O presidente da Associação dos Intermediários disse que o volume da exportação da castanha de caju poderá atingir 200 toneladas, contra as previsões do Governo que apontavam para 250 toneladas. Isso deve-se à fraca produtividade dos pomares este ano.
Em entrevista ao Nô Pintcha, para proceder ao balanço da presenta campanha de comercialização da castanha de caju, Lassana Sambu afirmou que a situação melhorou significativamente este ano, apesar das dificuldades verificadas, devido à baixa drástica de produção e de produtividade.
Por outro lado, lamentou o facto de os camponeses continuarem a sofrer mesmo com a aplicação de bom preço ao produtor, isto porque a inflação falou mais alto, sobretudo no que tem a ver com os produtos de primeira necessidade.
Quanto aos constrangimentos que se verificavam durante as campanhas, aquele responsável elogiou o Governo pela “sábia” decisão de emissão de um único alvará, eliminando todas as barreiras não tarifárias e, consequente, a redução drástica de imposto de escoamento de 28 para 10 francos CFA.
“Portanto, a redução da taxa de escoamento contribuiu muito, não só no escoamento da castanha como também facilitou ainda mais o comprador final no exterior a ter margem de mobilidade já que não irá pagar essa taxa”, explicou.
Porém, afirmou que a sua organização está inquieta com atitudes dos fiscais colocados no terreno, pois aplicam coimas indevidas mesmo em situações em que só um simples orientação pode superar tudo.
“Se surpreender um comerciante a comprar caju na ausência de algum documento, pode suspendê-lo, dando-lhe orientações, no sentido de procurar as devidas instâncias, para aquisição de documentos em falta, não prender a castanha e revertê-la a favor do Estado, isso é prejudicial”, alertou o presidente da Associação dos Intermediários.
Lassana Sambu informou, igualmente, que a lei estabelecida pelo o Governo determina, caso alguém for apanhado a exportar a castanha por via terrestre, será confiscada todo o produto, revertendo-o a favor de denunciante, apreendedor e do Estado. “Isso sim, apoiamos”.
No que concerne à fuga da castanha para o Senegal, Sambú explicou que é difícil negar, mas reduziu significativamente este ano. “Neste sentido, o Governo deve pautar pela mudança semanal daqueles operativos, com vista a permitir maior e melhor controlo na linha fronteiriça”.
Assim, apelou ao Governo, no sentido de dar maior atenção ao tratamento de semente de caju e renovação dos pomares, uma vez que ganha muito dinheiro com a campanha de comercialização desse produto.
Fraca produtividade
O vice-presidente da Associação Nacional dos Agricultores (ANAG) lamentou o facto de este ano ter-se registado a baixo de produtividade de caju em cerca de 20 por cento, apesar de bom preço praticado na compra da castanha.
Corca Djaló disse que esta situação constitui preocupação da sua organização, uma vez que vários fatores têm contribuído, entre os quais, o envelhecimento dos pomares e ataque contínuo dos fungos.
Djaló considerou afluência dos compradores de positivo ao ponto de procura superar a oferta, “provas disso, é o facto de, até então, os comerciantes estão à busca da castanha em todo o interior do país”.
Questionado sobre qual foi o comportamento dos comerciantes em relação ao aproveitamento das fragilidades dos agricultores, aquele responsável disse que foi o mesmo dos anos anteriores, razão pela qual a sua organização está focada na criação de cooperativas, com vista a reduzir tais práticas. “Portanto, se o projeto em questão consolidar esses comportamentos vão ser ultrapassados, embora as cíclicas instabilidades políticas não ajudam”.
Entretanto, afirmou que este ano não se registou grandes constrangimentos durante a campanha de comercialização da castanha de caju. “Pelo menos até ao preciso momento, a ANAG não recebeu qualquer denúncia, isto porque houve sintonia entre o Governo e a Câmara Comercio, Indústria e Serviços (CCIAS), o que contribuiu no sucesso da campanha.
Por outro lado, aproveitou a ocasião para lamentar os transtornos que os seus associados enfrentam, decorrentes da lentidão da Administração dos Portos da Guiné-Bissau (APGB) na exportação da castanha.
“Como forma de evitar essas situações, a ANAG e CCIAS haviam reunido, no sentido de encontrar possibilidade de proceder, igualmente, à exportação via terrestre, mas o Governo não aprovou a ideia”, informou.
Não obstante, disse, há que encontrar uma saída airosa para superar a lentidão dos Portos de Bissau em relação à evacuação da castanha.
Quanto ao investimento na fileira de caju, o vice-presidente da ANAG apelou ao executivo, no sentido de investir os fundos provenientes das taxas na promoção e transformação local da castanha. “Pois, essa decisão foi resultado de consenso alcançado com todos os intervenientes, para fazer face às pragas que têm vindo a atacar a planta de caju e melhorar os pomares”.
A finalizar, Corca Djaló lembrou que a Guiné-Bissau tem potencialidades no domínio da agricultura, razão pela qual o Governo deve investir no setor, adquirindo máquinas suscetíveis de melhorar a produção, tanto de caju como de outras fileiras, porque só dessa forma que o país pode crescer economicamente.
Julciano Baldé