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Turismo constitui fator de multiplicação de lixo em Bubaque

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O Setor de Bubaque, Arquipélago dos Bijagós, é um dos principais destinos turísticos do país. A zona é considerada maior reserva da biosfera, por ser atualmente a única com a variedade de espécies marinhos, como tartarugas, hipopótamos, golfinhos, entre outros.

Bubaque, a sede da administração, dispõe de um porto cais onde os barcos e outras embarcações atracam, embora encontrando-se num estado avançado de degradação, o que cria dificuldade na atracação. 

Dada a sua importância turística, Bubaque possuiu um aeroporto que recebe os voos esporádicos, provenientes, maioria das vezes, do senegal, para fins turísticos.

Bruce, onde se encontra uma das praias mais atraentes do país, é a única localidade que tem ligação com acidade por via terrestre, com uma distância de 18 quilómetros.

À semelhança de outras localidades do interior, Bubaque dispõe de atrativas infraestruturas, construídas na era colonial, nomeadamente mercado, edifícios públicos e museu.

Atualmente, todos esses imóveis se encontram num estado avançado de degradação, e as ruas praticamente intransitáveis, devido à erosão marinha, facto que está a minar a beleza da cidade, levando o abandono do antigo edifício do comité de Estado.

Turismo gera lixo

Falando da situação em que o setor está mergulhado, o secretário administrativo, Tchutchu António Cumprido, disse que Bubaque é um destino turístico, mas mesmo assim as dificuldades são enormes, e isso constitui uma grande preocupação para as autoridades.

Segundo ele, o turismo que poderia constituir vetor de desenvolvimento e gerar emprego, passou a ser a fonte de produção e de multiplicação de lixo em todas as localidades, dando uma tarefa pesada à administração.

Disse que o setor está quase inundado de garrafas, sacos plásticos, latas, entre outros resíduos sólidos, que são deitados nas ruas e praias em nome de turismo. “No entretanto, a administração não ganha nada, mas mesmo assim são obrigados a desencadear campanha de remoção de lixo em todas as localidades da ilha.

De acordo com o secretário administrativo, para os trabalhos da limpeza, contratam pessoas com parcos meios internos. “Tudo que é mal no setor, mesmo não sendo da competência da administração, somos considerados responsáveis, por isso, mesmo sem grandes meios, tentamos fazer algo, principalmente a remoção de lixo”.   

No seu ponto de vista, os maiores beneficiários com o turismo no setor são os proprietários dos hotéis, mas que recusam pagar furo anual de ocupação. “Fomos alvos, várias vezes, de ameaças por parte desses senhores, só porque exigimos que paguem aquilo que têm por obrigação de pagar.

Portanto, acrescentou, não somos respeitados, aliás, esta situação está evidenciada nos preços praticados nos hotéis, onde cada um fixa o valor que bem entender, mesmo sabendo que é exorbitante.

Tchutchu Cumprido disse, por outro lado, que pretendem fazer algumas intervenções nas diferentes praias, como por exemplo, a colocação de bancos e bangalós, mas devido à falta de meios financeiros não conseguiram levar avante esse projeto, que, certamente, vai trazer um novo visual.   

Salários ultrapassam receitas

O secretário administrativo surgiu contra a política de repartição de receita dos setores com o Ministério da Administração Territorial e as regiões. Segundo ele, essa situação tem dificultado a implementação de vários projetos de desenvolvimento, além de estar a contribuir no empobrecimento dos setores.

“As receitas provenientes de cobranças de cacifos e tabernas variam entre 300 a 400 mil francos CFA, valor que nem chega para pagar salários. Os ordenados pagos aos funcionários é de 500 mil francos, portanto, é nessas condições que estamos a trabalhar”, esclareceu. 

Tchutchu António Cumprido sublinhou que têm na manga vários projetos de desenvolvimento do setor, mas devido a esses fatores referenciados, torna-se difícil para não dizer impossível executá-los.

Disse que estão dispostos em acompanhar o Presidente da República na sua dinâmica de infraestruturação do país, mas dada a situação em que o setor está mergulhado, não estão em condições de o fazer como deveria ser feito.

A propósito, pediu ao Chefe de Estado a usar a sua magistratura para pôr fim a esta medida, porque prejudica, e  de que maneira, a administração. “Imagine, é através desses parcos recursos que apoiamos a esquadra da polícia, centro de saúde e outros serviços”.

Não obstante essas limitações financeiras, informou que estão a construir um salão de conferências, porque entenderam que uma localidade como Bubaque não pode ficar sem um espaço para grandes reuniões. 

Entretanto, Tchutchu Cumprido mostrou-se insatisfeito com o comportamento dos populares do setor que, para ele, é fora de comum, dando exemplo do mercado construído pelo Banco Mundial e União Europeia, onde há uns anos “tentamos forçar a entrada de pessoas no mercado, a situação foi usada como campo de batalha política. Para evitar as interpretações malignas, recuamos na nossa posição”.

Segundo Cumprido, as pessoas preferem vender no porto, em detrimento do mercado, o que não é bom quer para os vendedores, assim como para a população. “Vendem seus produtos no chão sem mínimas condições de higiene, aliás, além desse aspeto, também dá má imagem a própria cidade”.

Falta de colaboração institucional

Tchutchu António Cumprido disse que um outro fator de retrocesso e que está a constituir uma dor de cabeça para administração tem a ver com as delegacias de diferentes instituições estatais sedeadas no setor, que recusam pura e simplesmente pagar a contribuição de dez por cento à administração, de acordo com a lei.

Segundo ele, tentaram várias vezes convocar os delegados para os informar dessa medida, mas, infelizmente, continuam a não cumprir, com alegação de que não foram autorizadas pelos respetivos ministérios.

Para o secretário administrativo, esta situação deve ser resolvida, porque não é admissível esse tipo de comportamento entre as instituições do Estado. “Quando chegam no setor entregam a guia à administração para serem acreditados, isso significa que sabem dos seus deveres de contribuir pelo menos com alguma coisa para o funcionamento dos serviços administrativos”.

No seu entender, o governo deve intervir o mais rápido possível para pôr fim a esta situação, caso contrário, pode vir a gerar conflito, o que não abona para boa imagem do país.

Entretanto, Bubaque é uma das ilhas do Arquipélago dos Bijagós e, administrativamente, pertence à Região de Bolama. O setor tem uma superfície de 48 km2, e atualmente tem uma população estimada em cerca de 15 mil habitantes.

A ilha é conhecida por sua rica paisagem natural e praias e, também, possuiu uma floresta densa, portanto, é o conjunto dessas diversidades que a torna mais atrativa para diferentes tipos de turismo.

Alfredo Saminanco

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