O país celebrou no dia 16 de novembro, os 51 anos da independência, 60 aniversário da criação das Forças Armadas e Centenário de Amílcar Cabral.
No quando da comemoração dessas efemérides, o Nô Pintcha registou depoimento de algumas personalidades, que foram unânimes em considerar que o Programa Maior, traçado pelo fundador das nacionalidades guineense e cabo-verdiana, está a ser cumprindo de uma forma faseada, porque trata-se de um processo que tem suas etapas. Eis o ponto de vista dessas individualidades:
Adja Satu Camará, ex-combatente da liberdade da pátria
Hoje é dia da alegria, mas também é de lembrança dos tempos mais difíceis que passaram durante a luta. Portanto, foi uma etapa marcada por sabores e dissabores. Na altura, éramos considerados de guerrilhos, mas hoje somos a Força Armada Revolucionaria do Povo.
É um orgulho assistir essa data, também é um exemplo vivo de reconhecimento dos colegas da trincheira, pelo que agradeço ao Chefe de Estado e a todos que fizeram com que o evento tornasse uma realidade.
O dia de hoje faz-me lembrar de várias batalhas em distintas frentes, principalmente as de Komo, de frente norte e leste, são batalhas que marcaram a luta armada.
Quanto ao cumprimento do Programa Maior, para mim sim, esse programa está a ser observado, porque se não estivesse a ser cumprido não estaríamos aqui, hoje, a celebrar. Estamos a cumprir esse programa de uma forma lenta, mas há passos que estão a ser dados nessa direção. O local onde nós encontramos (Avenida Amílcar Cabral, totalmente reabilitada) é um exemplo de cumprimento desse programa.
Artur Sanhá, ex-Primeiro-ministro
Estou muito satisfeito e ao mesmo tempo orgulhoso de ser filho daqueles que ontem lutaram pela independência do país. Portanto, aproveito esta oportunidade que me foi dado para parabenizar os antigos combatentes, principalmente o Amílcar Cabral.
Em relação às celebrações dessas datas tão importantes na vida do país e do povo guineense, agradeço ao Presidente da República e toda a comissão organizadora do evento. Esta celebração demonstra que algo está a ser feito em memória desses homens e mulheres que deram suas vidas para que hoje tornemos livres.
Foi a primeira vez na história do país que os antigos guerrilheiros são condecorados com medalhas de reconhecimento, um ato que é de louvar e de encorajar. Há muito que esses valentes mereciam ser distinguidos, mas como diziam, vale mais tarde do que nunca. Portanto, isso é o começo de várias outras iniciativas.
Espero que esta iniciativa de galardoar os antigos combatentes não fique por aqui, porque faltam muitos ainda por condecorar. Agradeço ao Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, general Biaguê Na N’Tan pelo gesto e pelo brilhante trabalho que tem feito na reorganização da classe castrense.
Em relação ao cumprimento do Programa Maior traçado por Amílcar Cabral, para mim, nada ainda está perdido. Cabral traçou dois programas, nomeadamente o mínimo e o maior. O Programa Mínimo já foi cumprido com letras de ouro e o maior está a ser cumprido paulatinamente, porque trata-se de um processo que tem várias etapas.
Para mim, não é um processo que se pode cumprir de um dia a outro, mas sim de uma forma faseada, uma vez que pode haver falhas de um momento para o outro. Mas esse programa é infinito, o que significa que passa de geração para geração.
Não há país no mundo que desenvolveu sem se passar por momento ruins. Nós também um dia vamos vencer essa batalha.
Fernando Mendes, presidente da Resistência da Guiné-Bissau – Movimento Bâ-fata
Começo por dizer que finalmente o país está a dar sinais de encontrar o caminho certo, cujos protagonistas têm merecido uma avaliação positiva da parte da população. Portanto, apelo àqueles que ainda não constataram esses factos, de que o país está a reencontrar o seu rumo, que vejam essa realidade.
Depois dos 60 anos da criação das nossas Forças Armadas, 51 anos da independência e o Centenário de Amílcar Cabral, devemos inaugurar um marco novo, que apela aos guineenses, sobretudo aos atores políticos, a um entendimento para que possamos andar juntos, de mãos dadas, para podermos consolidar os ganhos conseguidos ao longo desses anos e corrigir os erros.
Só não vê quem não quer ver, mas algo está a ser feito de bom e de positivo para o progresso do país. Devemos ter a cultura de dizer a verdade, apoiar os bons atos e criticar de uma forma ordeira aquilo que acharmos não estar bem.
O legado de Amílcar Cabral, infelizmente está a ser cumprido de uma forma tardia. Agora sim, estamos a dar sinais para o cumprimento desse Programa Maior, mas para isso, é preciso que conservemos essa paz e estabilidade precária que temos.
Alfredo Saminanco