No âmbito de garantir o funcionamento regular de Cantinas Escolares, o Programa Alimentar Mundial (PAM) procedeu, dia 27 de fevereiro, no sul do país, ao lançamento do Projeto de Apoio ao Desenvolvimento do Mercado Agrícola, que visa, entre outros objetivos, assegurar uma refeição quente às crianças de 900 escolas do país.
Neste momento, o projeto do PAM trabalha diretamente com 12 cooperativas agrícolas, para assegurar o abastecimento das Cantinas Escolares em todo o país, garantindo às crianças refeições quentes nas respetivas escolas.
Entre as 12 cooperativas parceiras do PAM, apenas a de Mato Faroba armazenou pouco mais de 100 toneladas de arroz, quantidade produzida com meios agrícolas rudimentares, ou seja, o trabalho manual que exige muito esforço físico dos homens e mulheres no campo.
No entanto, o lançamento desse projeto aconteceu na Região de Tombali, concretamente na povoação de Mato Faroba, sul do país.
Na ocasião, o diretor-geral da Agricultura, Júlio Malam Injai, em representação do ministro da Agricultura, salientou que a água é indispensável para a produção agrícola, por isso, defendeu as iniciativas de retenção desse precioso líquido para a lavoura ou através de projetos de irrigação com o sistema solar.
Para Malam Injai, a vedação consistente dos pomares seria um método para evitar a corte de matas para a vedação das hortas. Considerou que o sacrifício que as mulheres consentem está na origem de envelhecimento prematuro das mesmas.
Injai lembrou que, antigamente, o coconote foi o primeiro grande produto de exportação, depois veio a mancarra e atualmente o caju. Com essas mudanças, apelou à diversificação das culturas como forma de evitar escassez de produtos alimentícios.
Por seu turno, o representante do PAM prometeu comprar cerca de 100 toneladas de arroz e 700 de feijão, com o intuito de apoiar o funcionamento das Cantinas Escolares.
Claudi Kakule Makanda afirmou, por outro lado, que há um estudo científico, segundo o qual “investir um dólar num campo agrícola pode gerar um rendimento de nove dólares”. Neste sentido, assegurou que a organização que representa aposta no mercado agrícola.
Entretanto, Claudi Kakule Makanda lembra que o PAM assegura o abastecimento das cantinas escolares desde 2014. “A previsão inicial era apoiar 800 escolas em todo o país, mas agora o número de estabelecimentos de ensino beneficiários subiu para 900, pois, até 2027, esta organização mundial espera estabelecer parceria com cerca de 100 cooperativas agrícolas na Guiné-Bissau”.
O representante afirmou que a organização sozinha terá dificuldades de concretizar esse sonho, por isso, apelou ao envolvimento de mais parceiros nessa luta de apoiar os que mais precisam.
Criação de jardim
Em nome das mulheres, Filomena Nanfad convidou o PAM a visitar as comunidades mais vezes, sobretudo nos momentos da produção, para conhecer melhor não só as potencialidades, mas também as dificuldades.
“Queremos materiais de trabalho para minimizar o esforço físico, pois, produziríamos muito mais se tivéssemos meios. É um sacrifício enorme produzir 100 toneladas sem qualquer tipo de máquina”, lamentou.
De acordo com Nanfad, a dificuldade de acesso à água para a irrigação dos campos hortícolas tem sido um dos entraves na produção de hortaliças em quantidade. “Percorremos longas distâncias a procura da água para salvar as nossas culturas”.
Ao Governo e aos parceiros de desenvolvimento, aquela agricultora apelou à concessão de créditos agrícolas, como forma de rentabilizar a produção. Para ela, a criação de um jardim para as crianças na povoação de Mato Faroba seria um investimento valioso, com impacto no futuro da comunidade local.
“Não queremos apenas comprar os produtos junto dos agricultores, mas, também, a nossa intenção é capacitá-los, de forma a poderem fazer negócios rentáveis, que recompensam os esforços físicos”, disse.
De salientar que a localidade de Mato Faroba foi escolhida para o arranque do projeto, por ser a cooperativa agrícola com o melhor cumprimento das exigências pré-estabelecidas com o PAM, por um lado e, por outro, por gozar do estatuto de Celeiro da Guiné-Bissau.
Aliu Baldé