51 Anos da independência: Legado de Cabral aquém das expetativas

O cumprimento do legado de Amílcar Lopes Cabral – “o Programa Maior”- que é a reconstrução do país, ainda está aquém das expetativas, diz ao Nô Pintcha Tomás Gomes Barbosa, que procedia a uma avaliação sobre os progressos do país ao longo dos 51 anos de independência.

Segundo esse político e homem de cultura, Cabral disse bem claro que a independência pode não servir para nada aos guineenses se não conseguirmos curar a dor e o sofrimento do povo. Isto é, se não houver escola, saúde, habitação condigna, energia e água potável para a população.

Lembrou que Cabral considerava a educação como maior arma da luta de libertação nacional. Também, dizia que não há desenvolvimento sem energia, porque sem ela nenhum país pode avançar. “Daí a importância desse setores no processo de desenvolvimento, sem pôr de lado outros setores vitais.

Na sua dissertação, Tomás Barbosa evocou outra questão fundamental, a cultura, que, no seu entender, é um fator essencial, pois nela reside o sucesso e retrocesso de um povo, porque através da cultura que uma nação pode mobilizar-se para combater qualquer invasão estrangeira.

Nesta sua avaliação sobre os 51 de independência e o centenário de Amílcar Cabral, Gomes Barbosa sublinhou que o país ainda tem enormes desafios para cumprir com o legado do fundador das nacionalidades guineense e cabo-verdiana, destacando a mudança de mentalidade como aspeto essencial para formação do homem novo.

Para ele, os sucessivos acontecimentos políticos que desestabilizaram o país desde anos 80 até a data presente, colocaram em causa, e de que maneira, os ideais de Amílcar Cabral, lembrando que muitas estruturas de base para o desenvolvimento haviam sido criadas, nomeadamente projetos agrícolas de Cabuxanque, DEPA de Contuboel, Carantaba, Coli e várias unidades de transformação de produtos, como é o caso de Leite Blufo, compota Titina Sila em Bolama, fábrica de Bambi, montagens de N`Ghaié (automóvel de marca Citróen) e Volvo, além das empresas pesqueiras como SEMAPESCA, GUIALP, Estrela-do-Mar e a empresa de transformação de madeiras “FOLBI”, bem como companhias de transportes marítimo, aéreos e terrestres, entre outras.

Todas essas infraestruturas, segundo Tomás Barbosa, eram alicerces para o desenvolvimento do país, mas que deixaram de funcionar por falta de boa gestão.

Por outro lado, apontou a unidade nacional como pilar fundamental para materializar o sonho de Amílcar Cabral, pois, o sucesso da luta armada de libertação nacional foi graças a unidade de toda a população guineense.

Igualmente, sublinhou a questão da liderança inclusiva e diálogo como elementos essenciais capazes de promover ambiente propício para galvanizar o desenvolvimento.

Por fim, enalteceu os esforços das atuais autoridades na melhoria das condições infraestruturais, referindo-se neste caso a construção e melhoramento das artérias da cidade capital, mas lembra que Guiné-Bissau não é só Bissau.

 

Texto: Djuldé Djaló

Fotos: Aliu Baldé

 

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