Dados oficiais na posse do Nô Pintcha apontam que, de início da época chuvosa a esta parte, já foram registadas 328 casas destruídas pelos ventos nas regiões de Bafatá e Gabu, 11 infraestruturas, nomeadamente três escolas, uma mesquita, três sedes de serviço de Estado, armazéns, entre outros.
O mau tempo que se registou nas primeiras chuvas deste ano estão a deixar muitas famílias sem-abrigo um pouco por todo o país, com danos materiais incalculáveis.
Para já, a situação está a preocupar a população, cuja maioria tem habitações de construção precária. No entanto, o jornal Nô Pintcha contatou os serviços da Meteorologia para falar sobre as causas e previsões.
Neste sentido, o Instituto Nacional da Meteorologia (INM) garantiu que o país espera grande quantidade de chuvas esse ano. Em relação aos ventos fortes, disse que o fenómeno está associado à grande quantidade de chuvas que se espera.
“É um sistema que, quando desloca de um lugar para outro, vai com vento forte que condiciona a chuva, que espalha por toda parte, e isso não é estranho”, explicou o ponto focal de previsão climática sazonal, Cherno Luís Mendes.
Sobre a origem dos ventos no início da chuva, afirmou que devemos sempre esperar acontecimentos de fenómenos extremos e não se pode comparar os tempos passados com o atual.
“As situações que acontecem em termos de ambiente são normais, porque a questão das mudanças climáticas faz com que tenhamos, de facto, fenómenos diferentes, o que realmente está sendo verificado nos últimos tempos, e que dantes não existia”, referiu.
Cherno Luís Mendes explicou que o vento forte que se verifica no início das chuvas está associado ao ano da pluviometria, e isso faz com que a situação se desloque para norte, que é a frente intertropical, permitindo assim a saída do vento da zona sul até ao seu nível na parte norte que condiciona chuva.
“Quando o vento desloca da zona norte, a tendência é de haver uma agitação forte permitindo assim a deslocação de frente intertropical com a intensidade, e daí que começa a chover, e quando chega no final, desce de norte ao sul”, explicou
Cherno Luís Mendes afirmou que a questão da mistura do clima quente e húmido é normal, porque é mais favorável que quando desfruta das duas condições climatéricas ao mesmo tempo, pois isso ajuda na formação de nuvens e traz mais chuva.
“Apenas o clima frio não consegue desenvolver verticalmente a nuvem no seu nível topo, é necessário a junção dos dois climas (quente e frio) ”, sublinhou.
Precauções a tomar
Em termos de precaução desses fenómenos, Luís Mendes lembrou que a Meteorologia sempre chamou a atenção à população, no sentido de cuidar quando o sistema desloca, acompanhado de fortes ventos.
Aconselhou manter sempre as portas e janelas fechadas, porque quando o vento entra numa casa e se não encontrar espaço para a saída, acaba por fazer estrago, destruindo a cobertura.
Para aquele técnico da Meteorologia, tendo em conta os fenómenos estranhos que aparecem agora, é fundamental construir casas resilientes capazes de resistir às situações de calamidades.
Igualmente, referiu sobre o mau trato das valetas, causado pelos próprios moradores, o que obviamente contribui na deterioração das mesmas, prejudicando assim a própria comunidade.
“As pessoas vazam o lixo nas valetas de drenagem, dificultando a passagem das águas de chuva. Entretanto, fazer a limpeza desses canais antes da época da chuva, deve ser a prática adequada dos moradores para não causar problemas nas residências.
Mais danos na Região de Gabu
Os dados recolhidos a nível nacional, até ao mês de junho, o impacto tem maior incidência no setor de Pitche, aonde se nota o maior número de vítimas de ventos fortes.
Neste momento, segundo o coordenador do Programa do Serviço Nacional de Proteção Civil, Alsau Sambu, estamos a receber solicitações de ajuda por parte das vítimas de mau tempo, mas respostas aos pedidos requerem a disponibilidade de meios.
“Portanto, a vocação do Serviço Nacional de Proteção Civil é criar condições para a prevenção, pois, a resposta implica recuperação, reabilitação e reconstrução, o que precisa de muitos meios, que nalguns casos ultrapassam as nossas competências”.
Neste momento, acrescenta, estamos empenhados no processo de identificação de vítimas e, ao mesmo tempo, já está em curso a mobilização de recursos para poder assistir as necessidades das pessoas em tempo oportuno.
Solicitado a falar das dificuldades, o coordenador disse que ainda estão na fase de avaliação dos impactos do mau tempo, tendo sublinhou que as habitações foram mais atingidas pelos ventos.
“Ainda estamos a trabalhar sobre os danos registados nas residências, de formas que não podemos ainda indicar, em concreto, onde se regista maior dificuldade, portanto, os trabalhos estão progredindo”, disse.
Alsau Sambu pediu à população para ter em conta as previsões avançadas pela Meteorologia, segundo as quais, este ano vai-se registar fortes ventos e muita chuva, acompanhada com muita agitação.
“Também, o Serviço Nacional de Proteção Civil tem dado orientações, no sentido de as populações estarem atentos e em alerta sobre as tempestades, tendo garantido serviços regulares quando houver casos de previsão excecional de chuvas ou ventos”, persuadiu Sambú.
Sobre o assunto, o Nô Pintcha registou preocupações de alguns cidadãos. Rogermindo Augusto Correia apelou aos guineenses, no sentido de serem cuidadosos e atentos às agitações fortes previstas. Associou o aparecimento de ventos fortes à corte desenfreada, ilegal e desorganizada das árvores, e isso tem como consequências as calamidades naturais que estão sendo verificadas atualmente.
Enquanto isso, Iaia Francisco apelou à colaboração de todos, no sentido de levar em consideração os avisos e orientações dadas pelos técnicos relativamente ao mau tempo.
“Imaginem, se só no início das chuvas o mau tempo já causou muitos danos, o que poderá acontecer nos próximos tempos em que os ventos são ainda mais fortes e destruidores. Portanto, a obediência aos conselhos ajudaria bastante na minimização de estragos”, finalizou.
Cadidjatu Bá