O Ministério Público e as autoridades sanitárias apresentaram no dia 1 de julho aos órgãos de comunicação social 11 cadáveres que se encontram há mais de dois anos na morgue do Hospital Simão Mendes, em Bissau, cujos corpos nunca foram reclamados por nenhuma pessoa de família.
Durante o ato da apresentação destes corpos, o médico de Medicina Legal, Abubacar Camará, pediu ao Ministério Público (MP) e à Polícia Judiciária (PJ) no sentido de ordenarem a retirada desses cadáveres o mais depressa possível, porque a referida câmara frigorífica encontra-se superlotada.
Este técnico de saúde disse que o necrotério tem capacidade para albergar nove cadáveres e que, neste momento, existem 32 defuntos que se encontram amontoados uns em cima de outros.
Questionado sobre o tempo máximo que os corpos deveriam estar na morgue, Abubacar Camará afirmou que é num máximo de duas semanas, havendo cadáveres cujos familiares desejam sepultar os seus entes queridos nas suas tabancas, por exemplo, em Calequisse, Bassaré, Pelundo e outras localidades do país mas não veem como fazê-lo, pois está tudo à espera pela abertura das estradas que estão interditas por decreto governamental devido à pandemia da Covid-19 no país.
Por seu turno, o coordenador da Vara Crime do Ministério Público explicou que não é a primeira que este encontro é realizado, pois a sua instituição tem colaborado com este hospital na realização de funerais de pessoas cujos familiares não aparecem para levar os restos mortais das mesmas.
Herculano Domingos da Silva disse que a sua instituição sempre respondeu presente às solicitações do Hospital Nacional Simão Mendes para a retirada de corpos não reclamados.
“O que aconteceu, no princípio desta história, é que o país estava num processo da realização de eleições presidenciais e legislativas, onde a nossa instituição teve algo a dizer no referido processo, o que contribuiu para que estes corpos não tenham sido sepultados.”
Herculano Silva acrescentou, ainda, que depois do processo eleitoral o país mergulhou repentinamente na pandemia do coronavírus que complicou outra vez a realização dos funerais destas pessoas.
Herculano aproveitou a ocasião para apelar a todas as pessoas que, eventualmente, não sabem do paradeiro de um membro de sua família, que devem dirigir-se ao Hospital Simão Mendes para verificarem se os cadáveres que ali se encontram depositados se são sua família ou não.
Por: Fulgêncio Mendes Borges