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Administração de Bambadinca aposta na parceria para superar dificuldades

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A vila de Bambadinca depara-se com falta de luz elétrica há mais de um ano, água potável, edifícios públicos em estado avançado de degradação, gabinetes sem mínimas condições e casas de banhos totalmente danificadas.

Além desta situação, regista-se também o aumento de conflito de posse de terra, envolvendo criadores de gado e agricultores.

Falando da situação, o administrador do Setor de Bambadinca reconheceu os desafios que pendem sobre seus ombros. “Herdei vários problemas, que só com esforço interno será difícil ultrapassá-los. Temos edifícios em vias de desabamento, ruas esburacadas e estrada principal degradada, isso para não falar de falta de computadores para os serviços administrativos,”.

Assana Camará disse que nesse momento está a entabular contactos com os parceiros para um possível estabelecimento de acordos, com o objetivo de responder os desafios com que Bambadinca depara nos últimos anos.

Informou que já está em curso os trabalhos de enchimento de algumas vias com aterro, isto para facilitar a circulação de viaturas e motos.

Em relação às orientações do governo em proibir a realização de lumu nas bermas de estrada, o administrador garantiu que estão a cumprir a pé de letra essas instruções, porque conseguiram deslocar o lumu de Bantandjam que era muito difícil, para um outro local e, de igual modo, estão a trabalhar para liberar as pessoas que vendem nos passeios.

Reabilitação do mercado

Assana Camará disse que quando foi nomeado para essas funções, encontrou o mercado central num estado muito crítico, com a cobertura escancarada, pavimentação danificada e balcões inapropriados, situação que lhe comoveu. De imediato, começou a desenvolver contactos com os filhos do setor que estão na diáspora.

Segundo ele, graças ao apoio desses emigrantes, foi possível reabilitar o mercado por completo, tendo sido melhorado as casas de banhos, intervenção essa que atribuiu o mercado as mínimas condições exigidas.

O administrador assegurou que se tudo correr como previsto, dentro de duas semanas, vão iniciar a pintura e a reorganização do mercado para permitir que os utentes não tenham dificuldade em fazer suas compras.

Depois do mercado, acrescentou, o passo seguinte consistirá na criação de um espaço verde, um lugar de lazer para os jovens em tempos livres e, ao mesmo tempo, vai ser adaptado para a realização de atividades culturais e recreativas.

Para manter a vila limpa, disse que foi criado um grupo de pessoas voluntárias que ocupam todas as semanas da limpeza das arteriais, incluindo o mercado. “Queremos Bambadinca diferente, por isso, envolvemos todas associações e organizações existentes nos trabalhos de limpeza”.

Nessa dinâmica de mudança de visual da cidade, o administrador disse que conseguiu acabar com o estacionamento de carros na estrada e nalguns lugares públicos, que outrora constituía dor de cabeça e ameaça a segurança rodoviária.

“Está a ser muito difícil levar avante os projetos, porque há pessoas que resistem a certas mudanças, tendo em conta seus hábitos. Tirar uma pessoa num lugar que costumava a praticar as suas atividades não é nada fácil, mas estamos a trabalhar em colaboração com todos para a materialização desses projetos, que no fundo visam o desenvolvimento do setor”, elucidou.

Central fotovoltaica

Segundo o administrador, há uns anos Bambadinca tinha beneficiado de um projeto de energia solar, denominado Programa Comunitário para Acesso à Energia Renovável, que sustentava mais de três mil famílias. 

Para o seu funcionamento, Assana Camará disse que foram capacitadas a Associação Comunitária de Desenvolvimento do Setor e um conselho de população local para assumir a gestão e a manutenção dessa infraestrutura.

Camará disse que tudo começou bem, tendo sido sensibilizada a população local sobre como utilizar eletricidade de forma eficiente e segura. Mas com tempo “explodiu” um conflito de interesse entre os funcionários, e desde então a central deixou de funcionar.

De acordo com aquele responsável, devido a esse problema, a central está parada desde de 2023, facto que lhe leva a concluir que foi danificada pelos próprios funcionários com a cumplicidade de algumas pessoas em Bambadinca.

Disse que depois de assumir as funções, convocou os elementos da sociedade civil local para trabalharem em sintonia e discutir sobre a situação da central, mas desde desse encontro, nunca mais foi contactado e não sabe o que está acontecer com aquela organização.

“Agora a nossa esperança está na luz da OMVG, porque a outra já não conta, e ninguém comenta. Sinceramente, há sempre pessoas que opõem ao desenvolvimento”, observou. 

Conflito entre criadores de gado e agricultores

O administrador do Setor de Bambadinca confessou que os problemas mais frequentes na zona estão relacionados aos conflitos entre os criadores de gado e agricultores.

“Como autoridade, estamos a trabalhar para diminuir esses diferendos, através do projeto de gestão de conflitos relacionados com o pastoralismo e transumância, situação que já provocou perda de vidas”, disse.

Por outro lado, disse que as alterações climáticas contribuíram na redução drástica das chuvas e, consequentemente, lugares de pasto, o que tem acelerado ainda mais os conflitos entre partes.

Assana Camará informou que vai promover um encontro com as partes para a criação de zonas de pastagem.

Reconheceu que os criadores de gado passam muito sacrifício com os seus animais, porque para conseguir água percorrem dezenas de quilómetros, situação que muitas vezes facilita os ataques de ladrões.

Retalhistas insatisfeitas

Fatumata Baldé, retalhista, desacorda com o procedimento da administração, no que diz respeito à cobrança do mercado. Segundo ela, há certas pessoas que não pagam, violando assim as regras.

Além disso, de acordo com essa senhora, os fiscais fazem acompanhar de agentes de segurança, situação que considerou de abuso de autoridade. “Não estamos satisfeitos com o comportamento da administração. Somos maiores fazedoras de receitas para o Estado, pelo que merecemos um tratamento digno. Reconhecemos que o mercado é uma instituição pública, mas também merecemos respeito”.

Uma outra situação que Fatumata Baldé contestou foi o encerramento do portão principal do mercado, que facilita o acesso direto ao interior. Para ela, o melhor seria deixar todos os portões abertos, “mas até então não dignaram em responder o pedido, comportamento que consideramos de desumano”.

Assegurou que estão dispostas a colaborar com o Comité de Estado no que tem a ver com a cobrança do mercado.

Por sua vez, a presidente das mulheres retalhistas, Linda Nhima Candé, disse que as vendedeiras de Bambadinca nunca beneficiaram de apoio de Estado ou de algumas organizações. “O Estado não deve subestimar a nossa atividade, pode ser pequena, mas contribuímos no processo de desenvolvimento do país, além de asseguramos o sustento de famílias. Pagamos escolas dos nossos filhos que amanhã vão servir a Guiné-Bissau”, sublinhou.

No seu ponto de vista, há uma descriminação demasiada das mulheres em relação aos homens no que se refere às atividades económicas. Segundo ela, nunca beneficiaram de crédito, afirmando que as mulheres de Bambadinca são pioneiras no exercício de atividades económicas, pelo que merecem apoio e cuidado especial.

Alfredo Saminanco

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