O crescimento populacional registado nas últimas décadas no Setor de Bissorã, Região de Oio, ultrapassou de longe a capacidade de resposta do centro de saúde local, uma situação que inquieta as autoridades sanitárias e a população.
De acordo com o censo de 2009, o Setor de Bissorã tem uma população calculada em mais de 60 mil habitantes. Perante esta realidade, o centro precisa de ser ampliado para poder estar à altura dos desafios sanitários da zona. Acresce a esse facto, a insuficiência de técnicos e a falta de eletricidade.
O centro conta com quatro médicos, dos quais apenas dois prestam serviço, seis enfermeiros, um farmacêutico, dois técnicos de laboratório e duas parteiras.
O centro é de tipo B, que contempla serviços de laboratório, maternidade, TB (Tratamento de tuberculose), enfermaria, pequena cirurgia e tratamento de VIH Sida. No entanto, esse estabelecimento sanitário foi construído tendo em conta o número da população na altura, mas, atualmente, Bisorã tornou-se o setor mais populoso da Guiné-Bissau.
Devido à falta de espaço, é vulgar ver os pacientes sentados em cima de muro à espera de consulta, assim como tendas montadas no recinto pelos acompanhantes dos doentes internados.
Capacidade de resposta
O diretor do Centro de Saúde de Bissorã, Justino António Pereira, reconheceu que aquele estabelecimento hospitalar não tem condições para cobrir o setor no seu todo, porque o número da população ultrapassou de longe a capacidade de resposta dessa unidade de saúde, pelo que é necessário a sua ampliação para poder corresponder às expectativas da comunidade.
Segundo aquele responsável, há casos que podem ser tratados a nível do centro, mas dada a sua categoria, são obrigados a transferi-los para outros centros mais especializados.
“Como é sabido que quase 70 por cento da população vive na pobreza extrema, então quando o paciente é informado que a sua doença não tem tratamento local só em Mansoa ou Bissau, esse acaba por optar pela medicina tradicional, devido à falta de meios”, elucidou.
Segundo Justino Pereira, o centro dispõe de 14 camas para o internamento, sendo sete na enfermaria e outra metade na pediatria, um número relativamente inferior para cobrir as necessidades.
“Chega o dia em que recebemos mais de 20 pacientes que precisam de internamento, mas por falta de camas somos obrigados a mandá-los para casa ou para outros centros de saúde”, disse.
Para minimizar a situação, disse o diretor do centro, a Associação de Filhos de Bissorã, por iniciativa própria, decidiram apoiar na construção de alguns pavilhões, mas, infelizmente, não foi concluída, devido à falta de fundos.
Para responder os desafios sanitários da zona, o diretor disse que o centro precisa de bloco operatório, para cirurgia geral, assim como aparelho de hemograma com respetivos reagentes ou então quimixame, que permite fazer diferentes tipos de análises e máquina de ecografia.
“Como médico, sinto-me mal, vendo os pacientes com problemas que podem ser atendidos no centro a serem transferidos para outras zonas, dada a nossa limitação baseada nos parões estabelecidos. Aliás, é uma situação que deixa qualquer técnico de saúde triste, porque juramos salvar vidas”, lamentou.
A finalizar, o diretor enalteceu o esforça da associação local e de comunidade em geral, pelo apoio que tem vindo a dar ao centro.
Alfredo Saminanco