No Porto de Canoa (também conhecido por Rampa), em Bissau, pode-se encontrar cidadãos de todas faixas etárias a viver “normalmente” em barracas improvisadas, um ambiente propício para a contração de doenças. Ali, muitos lutam pela sobrevivência, desenvolvendo atividade comercial e outras.
As condições habitacionais são péssimas, mas não fazem a diferença, porque todos estão habituados a conviver nesta situação, incluindo crianças, ignorando o risco que correm, sobretudo a contração de doenças como o paludismo, bastante frequente e que tem vitimado milhares de pessoas, além de possíveis picadas venenosas de répteis perigosos (cobras).
As barracas que o Nô Pintcha pude visitar, constatou-se que as mulheres e crianças dormem nas esteiras rente ao solo, algumas “residências” com vedação de chapas velhas, outras de cartas e retalhos, entretanto, substancias altamente flagráveis.
O local, por ser um porto de atracagem de pequenas embarcações, nomeadamente canoas a motor para a pesca artesanal e de transporte de pessoas do continente para a zona insular e vice-versa. No interior de algumas barracas, além de albergar pessoas, servem também para a arrecadação de combustível, constituindo um perigo eminente.
Por outro lado, é nas equinas dessas barracas que as mulheres fazem cozinha, utilizando carvão e lenha. Um eventual incêndio pode causar danos incalculáveis, pois, o fogo pode surgir não só da cozinha, mas também dos restos de cigarro que se deitam nos arredores.
Uma estação de venda de combustível está montada nessa rampa. Para quem não conhece esse local, fica situada no quintal das Alfândegas, separados apenas por muro de vedação.
O Nô Pintcha tentou, sem sucesso, ouvir os ocupantes sobre o seu quotidiano nesse local. Uns mostraram-se timidos, outros preferiram manter em segredo a realidade do local. Foram solicitados a falar em “off the record” e em anonimato, mesmo assim, remeteram-se em silêncio, com medo de eventuais retalhações.
Então, perante a timidez e medo de falar para o repórter, o profissional meteu todo o seu material dentro da mochila, passando a se divertir de forma amigável no sentido de obter algumas informações noticiáveis. Assim, falavam abertamente e sem recheios.
“Caro amigo, aqui faz muitos negócios que não podemos revelar tudo a um jornalista. Como pode constatar, bar ao lado, cacifos para atividade comercial, venda de produtos de pesca e não só, mas às noites o ambiente de negócio é bem diferente”, dizia um jovem sem entrar detalhes.
Informações não confirmadas dão conta que faz-se a prostituição nesse local, por um lado e, por outro, fala-se de venda e consumo de drogas nesse local.
Ao chegar ali, vê-se grupos de jovens com caraterísticas estranhas, sentados nas esquinas e outros a murmurarem dentro das barracas.
Porém, o local tem água canalizada, além de segurança permanente, através de instalação de uma Brigada Costeira, da Guarda Nacional.
Aliu Baldé