O Jornal Nô Pintcha completou 49 anos, no dia 27 de março. Coincidentemente, está a frente da instituição, uma diretora com a mesma idade, sendo a primeira desde sua criação, em 1975.
Esta idade já lhe podia valer uma afirmação, mas tendo em conta a várias conjunturas que o próprio país tem vindo a atravessar, não o permitiu erguer-se, tal como tem sido o sonho de vários dirigentes, tanto titulares da pasta como diretores-gerais, cujo sonho, com certeza, era deixar legado que testemunhasse a sua passagem.
O semanário “ Nô Pintcha” conheceu o seu apogeu nos primeiros momentos da sua criação, pois como único jornal que existia na altura, tinha uma tiragem superior a cinco mil exemplares, com periodicidade trissemanal, saindo às segundas, quintas e aos sábados.
Poucos anos antes da realização das primeiras eleições multipartidárias, em 1994, o jornal “Nô Pintcha” passou para semanário, e começou a reconquistar a sua credibilidade. Disponibilizou as suas páginas para inserção de publicidades e anúncios, com os quais foi suportando os custos das suas publicações, aquisição de matérias-prima e subsídios para alguns funcionários.
De 2012 a 2015, o jornal implementou uma periodicidade bissemanal, passando de semanário para bissemanário e a cores. Mas, entretanto, tal experiência não deu resultados satisfatório, tendo em conta, por um lado, ao fraco poder de aquisição dos leitores e, por outro, a existência de mais jornais no mercado e ao elevado custo que as duas edições semanais acarretavam perante fracos recursos, sobretudo anúncios, tendo em conta a predominância do mercado informal em detrimento de empresas bem formalizadas que poderiam interessar-se à publicidade.
Esse órgão de imprensa escrita do Estado da Guiné-Bissau ainda depara com algumas dificuldades ligadas, essencialmente, à falta de máquina de impressão á cores, que podia facilitar as saídas bissemanais, meios de transporte para a reportagem nas regiões, tendo em conta que a Guiné-Bissau não é só Bissau, sem esquecer que, da sua criação a esta data, funciona num edifício partilhado com a Imprensa Nacional e a Agencia de Notícias da Guiné, facto que limita o funcionamento devido dos serviços.
Entretanto, o semanário passou por diversas fases de crescimento, da maturação, assim como da decadência, não por responsabilidade dos anteriores diretores, mas por diversas situações conjunturais, que até hoje não conheceu os melhores dias.
Tendo em consideração a concorrência do mundo da comunicação, decidimos fazer algumas mudanças no jornal, introduzindo na segunda página uma rubrica denominada LOCAL e já na oitava, a CIDADANIA.
O LOCAL é preenchido com as notícias das regiões, concretamente o desenvolvimento ou retrocesso das mesmas, para assim alertar o Estado das situações diversas, que, por vários motivos, não dá conta.
Também, pode-se ver no semanário, números de contactos de urgência de instituições como Bombeiros, Guarda Nacional, Hospital Simão Mendes, Ministério do Interior e Polícia Judiciária, como rege a regra de uma instituição de informação.
Entretanto, o 49º aniversário está a ser assinalado com uma singela cerimónia, que, para nós, é motivo de satisfação, pois apesar de todas as carências, os seus servidores estão com coragem e força para continuar a desbravar terrenos, através de novas apostas, tudo com objetivo de promover um desenvolvimento harmonioso da Guiné-Bissau.
O jornal “Nô Pintcha”, ao longo da sua existência, tem realizado um percurso, ora de travessia de deserto ora de amargura (ora doce, ora salgado), mas continua imbuído da mesma coragem, que sempre norteou a escolha do nome ‘”Nô Pintcha”, lema, outrora, adotado por aqueles que deram o melhor de si e que hoje permitiu fazer nascer uma Nação, um Estado.
Elci Pereira Dias