O presidente interino cessante do Partido da Renovação Social (PRS) apelou o retorno à união de todos os militantes em torno do partido, pois eles são “muito poucos” para os desafios que se colocam, sendo certo que as divergências e disputas políticas devem ser feitas no fórum próprio.
O apelo de Fernando Dias da Costa, candidato ao cargo do presidente do PRS, na abertura do primeiro Congresso Extraordinário dessa formação política, que se iniciou hoje, dia 28 de junho, em Bissau, na presença dos representantes dos partidos político, nomeadamente, PAIGC, Madem-G15, APU-PDGB e Partido Luz.
Na sua comunicação, Fernando da Costa afirmou que o momento atual do partido ficará, brevemente, registado como um facto passado, que apenas servirá de lição para uma reflexão comum, mas nunca como modelo a seguir ou a repetir, pois o passado é lição para refletir, não para repetir.
Aquele político elogiou e agradeceu aos militantes do PRS, que sempre se posicionaram, com coragem, em defesa dos seus ideais e dos valores da liberdade, transparência e justiça, continuando assim a fortalecer esse grande projeto político social, apesar do contexto interno e externo difícil em que se encontra.
Dia da Costa considerou o Congresso Extraordinário de inédito ao longo dos 32 anos da existência do PRS e que constituirá, sem dúvidas, um marco indelével na sua história.
“Assinale-se que, após a sua criação, o PRS foi consolidando e convencendo uma esmagadora franja da população sobre os propósitos da sua existência, ancorados nos seus ideais, enquanto projeto político sério, rompendo assim com a elitização da sociedade guineense, promovendo, porém, igualdade de tratamento e na distribuição de oportunidades, sem distinção da cor, género, religião e pertença étnica”, disse.
Nesse sentido, o político lembrou que, com a vitória eleitoral do PRS nas eleições legislativas e presidenciais de 1999/2000 e durante os escassos dois anos e oito meses da sua governação, o partido realizou importantes feitos.
Fernando Dias da Costa destacou que a idealização e construções da ponte de João Landim, das casas dos Antigos Combatentes, do edifício da Assembleia Nacional Popular para melhor dignificar os representantes do povo, funcionamento da rede de comunicação móvel.
Igualmente, a construção de vias urbanas com alcatroamento em arrobe, a massiva concessão de bolsas de estudos aos jovens, cuja boa parte assegura atualmente o funcionamento da nossa Administração Pública, concessão de 1500 bolsas para peregrinação à Meca, facto nunca visto na história da Guine Bissau.
“E ainda, o despertar da consciência cívica, de almas adormecidas, do renascimento do sonho e da esperança dos antigos combatentes, em particular, e do povo guineense em geral. Não restam dúvidas que o nosso PRS é partido do povo e para o povo”, considerou.
Reposicionar no concerto político
Por outro lado, lembrou que, recentemente, foi realizada a reunião do Conselho Nacional em que, de forma unânime, sem qualquer voto contra, ficou deliberada a continuidade da atual Direção, até à realização do congresso ordinário, a ter lugar em janeiro de 2026, preenchendo deste modo a vacatura deixada com a “triste e lamentável” morte do então presidente, Alberto Nambeia.
“Contudo, com o eclodir de vozes discordantes, que reclamam a realização de um congresso extraordinário antes da referida data e, em resposta a tais protestos, a atual Direção, imbuída de espírito reconciliador, na reunião do Conselho Nacional, órgão deliberativo mais importante entre os congressos, da qual a maioria qualificada (quase 80%) dos seus membros, designados por esse órgão do partido, deliberaram pela convocação desta reunião magna extraordinária, num contexto em que se assiste disputas políticas e até judiciais, derivadas de intentos obscuros, tudo numa vã tentativa de fragmentar o PRS”.
Isso também, segundo ele, como forma de comprometer a agenda de reposicionar o PRS no concerto político nacional, no qual o partido se apresenta, indiscutivelmente, como pioneiro da democracia guineense.
“Perante esta realidade, não é incomum reconhecer que o cenário interno atual do nosso partido constitui não só um desafio para todos os militantes, mas também surgiu como uma oportunidade de o PRS se reencontrar consigo mesmo e avaliar a qualidade dos verdadeiros militantes capazes de encarnar a ideologia do PRS para próximos desafios”, concluiu Fernando Dias.
Fulgêncio Mendes Borges