Recentemente (23 de Julho), foi lançada na Guiné-Bissau o Centro de Estudo e Pesquisa sobre Género e Família (CEPEGF-GB), um compromisso e sonho levado a cabo, pelo sei que, por três jovens Mulheres e académicas (Naentrem Sanca, Janica Ndela e Manuela Pereira).
Acredito que contribuíram mais pessoas nesse processo. Naentrem é quem, pelo que percebi, está a frente do Centro, ou seja, a Coordenadora atual e também foi quem me falou da possível existência de um Centro de Estudo sobre Género e Família na Guiné-Bissau.
Empolgado fiquei quando ouvi isso da sua parte. O país, certamente, que tem muito a ganhar com qualquer centro de estudo que venha impulsionar mais conhecimento e mudança de mentalidade, principalmente protagonizado por
jovens. E é nesse sentido que a importância académica e científica do género na sociedade guineense reforça, de alguma forma, esse ganho. Pois, estamos, praticamente, todos distraídos com assuntos que não nos dignificam enquanto Estado.
Portanto, o surgimento de um Centro de Estudo e Pesquisa sobre Género e Família numa altura em que possuímos poucas Universidades na Guiné-Bissau, a comparar com os países vizinhos, e sem nenhuma universidade digna desse nome nas regiões do país, tendo uma única universidade pública já há meio século de existência enquanto uma Nação livre e independente, e essa única universidade pública funciona a meio gás por motivos de ausência de pagamento dos salários, reforma no sistema educativo (no seu todo) e outras situações que continuam a tornar os nossos estudantes mais fracos em relação aos estudantes dos países de sub-região, é e será um motivo de orgulho e um acordar da consciência de todos os que trabalham nas áreas de produção de conhecimento e na formação de novos quadros na Guiné-Bissau, independentemente da instituição, seja ela privada ou pública.
Ao Centro, que tem como premissa “materialização e internacionalização dos estudos de Género (e família) na Guiné-Bissau, estabelecendo-se como um espaço dinâmico de colaboração de investigadores e de pesquisa, promovendo a recolha, o processamento, a análise e divulgação de dados sobre as problemáticas de género na Guiné-Bissau”, tem de assumir um caminho de congregação de todos os atores universitários, como por exemplo, reitores, professores, investigadores, professores-investigadores e estudantes, no sentido de procurar saber onde estamos perante a investigação (sobre género e Família) na Guiné-Bissau, que tipo de conhecimento têm os estudantes sobre género e família e como investigar essas temáticas nas nossas comunidades adentro e dignamente partilhar esses resultados de investigação para o mundo.
Assim, é possível, de alguma forma conseguir materializar e internacionalizar esse compromisso que se transformou de um sonho partilhado de uma geração comprometida com o conhecimento e mudança de mentalidade na Guiné-Bissau. Pois, as questões de género e família são poucas vezes estudadas, o que demonstra um desafio enorme para o Centro de modo a revolucionar esse campo de estudo no país.
Mais do que nunca, é preciso cada vez mais surgir com desafios que possam contrariar a atual (e continua) situação em que estamos, de falta valorização do conhecimento e ações em prol da mudança de mentalidade.
Mamadu Alimo Djaló - Cozinheiro, Sociólogo e Poeta, Idealizador do Projeto Muntu - Contrariar o Machismo