Gabu reúne atores de gado para delinear estratégias de combate ao roubo

A Administração Regional de Gabu realizou, no dia 15 deste mês, nessa cidade, o primeiro Fórum Regional de Concertação e de Diálogo Social sobre a problemática do roubo de gado.

O evento envolveu diversos atores da sociedade, incluindo o Governo, com vista a contribuir para a identificação da origem desse fenómeno e, juntos delinear estratégias para o seu combate.

A realização desse fórum foi por iniciativa da governadora da região, Elisa Tavares Pinto, que inclui diversos atores da sociedade, nomeadamente régulos, imames, sociedade civil, mulheres, juventude, criadores de gado e forças de defesa e segurança, para, em conjunto, debater de forma aberta o fenómeno de roubo de animais.

A ministra do Interior, Adiato Djaló Nandigna, foi quem presidiu a cerimónia de abertura desse encontro. Na ocasião, disse que as leis existem e devem ser cumpridas, pois são abstratas, gerais e de cumprimento obrigatório.

Para o seu cumprimento é preciso, em primeiro lugar, identificar os transgressores e traduzi-los à justiça. Nesse sentido, pediu à colaboração dos cidadãos, enquanto primeiro e melhor segurança de si próprios.

Ao Governo, particularmente o Ministério do Interior, a governadora da Região de Gabu disse haver a necessidade de reforçar a região com o dispositivo policial efetivo, tendo em consideração à evolução demográfica da região.

Elisa Pinto anunciou à ministra que a Região de Gabu beneficiou de um tribunal regional e uma esquadra modelo, financiados pelo Programa das Nações para o Desenvolvimento (PNUD), cujos funcionários precisam de um enquadramento legal na Função Pública.

Aos parceiros de desenvolvimento, a governadora pediu apoios necessários para fazer face a vários problemas que a Região de Gabu enfrenta, com destaque para as situações de saúde, educação, delinquência juvenil e a problemática de roubo de gado bovino.

“Temos um país muito em recursos naturais, mas muitas vezes não conseguimos aproveitar das nossas potencialidades, devido aos parcos meios disponíveis perante as inúmeras necessidades do povo. Portanto, vamos enviar as resoluções que vão sair deste encontro aos parceiros, pedindo para que tenham em consideração as recomendações saídas deste fórum”, adiantou Elisa Tavares Pinto.

Criação de Fórum

No âmbito dessa conferência regional, os participantes criaram um “Fórum Interventivo”, para o qual, foi definida a visão, o mandato e o objetivo dessa estrutura regional, tendo sido votada a direção que o conduzirá durante o primeiro ano das suas atividades.

A representante residente do PNUD, Alessandra Casazza, considerou interessante e oportuna a iniciativa da administração regional, na medida em que, no seu entender, o diálogo e a coordenação social são melhores ferramentas para que as comunidades encontrem soluções.

Casazza afirmou que o gado é fundamental para a vida das populações em África. Em relação à segurança, a representante do PNUD adiantou que em novembro este organismo das Nações Unidas vai reforçar parceria com o Ministério do Interior para a implementação dos planos de governação em matéria de segurança pública.

Por seu lado, o presidente da Associação de Criadores de Gado na Região de Gabu, Amamdu Tidjane Candé, disse que a criação de vacas é uma atividade que sustenta as necessidades quotidianas de muitos cidadãos. Por isso, as autoridades políticas, enquanto responsáveis pela segurança de pessoas e bens, devem encontrar soluções para uma convivência social sem grandes perturbações.

No entanto, Tidjane Candé exortou às autoridades a assumirem as suas responsabilidades, pois, conforme ele, os criadores contribuem bastante para o crescimento da economia nacional e são garantes do normal abastecimento da carne verde.

Mais de 654 mil cabeças de gado

O recenseamento geral do gado, feito em 2009, revelou que a Região de Gabu possui, na altura, 654.326 cabeças de gado bovino, e que atualmente estima-se que o número está acima de um milhão de vacas.
Enquanto isso, revela que a quantidade de caprinos (cabras) se situava em 156.349, enquanto carneiro rondava 193.454 cabeças.

Em relação ao registo de roubos, o criador anunciou que, nos últimos tempos cerca 742 cabeças de gado foram subtraídas pelos gatunos e cerca de 3.000 são dados como desaparecidos. Dessa quantidade, apenas 28 bovinos foram recuperados pelas autoridades, situação que preocupa o presidente da associação de criadores.

“As autoridades responsáveis pela segurança sabem quem são os ladrões de gado. Aliás, em certas situações apanhamos os gatunos em flagrante e quando os entregámos à polícia, um dia depois cruzamos com esses assaltantes nas ruas por alegada falta de prisões. Isto desencoraja atividade de cria de animais e, sobretudo, coloca as nossas vidas em perigo”, disse.

Por fim, sugeriu a criação de uma zona exclusiva de pastagem, evitando assim os frequentes conflitos entre criadores e agricultores. Também, considerou de importante a construção de espaços de retenção de águas de chuva para um longo tempo, evitando a migração em busca de zonas de sustento de gado.

Aliu Baldé

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