Os populares de Secção de Kupul, Setor de Prabís, depois de mais de duas décadas de sacrifício, finalmente beneficiaram de uma ponte construída de raiz pela ONG Acolher, Nutrir e Amar (ANA), batizada com o nome de Abílio Salvador, assim como de um Centro de Acolhemento das crianças regressadas de tratamento médico em Portugal.
A construção dessa travessia veio na sequência do apoio que a ONG ANA, Fundação João XXII e Casa do Oeste têm vindo a dar ao país em diferentes áreas, principalmente nos setores de saúde e educação.
A ANA e a Fundação João XXII têm prestado assistência na evacuação de crianças com problemas cardíacos e cancro e, neste momento, está para chegar ao país dois contentores de material escolar e hospitalar.
Depois de inauguração dessas duas infraestruturas, Iaia Cumba, em representação do ministro da Saúde Pública, disse que a casa do acolhimento que agora se inaugura, co-financiado pela Fundação João XXIII, irá, certamente, absorver os cuidados e custos que os familiares teriam que suportar com o regresso de suas crianças após o tratamento em Portugal.
Segundo aquele responsável, o centro servirá de um prolongamento de cuidados especiais a serem dadas a essas crianças durante o período que for necessário, de forma a garantir que continuem saudáveis e sem probabilidade de voltarem a sofrer as mesmas doenças.
Nesse sentido, Iaia Cumba reiterou a total abertura e disponibilidade do Ministério da Saúde Pública em tudo fazer, no que respeita a sua responsabilidade, para que os investimentos que se destinam à saúde da população tenham êxitos.
“Porém, olhando para aquelas crianças ainda com problemas cardíacos e cancro, aguardando a oportunidade de poderem beneficiar de um tratamento especializado no estrangeiro, e atendendo o risco que as mesmas corram divido às condições críticas em que vivem, o ministério aproveita essa ocasião, para solicitar as duas organizações a tomarem como preocupação a situação dessas crianças. Ou seja, o facto de elas permanecerem nessas condições, poderá, condicionalmente, aumentar o risco de agravar a doença e pôr em causa a sua saúde”, rogou.
Por outro lado, disse que as ações levada a cabo, com vista à redução da mortalidade materno-infantil na Guiné-Bissau, que, de algum tempo para cá, está sendo apoiada financeira e tecnicamente pela União Europeia, através do programa PIME, constitui uma prioridade excecional para o Ministério da Saúde, no âmbito dos objetivos definidos pela OMS. Por isso, acrescentou, os projetos dessa natureza constituem, na verdade, uma mais-valia para o reforço do sistema nacional de saúde.
No entanto, Iaia Cumba reconheceu que ainda há dificuldades a nível do sistema para a garantia dos cuidados primários em condições aceitáveis, mas mesmo assim, o Ministério de Saúde e os parceiros têm dados passos significativos.
Obstáculo ao desenvolvimento
Por seu lado, o delegado da Fundação João XXIII na Guiné-Bissau, Raul Daniel da Silva, afirmou que as taxas alfandegárias aplicadas no país estão a constituir um obstáculo ao desenvolvimento, além de desencorajar investimentos.
Nesse sentido, exortou ao Governo para a revogação do despacho que suspende a isenção dos materiais importados pelas ONG nacionais e estrangeiras, por estar a condicionar vários projetos de apoio às comunidades vulneráveis.
“As ONG e entidades religiosas podem fazer muita coisa para o país, mas com essas medidas regidas vão contribuir negativamente no processo de desenvolvimento ”, realçou.
Em relação ao Centro de Acolhimento e a ponte, Raul da Silva disse que os populares de Kupul vão respirar de alívio, porque agora terão facilidade de circulação.
Revelou que, neste momento, mais de 12 armazéns em Portugal estão cheios de materiais para a construção de diferentes infraestruturas, nomeadamente hospitalares e escolares, que irão beneficiar a população guineense.
“O dinheiro que o Estado perde na isenção dos materiais das ONG e entidades religiosas pode ser recompensado na população, como beneficiária de intervenções dessas ONG. Já apoiamos na construção de centros de saúde, casas de acolhimentos de crianças, escolas, assim como no tratamento de crianças no estrangeiro”, salientou.
Por fim, a presidente da ANA, Maria Filomena Alves Almeida, disse que a sua organização está a trabalhar, no sentido de ajudar as crianças com problemas de cancro, através de evacuação para estrangeiro, a fim de receber tratamento especializado, ajudando-as a estudar e trabalhar, sobretudo para aquelas que queiram ficar, mantendo a sua dignidade sem, no entanto, ficar a mendigar ao Estado português.
Alfredo Saminanco