Jeta foi o palco, no dia 28 de dezembro, da primeira edição do festival cultural denominado PSAP, organizada pela Associação de Filhos daquela ilha, e foi financiada por empresário Adelino Abukusack da Kosta.
A realização desse evento, segundo os organizadores, é forma mais subtil de pedir desculpa pelo distanciamento e abandono às origens. Portanto, essa manifestação cultura servirá de caminho para incentivar e encorajar todos os filhos de Jeta que vivem no mundo fora para voltar a procedência.
Os momentos que antecederam o início das atividades foram marcados com receção calorosa da delegação, chefiado pelo patrocinador do festival, com animação de diferentes grupos culturais e demonstração de alguns rituais, principalmente de som místico de “bombolom”, dança espiritual, que foi assistida pelo régulo, assim como apresentação de cakit uran, que significa afirmação da força e capacidade juvenil.
Para retribuir alegria que os organizadores lhes proporcionaram, os populares da Ilha de Jeta presentearam a delegação com panos de pente, que simboliza a tradição da etnia manjaca.
Ainda para demonstrar a intatilidade e a virgindade da cultura e tradição, no espaço onde decorreu o festival, as barracas todas foram construídas com troncos de árvores e cobertas com ramos de palmeiras, e a comida que foi servida aos hóspedes também foi feita a maneira tradicional.
O festival não só serviu para resgatar a cultura e a identidade daquele povo, também serviu para convidar o mundo a visitar o potencial turístico que aquela ilha oferece e, por outro lado, despertar a atenção das autoridades nacionais sobre aquela zona, que tanto precisa de apoio e de investimento.
Em declaração à imprensa, Miguel Mendes, em representação do ministro do Turismo e Artesanato, informou que o Governo já instituiu uma comissão público-privada para a promoção de eventos turísticos e culturais no país.
No seu ponto de vista, a Guiné-Bissau não deve apenas limitar-se a participar em feiras internacionais, mas deve, também, por iniciativas nacionais, promover os valores turísticos, razão pela qual perspetiva-se a institucionalização de uma feira ou salão turístico para exposição dos valores culturais e turísticos nacionais.
Miguel Mendes disse que a referida iniciativa, na primeira fase, vai ser realizada em oito regiões administrativas do país, que terminará com a organização de uma feira internacional que vai contar com a participação de operadores turísticos estrangeiros e investidores.
Por seu lado, a governadora da Região de Cacheu, Honorina Vasconcelos, convidou os filhos de Jeta que se encontram na diáspora para investir na ilha e contribuir para o desenvolvimento da zona, à semelhança daquilo que tem feito Adelino da Kosta.
Por esta razão, a governadora pediu a união de todas as etnias do país, no sentido de trabalhar em prol do desenvolvimento e preservação das culturas, à semelhança dos filhos da Ilha de Jeta.
Visivelmente emocionado com calor humano, o Big Boss do festival, Adelino Abukusack da Kosta, disse que o futuro da ilha está nas mãos dos jovens e, nessa logica, defendeu o retorno às origens após um longo percurso em procura de melhores condições de vida.
Segundo ele, foi nessa base que denominaram essa primeira edição do festival cultural de PSAP, que significa lembrar o passado ou reviver a tradição. “Ninguém cresce sem no entanto valorizar a sua identidade”.
“Decidi voltar à origem, porque entendi que estou sozinho no mundo e há respostas que preciso de encontrar para poder estar tranquilo com a minha própria consciência. Neste sentido, lanço um vibrante apelo a todos outros emigrantes manjacos para fazer o mesmo”, destacou.
Prometeu que, enquanto estiver sã, vai tudo fazer para institucionalizar a data de 28 de dezembro, como Dia do Festival Cultural PSAP.
Por sua vez, o régulo de Jeta, Fernando Pereira, agradeceu os promotores do evento e manifestou a sua disponibilidade de abraçar essa iniciativa.
De salientar que no festival concorreram três grupos culturais, a saber, Pidjat, Prit e Ksset, e no final, cada u recebeu 200 mil francos CFA como prémio de gratificação.
Alfredo Saminanco