O Primeiro-ministro considera que o diálogo inter-religioso valoriza as riquezas de tradições de fé distintas e mostra como elas são fundamentais umas às outras e cruciais para a resolução dos problemas candentes, tais como guerras, violência, pobreza, questões de género e violação dos direitos humanos.
Rui Duarte Barros fez essas afirmações no ato das comemorações do Dia Internacional da Paz, instituído pela Assembleia Geral das Nações Unidas, no dia 21 de setembro de 1981.
As celebrações deste ano decorreram sob o lema: “A importância do diálogo inter-religioso na consolidação da paz e prevenção do radicalismo e extremismo violento”, e foram promovidas pelo Observatório da Paz Nô Cudji Paz, com o financiamento da União Europeia e cofinanciado pelo Instituto da Cooperação e da Língua Portuguesa.
Durante a sua comunicação, o chefe do Governo assegurou que a Guiné-Bissau só poderá alcançar um desenvolvimento integral e sustentável, se conseguir promover uma cultura de paz e fraternidade, baseada nos princípios da liberdade, justiça, democracia, respeito e solidariedade.
Segundo o governante, os líderes de diferentes confissões religiosas têm a grande responsabilidade de promover a harmonia e educar seus respetivos fiéis a viverem como irmãos, criando condições para a existência de uma sociedade de cultura de tolerância religiosa e de respeito mútuo.
Entretanto, Rui Barros lembrou dos episódios de violência contra os locais de culto, que ocorrem no país nos últimos anos, com especial destaque aos “repugnantes atos” de destruição de alguns lugares de prática de religião tradicional, que não podem repetir-se no país.
Nesse sentido, prometeu que, enquanto chefe do Governo, não vai poupar esforços para a criação de condições de segurança a todos os cidadãos nacionais e estrangeiros residentes no país, de forma a desenvolverem as suas atividades religiosas, sociais e económicas, num contexto de total liberdade.
Por seu turno, o presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos afirmou que o diálogo inter-religioso constitui o caminho certo em direção à paz.
No entender de Bubacar Turé, o processo é um curso que se prolonga no tempo, um trabalho paciente de busca da verdade e da justiça, que honra a memória das vítimas e abre via para uma esperança comum, mais forte do que a vingança.
Segundo o ativista dos direitos humanos, esses valores se repousam nas igrejas, nas mesquitas e nas balobas. “E é por isso que não iremos poupar um único esforço para proteger e perpetuar a nossa rica cultura de tolerância religiosa”, disse Turé.
As comemorações da data visam convocar os guineenses para a importância do reconhecimento da responsabilidade individual e coletiva, na promoção de diálogo nacional, principalmente inter-religioso, enquanto pressuposto indispensável para a redução da tensão política e a consolidação da paz.
O encontro congregou representantes de todas as confissões religiosas, membros do Governo, forças de defesa e segurança, Corpo Diplomático, líderes tradicionais e religiosos e organizações da sociedade civil.
Importa salientar que o projeto Observatório da Paz Nó Cudji Paz é uma iniciativa do Instituto Marques Valle de Flör e da Liga Guineense dos Direitos Humanos, tendo como objetivo prevenir a radicalização e extremismo violento.
Fulgêncio Mendes Borges