A cidade de Bissorã, Região de Oio, norte do país, dispõe de uma central fotovoltaica, com capacidade de produzir 800 KW, construída em 2017, com o financiamento da União Económica e Monetária Oeste Africano (UEMOA).
A central tem uma rede de baixa tensão de onze quilómetros e meio e a de alta tensão é de três quilómetros e meio. Portanto, tem a capacidade de abastecer toda a cidade, mas devido à falta de transparência, falha na execução do projeto, assim como na sua gestão, levou-a numa situação de disfuncionalidade, porque não consegue dar luz à toda a cidade de Bissorã.
Aliás nesses últimos tempos, a cidade tem mergulhada numa escuridão, devido à avaria de numa placa, cuja peça não se encontra no mercado interno, porque já não se fabrica, sendo única solução é solicitar o país fabricante para encomendar outra nova. Caso contrário, a central não estará em condições de funcionar.
Constata-se que depois de finalização dos trabalhos da construção, a central ficou mais de um ano sem funcionar e sem nenhuma proteção, situação que provocou danos irreparáveis nalguns painéis, e os dois grupos de geradores adquiridos para sustentar baterias, com capacidades de mais de 400 mil amperes, não conseguem alimentá-las suficientemente.
Uma outra falha tem a ver com a falta de aparelhos de ar condicionado nas zonas reservadas às baterias, o que também acabou por contribuir na sua degradação.
De acordo com as informações apuradas no terreno, a produção dessa central é superior às necessidades da população da cidade em termos de energia, mas foi mal aproveitada, e agora nem 10 por cento consegue cobrir.
Falta de seguimento
Falando da situação da central, o secretário administrativo do Setor de Bissorã, Chamsidine Turé, sublinhou que o facto tem a ver, sem sombra de dúvidas, com a falta de seguimento por parte das autoridades nacionais na execução do projeto.
Turé afirmou, por outro lado, que a situação da central é inaceitável, pois a falha aconteceu desde o início do projeto e não agora, porque, segundo ele, se tivesse sido feito um bom trabalho no começo, certamente não teria esses problemas. “É maior central fotovoltaico a nível do país. Infelizmente, não correspondeu com à expectativa e todo o dinheiro gasto foi em vão, devido à falta de responsabilização de pessoas pelos seus erros”.
De acordo com as explicações do secretário administrativo, até aqui não se sabe quem foi o responsável, se é o governo, empresa ou a entidade financiadora, porque todos remeteram-se em silêncio total. “Pelo que sei, esse projeto foi financiado em mais de um bilhão de francos CFA, facto de lamentar”.
No seu ponto de vista, não se pode falar no desenvolvimento de um setor ou país onde a luz elétrica ainda continua a ser grande problema, como é caso de Bissorã, que, neste momento, não tem luz há alguns meses.
Para não ficar dependente da central fotovoltaico, a administração local está a entabular contactos com uma outra empresa para o fornecimento de luz elétrica.
Por seu lado, o delegado da energia, Leonardo Banjaque, confirmou que os problemas da central iniciaram desde o começo, por causa de avaria de vários componentes, reduzindo assim a capacidade de abastecimento, facto que os levava a fornecer luz de uma forma faseada.
Segundo aquele técnico, foi desde essa altura que a central começou a funcionar com enormes dificuldades, situação que veio a agravar-se até a paralisação completa, desde agosto passado.
Alfredo Saminanco