente nos países sub-desenvolvidos como o nosso. Pois, os financiamentos são direcionados às organizações da sociedade civil para gerirem e implementarem ações de acordo com as necessidades em cada zona.
A Guiné-Bissau não escapa a realidade, mas, apesar destes enormes financiamentos despendidos pelos doadores, ainda há muitas comunidades que estão descobertas destes apoios que tanto precisam, como o caso da comunidade de Nhaulém aqui referenciada nesta reportagem.
Várias outras comunidades rurais da Guiné-Bissau estão nas mesmas condições, vivendo em extrema pobreza e sem apoio de projeto perante uma incapacidade do Governo em dar resposta à situação.
Por: Djuldé Djaló