O paludismo, uma infeção causada por protozoários do género plasmodium, transmitida por mosquitos anófeles infetado, caraterizada por episódios de febre, calafrios e tremedeiras, constitui uma preocupação das autoridades sanitárias e não só.
Os casos aumentam, sobretudo na época chuvosa, por ser um período húmido, que favorece a sua reprodução em charcos e águas paradas. A sua presença no corpo provoca a destruição das hemácias (glóbulos vermelhos) e consequente anemia.
Sobre a situação, o Nô Pinrcha falou com o coordenador do Programa Nacional de Luta contra o Paludismo, José Ernesto Nante, que fez uma abordagem sobre a doença, explicando que não é qualquer mosquito que causa essa enfermidade. “Há um bicho chamado protozoário de tipo plasmódio, que é o agente causador”.
Mais adiante, esclareceu que, normalmente, o mosquito não alimenta de sangue. Na sua generalidade são fitófagos, o que quer dizer que alimentam mais de frutas.
Segundo a sua explicação, quando a fêmea ficar gravida, logo muda o seu hábito alimentar, passando a necessitar de sangue, através de vertebrados, para poder amadurecer os ovos.
“Em caso esse mosquito fêmea ficar infetada de plasmódio, quando pica uma pessoa, passa-lhe logo o plasmódio, que começa a circular no corrente sanguíneo, vai até ao fígado, onde consegue multiplicar-se e, mais tarde, começa a causar danos ao glóbulo vermelho, logo a pessoa começa a sentir febre alta, calafrio, entre outros sintomas”, esclareceu.
Por outro lado, revelou que, entre as espécies mais vulgar e mais temível na África Ocidental está o plasmódio falciparum, que pode até causar o paludismo cerebral.
Para fazer fase à situação, o Ministério da Saúde elaborou uma estratégia de luta contra a doença, com base num despacho do Conselho de Ministro, que garante a gratuitidade de diagnóstico e tratamento nos hospitais, assim como nos centros de saúde.
De igual modo, sublinhou que o Ministério de Saúde tem um programa denominado Luta Ante Vetorial, dentro do qual está contemplado a distribuição de Mosquiteiros Impregnados de Longa Duração de Ação (MILDA), que é tida como barreira física de proteção, que é distribuído três em três anos. Os restantes são afetados às crianças recém-nascidas logo nas primeiras vacinas, assim como às mulheres gravidas.
Ainda no âmbito de luta contra o paludismo, Nante destacou a formação do Agente de Saúde Comunitário, que são pessoas selecionadas pelas comunidades, para fazer diagnósticos nas suas respetivas localidades, e quando detetam um caso suspeito de paludismo encaminham a pessoa para o centro de saúde mais perto.
Por outro lado, lembrou que, entre outras medidas tomadas consta o saneamento do meio ambiente, onde é desencadeada um conjunto de ações que visam melhorar a qualidade de vida da população e estabelecer as regras para higiene individual, nomeadamente a limpeza de valetas, esgotos, ruas, entre outros.
Medidas adicionais
Além das medidas mencionadas, é celebrado também o 25 de abril, Dia Mundial de Luta Contra o Paludismo, onde o Ministério leva a cabo uma série de atividades, no sentido de despertar a consciência das pessoas sobre a doença.
Este ano, segundo José Nante, as celebrações foram assumidas pela Aliança de Lideres Africanos de Luta Contra Paludismo (ALMA), que é presidida pela Guiné-Bissau, na pessoa do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, com um mandato de dois anos.
Aquele responsável disse ainda que, o Ministério desenvolve uma educação para a mudança de comportamento, que é feita em todos os centros de saúde antes de consulta, com uma equipa que faz animação ou um briefing, dependendo do tema.
“Os centros de saúdes devem ter medicamentos para tratamento de paludismo, de contrário vão minar todos os esforços que estão sendo desenvolvidos para o combate à doença”, destacou.
Nante sublinhou que está em perspetiva a realização de uma campanha de peso de vacinação contra o paludismo, cuja primeira experiência foi feita em três países africanos, onde teve bons resultados.
Nessa vacina, a Guiné-Bissau ainda não está contemplada, por não ter feito a estratificação a modelo da Organização Mundial de Saúde (OMS)”, disse.
Como solução, sublinhou que o país tem ainda a possibilidade de beneficiar dessa vacina, através da India, mesmo não obedecendo os critérios estabelecidos pela OMS, porque esse país produziu uma quantia suficiente.
Desbloqueamento de fundos
José Ernesto Nante entendeu que, a resposta para problemas do setor de saúde não reside tão-somente no Orçamento Geral de Estado, porque o país beneficia de uma verba que é atribuída pelo Fundo Mundial. Esse fundo é suficiente para fazer face aos problemas do setor. “O que acontece é que o dinheiro não é alocado diretamente ao Ministério de Saúde, mas sim a um terceiro, o qual dita as suas regras que ninguém percebe”.
Lembrou que a Guiné-Bissau é o único país que esse fundo não está ligado ao Ministério da Saúde. Neste sentido, apelou ao novo Governo, para fazer o finca-pé, para que esse dinheiro passa a ser gerido pelas autoridades nacionais, com intuito de resolver vários problemas que o país se depara.
Elci Pereira Dias