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Dia da Vitória: “Façanha imortal dos nossos avós e bisavós continua inspirar os defensores da Pátria”

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Celebra-se hoje, 9 de maio, os 80 anos da vitória das potências aliadas sobre Alemanha nazista. Para o efeito, o embaixador da Rússia em Bissau, Alexander R. Egorov, concedeu uma entrevista ao Nô Pintcha, na qual lembrou que esta conquista lançou os alicerces da presente ordem mundial, cuja pedra angular continua a ser a Organização das Nações Unidas (ONU) junto com a sua Carta. Igualmente, falou, entre outros, do significado dessa vitória para a independência dos países africanos.

Na íntegra, o conteúdo da entrevista.

Senhor embaixador, 80 anos passaram desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Na sua ótica, qual é, hoje em dia, o significado da vitória das potências aliadas neste conflito inédito?

A 9 de Maio de 1945 entrou em vigor o Instrumento de rendição incondicional da Alemanha nazista, marcando o fim da guerra mais sangrenta e mortífera na história da humanidade. A União Soviética, o país que suportou o maior peso da luta contra o nazismo, pagou a vitória com a vida de mais de 26 milhões de pessoas. Todas as famílias do nosso país têm a sua própria e única história de participação na Grande Guerra Patriótica, como esta tem sido chamada na antiga União Soviética, pelo que a memória dos acontecimentos de 1941-1945 está a ser cuidadosamente preservada. A façanha dos nossos avós e bisavós, que defenderam o direito da humanidade à vida, à liberdade e ao desenvolvimento independente, serve de modelo de espírito indomável, de verdadeira coragem e de devoção sem limite à Pátria. Estes são os ideais na base dos quais as gerações jovens na Rússia continuam a ser crescidas.

Nós lembramos que foi a derrota da Alemanha nazista e do Japão militarista pelas potências aliadas que lançou os alicerces da presente ordem mundial, cuja pedra angular continua a ser a Organização das Nações Unidas junto com a sua Carta. O estabelecimento dos princípios da cooperação internacional, da resolução pacífica de litígios, da igualdade soberana e da livre escolha das vias de desenvolvimento nacional permitiu consolidar ainda mais os direitos humanos e as liberdades a nível mundial, bem como fundamentar a posterior independência dos países e povos sob o jugo colonial.

Será que esses princípios estão atualmente a ser postos à prova, sobretudo no que se refere ao aumento significativo  de conflitos internacionais?

É mesmo assim. Infelizmente, hoje em dia nem todos os países que outrora uniram as suas fileiras na luta contra a praga nazista dão prioridade à manutenção da paz e da segurança internacionais, esquecendo-se das causas mais profundas da Segunda Guerra Mundial a favor de interesses oportunistas de dominação.

O exemplo marcante disso é a crise ucraniana, conflito provocado, em grande medida, por forças externas, cujo principal objetivo era enfraquecer a Rússia, arrastando o nosso povo irmão, ucranianos, com o qual vivemos como um só Estado até 1991, para o bloco da NATO. O regime neonazista que se instalou em Kiev na sequência do golpe de Estado em 2014, apoiado pelo tal chamado “Ocidente coletivo”, passou a propagar e impor a ideologia «antirrússia», restringindo o uso da língua russa, perseguindo a Igreja Ortodoxa canónica e profanando monumentos à nossa história comum. Reparem-se que as atuais autoridades ucranianas proibiram, há vários anos, a celebração do Dia da Vitória, ao mesmo tempo que têm glorificado os cúmplices de Hitler, tais como Stepan Bandera, contra quem os antepassados dos ucranianos que vivem hoje lutaram para defender a liberdade da nossa pátria comum.

Então, será que podemos constatar que hoje a Rússia está de novo na vanguarda da oposição às tendências nazistas?

Exato. O nosso país, os nossos cidadãos não podem ficar indiferentes quando as pessoas que falam a mesma língua e têm a mesma história, não só estão a ser perseguidas, mas acabam por ser vítimas da guerra. Como consequência, em Fevereiro de 2022, o presidente da Federação da Rússia, Vladimir Putin, viu-se obrigado a anunciar o lançamento da operação militar especial, cujos objetivos finais consistem na desmilitarização e a desnazificação do regime de Kiev. É de recordar que, no Outono do mesmo ano, as populações das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, bem como das regiões de Kherson e Zaporozhie, fizeram a sua escolha histórica, tal como os habitantes da Crimeia em 2014, decidindo o seu destino futuro a favor da reunificação com a Rússia.

Neste contexto, o feito dos nossos avós nos campos de batalha da Grande Guerra Patriótica não deixa de servir de modelo e inspirar os nossos combatentes. Tal como em 1943 os soldados soviéticos demonstraram ao mundo o heroísmo genuíno na batalha de Kursk, e hoje em dia os combatentes da operação militar especial estão a comprová-lo com a libertação da região russa de Kursk, concluída definitivamente no dia 26 de Abril.

Recordemos, entre outras, a operação “Potok” (Fluxo) que comoveu o mundo no início de março deste ano. Para libertar a cidade russa de Sudja, os combatentes percorreram 14 quilómetros através dum gasoduto subterrâneo, penetrando na retaguarda do inimigo e, depois disso, libertando 14 povoações da região ao longo de três dias.

Senhor embaixador, na sua opinião, qual é o significado da vitória na Segunda Guerra Mundial para a independência dos países africanos?

Como já constatei, após o fim da Segunda Guerra Mundial foi estabelecida a ONU. A comunidade mundial proclamou valores e princípios de comunicação internacional radicalmente novos, com destaque para a primazia da resolução de litígios por meios pacíficos. Esta foi a base da Declaração da Assembleia Geral das Nações Unidas de 1960 sobre a Concessão da Independência aos Países e Povos Coloniais, que, a propósito, foi incentivada pelo nosso país.

A disposição fundamental da Declaração era o apelo ao fim do colonialismo e de qualquer prática de segregação e discriminação. O passo constituiu uma demonstração do apoio da comunidade mundial às aspirações à liberdade dos povos escravizados.

Além disso, a derrota do nazismo alemão, do fascismo italiano e do militarismo japonês acelerou a queda de outros impérios coloniais e acabou por dar origem a dezenas de nações jovens, uma das quais foi a Guiné-Bissau, que, bem como no meu país, defendeu o seu direito à liberdade e à independência numa sangrenta luta armada. Tal como aqui, na Guiné-Bissau, os combatentes da liberdade da Pátria são especialmente honrados, nós, na Rússia, também sentimos uma gratidão eterna para com os veteranos da Grande Guerra Patriótica.

A intenção de muitos chefes de Estado estrangeiros de visitar Moscovo, a capital da nossa Pátria, no dia 9 de Maio, é uma confirmação clara da importância intransigente de preservar a memória histórica. O Presidente da República da Guiné-Bissau, Sua Excelência Senhor Umaro Sissoco Embaló, marcará a sua presença nas festividades por ocasião do 9 de Maio já pelo segundo ano consecutivo, facto que reflete a nossa visão comum tanto dos eventos de há 80 anos, como os da atualidade.

Pode-se esperar que os valores partilhados pelos nossos países e líderes contribuirão para o desenvolvimento progressivo das relações bilaterais russo-guineenses. Como é que está a avaliar o seu potencial?

Eu diria que os nossos laços históricos estão a ganhar força de maneira sustentável, dando espaço à concretização de numerosos projetos. Neste contexto, gostaria de relembrar que nos finais de fevereiro passado o Presidente da República efetuou uma visita de Estado à Federação da Rússia, que, a propósito, se tornou a sua quarta viagem ao nosso país, e logo ficou marcada pela assinatura de cinco (5) documentos bilaterais nas mais diversas áreas, nomeadamente economia, geologia, educação, ciência, entre outras.

As empresas russas manifestam grande interesse na exploração dos recursos minerais guineenses e na realização de vários projetos infraestruturais e de cariz social. No decorrer dos últimos meses os navios científicos russos, em conjunto com os peritos guineenses, fizeram trabalhos importantes de investigação e avaliação dos recursos haliêuticos da Guiné-Bissau. Sem dúvida, continuamos a desenvolver a nossa cooperação tradicional na área de formação dos quadros, tanto civis como militares, inclusive das estruturas de ordem pública.

A meu ver, esta interação contribui na maior medida para abertura do potencial do diálogo intercultural russo-guineense, incentivando o interesse mútuo dos cidadãos dos nossos países, e, no final das contas, consolidando os valores comuns de humanismo, amizade dos povos, igualdade de direitos e cooperação mutuamente vantajosa.

A Redação

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